Triatlo olímpico, mais dúvidas do que certezas

Lionel BONAVENTURE

O dilação do triatlo olímpico masculino de terça para quarta-feira (30 e 31) levanta grandes questões: por que os organizadores não planejaram um sítio mútuo? Qual é o impacto esportivo? Quais as consequências em termos de imagem para Paris, que fez da qualidade da chuva do rio Sena um dos argumentos de marketing dos Jogos Olímpicos?

. Por que não pode ser prorrogado para além de sexta-feira?

Se um novo dilação for feito para as provas femininas e masculinas de quarta-feira, programadas para as 3h00 e 5h45 (ambas no horário de Brasília), só seria verosímil na sexta-feira (2).

“Normalmente, é tempo mais que suficiente para decorrer um triatlo”, declarou à AFP o diretor técnico pátrio da Federação Francesa de Triatlo, Benjamin Maze, apesar de “um calendário bastante apertado” e falta de horários alternativos.

Projetada no coração da capital, nas proximidades de diversas instalações olímpicas, a rota do ciclismo do triatlo passará por segmento da avenida Champs-Elysées, o que afetará o trânsito na dimensão.

As provas de maratona aquática (10 km) também acontecerão no Sena na próxima semana, nos dias 8 e 9 de agosto.

. Por que um sítio mútuo não foi considerado?

Os organizadores escolheram o estádio náutico de Vaires-sur-Marne (fora da capital), utilizado para o remo e a canoagem slalom, porquê projecto B para a maratona aquática.

O sítio não foi levado em consideração para a realização do triatlo, visto que o espaço não acomoda com facilidade o ciclismo e a corrida.

“Planejar outro sítio custa milhões de euros a mais e muita mão de obra”, disse à AFP o coadunado da Prefeitura de Paris para os Jogos Olímpicos, Pierre Rabadan.

. O triatlo será transformado em biatlo?

Porquê último recurso, o triatlo pode deixar de ter sua segmento de natação e ser transformado em biatlo (sequência de corrida, ciclismo e corrida).

Foi o caso do revezamento misto em um teste para os Jogos no ano pretérito, em Paris, e para o Campeonato Europeu de 2023 em Madri, devido às más condições do tempo.

Mas uma mudança tão drástica seria rara nos Jogos Olímpicos.

A opção também não é apoiada na França. “Fazer um duatlo está fora de questão”, disse o diretor técnico da Federação Francesa de Triatlo.

. Quais são as consequências para o esporte?

Deixar o triatlo sem a natação seria uma péssima notícia para os franceses, que se destacam nesta modalidade. Sobretudo no masculino com Dorian Coninx, Léo Bergère e Pierre Le Corre, que contam com a natação para vencer os dois melhores corredores do volta, o britânico Alex Yee e o neozelandês Hayden Wilde.

“Mesmo os triatletas que podem ter uma vantagem não querem praticar duatlo”, insiste Maze. “Temos que ser sérios e respeitosos com os atletas, assim porquê com os espectadores, e oferecer-lhes um triatlo”.

. Quais são as consequências em termos de imagem?

Qualquer mudança nas provas de triatlo seria um revés tanto para os organizadores porquê para as autoridades, em privativo a Prefeitura de Paris.

O governo e as autoridades locais parisienses investiram 1,4 bilhão de euros (R$ 8,5 bilhões na cotação atual) para tornar o Sena e o seu principal afluente, o Marne, próprios para banho em preparação para os Jogos Olímpicos e posteriormente para o público em universal.

“Tomamos decisões. Algumas envolvem evidente risco e adaptação. Não temos que questionar tudo, mostramos que a qualidade da chuva é boa. Teremos sucesso com o único projecto que temos”, defende Rabadan.