
Vini Jr. reabre debate sobre racismo na Espanha ao sugerir Copa de 2030 fora do país
O atacante Vinícius Júnior, se prepara para cobrar um pênalti durante a partida do Campeonato Espanhol entre UD Las Palmas e Real Madrid, no estádio Gran Canaria, em Las Palmas de Gran Canaria, no dia 29 de agosto de 2024
Cesar Manso
O brasiliano Vinícius Júnior provocou polêmica na Espanha ao sugerir que o país deveria ser retirado da organização da Despensa do Mundo de 2030, evento que será realizado em conjunto com Marrocos e Portugal, caso não haja progressos contra o racismo nos estádios espanhóis.
Entrevistado pelo meio de televisão americano CNN, a estrela do Real Madrid, que foi escopo de insultos racistas em várias ocasiões em partidas do Campeonato Espanhol, declarou que são necessários mais esforços para mudar a mentalidade da sociedade espanhola.
“Até 2030, as pessoas têm uma margem muito ampla para evoluir, e espero que a Espanha possa evoluir e compreender até que ponto é grave insultar uma pessoa pela cor de sua pele”, afirmou o atacante.
Acrescentou ainda que se “até 2030 as coisas não evoluírem (…) será necessário mudar de lugar”, pois não é recomendável realizar a competição em solo espanhol “se um jogador não se sentir confortável ou não sentir crédito em jogar em um país no qual pode tolerar racismo”.
As declarações provocaram fortes reações na Espanha, onde muitos consideraram um excesso o pedido de retirada da sede e afirmaram que os incidentes ocorridos com o jogador do Real Madrid são isolados.
“A Espanha não é um país racista” e “não merece que lhe tirem a Despensa do Mundo”, respondeu em entrevista coletiva o zagueiro da seleção espanhola Dani Carvajal, companheiro do brasiliano no time merengue.
“Eu sei o que Vinícius sofre e nós o apoiamos tanto internamente quanto publicamente”, mas “a Liga está melhorando e protocolos estão sendo desenvolvidos para que esses loucos não possam retornar aos eventos esportivos”, declarou.
O técnico da seleção espanhola, Luis de la Fuente, corroborou a opinião de Carvajal. “Sempre há uma pessoa indesejável, simples. Mas insisto: a Espanha não é racista e é um exemplo que muitos países devem olhar. Com Marrocos e Portugal, a Despensa do Mundo será um evento único”, respondeu.
O prefeito de Madri, o conservador José Luis Martínez Almeida, pediu a Vini Jr. que se “retificasse imediatamente estas declarações”. “É profundamente injusto com a Espanha e particularmente com Madri proferir que somos uma sociedade racista”, acrescentou.
Nesta quinta-feira (5), o jornal Mundo Deportivo considerou que o desportista “foi longe demais” e sugeriu que muitos jogadores negros não são escopo de insultos racistas.
Figura de destaque na luta contra o racismo no futebol, Vini Jr. foi escopo de insultos racistas em uma partida em Valencia em maio de 2023, que causou um escândalo internacional, e resultou na pena de três torcedores do clube a oito meses de prisão.