uma dupla mágica mas sem rodagem e com dúvidas em Paris

MIGUEL MEDINA

Rafael Nadal e Carlos Alcaraz vão em procura do ouro nas duplas em Paris-2024

Miguel MEDINA

Um ‘rabi’ que vem adiando sua aposentadoria e um sucessor que não esconde a míngua de glória: Rafael Nadal e Carlos Alcaraz formam uma dupla estelar em Paris, mas com pouco treino conjunto e dúvidas sobre o físico do maiorquino na preparação para o tênis olímpico que promete batalhas memoráveis.

Com 22 títulos de Grand Slam e na reta final da curso, Nadal é o ‘professor’ que proporciona a sabedoria que os anos trazem.

Ao seu lado, Alcaraz tem um repertório de tênis digno do seu predecessor mas recarregado com a vigor dos 21 anos, aos quais chega com 4 títulos de Grand Slams.

Todo um repertório que os classificaria uma vez que favoritos ao ouro no saibro de Roland Garros, ‘lar’ de Nadal – vencedor de 14 títulos – e que coroou Alcaraz pela primeira vez em junho. Porém, a falta de jogo conjunto e a segmento física de Nadal esfriam a euforia dos torcedores.

“Entendo a curiosidade, a emoção de nos ver jogar juntos, não vamos pensar que isso se traduz em sucesso”, disse Nadal esta semana, em tom reflexivo. Alcaraz acenou com a cabeça ao veterano, mas sem extinguir o sorriso.

– Dores no adutor –

À falta de rodagem se soma o extremo desvelo que requer o físico de Nadal, que não treinou nesta quinta-feira.

“Ele sentiu um desconforto ontem [quarta-feira] de manhã (…) e antes que piorasse foi sentenciado que ele parasse”, explicou seu treinador Carlos Moyá em entrevista à Rádio Pátrio espanhola.

“Não forçar por enquanto e dar tempo para ver se ele se recupera muito. Veremos em que condições ele estará amanhã e sábado”, acrescentou Moyá, que não pôde confirmar “nem que não vai jogar nem que ele vai jogar” em Paris.

A dupla estreia nos Jogos Olímpicos contra os argentinos Sumo González e Andrés Molteni, sextos colocados na pré-classificação.

Antes de enfrentar os rivais, Nadal reconheceu que “a quadra ajuda um pouco”, porque dá a opção de edificar a partir do fundo. Alcaraz iniciará sua trajetória olímpica sozinho contra o libanês Hady Habib, enquanto Nadal terá pela frente o húngaro Marton Fucsovics (83º). Mas com o bônus de um provável confronto na segunda rodada contra um de seus arquirrivais, o sérvio Novak Djokovic.

– Tão parecidos, tão diferentes –

A força física e a ‘garra’ sem término, além da possibilidade de redefinir os movimentos técnicos do tênis sem perder a precisão, tudo isso coincide na dupla espanhola.

No entanto, Alcaraz está longe de ser uma transcrição do seu predecessor.

“Tem se falado muito que o jogo dele tem elementos de Roger, Rafa e meus. Eu concordo. Acho que ele tem o melhor dos três”, disse o próprio Djokovic depois ser derrotado na final de Wimbledon no ano pretérito.

“Para ser sincero, nunca joguei contra um jogador uma vez que ele. Roger e Rafa obviamente têm seus pontos fortes e fracos. Carlos é um jogador muito completo e tem uma incrível capacidade de adaptação”, acrescentou a mito sérvia.

Fora da quadra, a dupla espanhola já conquistou o título de esportistas mais cobiçados pelos demais atletas da Vila Olímpica de Paris.

“Ser tão bons atletas quanto boas pessoas é um pouco que valorizo muito”, disse nesta quarta-feira David Ferrer, um dos treinadores da equipe espanhola, lembrando os 45 minutos que o jantar da delegação foi posposto devido à atenção dos dois tenistas aos pedidos de ‘selfies’ e fotos nos corredores da Vila Olímpica.

Nadal tem em sua galeria pessoal uma medalha de ouro em simples, em Pequim-2008, e outro ouro em duplas, ao lado de Marc López na Rio-2016.

Alcaraz procura ocupar a ‘dobradinha’ em Paris… se o físico de Nadal permitir.

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