Gabrielzinho conquista primeiro ouro do Brasil nos Jogos Paralímpicos

FRANCK FIFE

O brasiliano Gabriel dos Santos Araújo durante a prova dos 100m costas masculino (S2) durante os Jogos Paralímpicos de Paris-2024, na Estádio Paris La Défense, em Nanterre, em 29 de agosto de 2024.

FRANCK FIFE

O fenômeno brasiliano da natação paralímpica, Gabriel dos Santos Araújo, o Gabrielzinho, conquistou a medalha de ouro nos 100m costas, categoria S2, nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024 nesta quinta-feira, dia em que o Brasil também faturou uma de prata e uma de bronze na natação.

Sob aplausos do público, o nadador mineiro de 22 anos completou a intervalo em 1 minuto 53 segundos e 67 centésimos, muito avante do russo Vladimir Danilenko (2m01s34), que competiu sob a bandeira neutra, e do chileno Alberto Abarza Diaz (2m01s97).

Gabrielzinho, porta-bandeira do Brasil na cerimônia de sinceridade, assumiu uma liderança confortável desde o início e a manteve até o término da prova. “Estou muito feliz, muito emocionado. Trabalhei muito para isso e fiz todo o verosímil para transformar a medalha de prata em ouro”, comemorou o desportista depois a prova.

O nadador vai lutar pela ‘tríplice grinalda’ em Paris-2024 (de 28 de agosto a 8 de setembro), depois de lucrar duas medalhas de ouro e uma de prata nos Jogos de Tóquio, há três anos.

Ele compete na categoria S2, reservada para pessoas com uma deficiência física. Nesta categoria as provas podem envolver nadadores cujas deficiências sejam de natureza muito dissemelhante, mas para os quais se admite que a capacidade de rendimento na natação considerada seja comparável. Quanto menor o número, maior é a perda funcional.

“Não sei nem porquê agradecer. Não tenho nem dimensão do que é tudo isso. Meu sorriso está sendo levado para todos os cantos do mundo. Eu me senti em lar. A prova foi perfeita. As noites de sono que eu e meu treinador perdemos neste ciclo compensaram demais. Tudo o que trabalhei psicologicamente deu patente”, acrescentou o brasiliano.

Gabrielzinho, que tem mais de 50 milénio seguidores no Instagram, sofre de focomelia, uma malformação causada pela interrupção do desenvolvimento de um ou mais membros durante a gravidez. Ele tem cotos na fundura dos ombros, as pernas são atrofiadas, mas ele consegue andejar com os dois pés.

Para nadar, ele ondula na chuva porquê um golfinho, com movimentos pélvicos. É uma técnica desenvolvida em longos treinos seis vezes por semana, na piscina de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

“A primeira medalha do Brasil nas Paralimpíadas de Paris é ouro. Parabéns ao Gabriel Araújo, vencedor nos 100m costas na natação”, publicou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na rede social X.

– Prata e bronze –

O Brasil obteve outras duas medalhas na natação, uma de prata e uma de bronze, de Phelipe Rodrigues nos 50 metros livre (S10) e Gabriel Bandeira nos 100 metros mariposa S14, respectivamente. Com essa conquista, Phelipe Rodrigues, 34 anos, subiu ao pódio em cinco edições de Jogos Paralímpicos consecutivas.

“Posso proferir que sou um varão realizado. Eu queria o ouro, fiquei perto, mas medalhar em cinco edições de Jogos Paralímpicos é sensacional. Poder estar representando o Brasil mais uma vez no pódio, não tenho nem palavras para descrever”, comemorou Phelipe, que agora soma nove pódios: seis pratas e três bronzes.

Já para Gabriel Bandeira esse bronze é a quinta medalha em Jogos Paralímpicos. Ele conquistou o ouro nos 100m mariposa, a prata nos 200m livre e nos 200m medley e o bronze no revezamento 4x100m livre misto S14 nos Jogos de Tóquio.

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