Em Paris-2024, o dilema de competir contra atletas israelenses

LUIS ROBAYO

O judoca israelense Tohar Butbul cumprimenta o louvado espanhol Raúl Camacho na carência de seu oponente, o argelino Messaoud Dris, na categoria 73 kg nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, no estádio Campo de Marte, em 29 de julho de 2024

Luis ROBAYO

Sua primeira aparição esportiva nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 não durou mais de 30 segundos nesta segunda-feira (29). Sobre o tatame do estádio Campo de Marte, o judoca israelense Tohar Butbul vence seu combate, diante de a carência de seu rival argelino.

No domingo, Messaoud Dris, vencedor da África em 2024, foi desqualificado por superar em 400 gramas o peso de sua categoria (até 73 quilos) na pesagem.

“Não podemos justificar o excesso de peso de Dris”, disse a Federação Internacional de Judô (IJF) nesta segunda-feira, anunciando uma investigação e lamentando que ‘os atletas são frequentemente vítimas de disputas políticas que os ultrapassam’.

Em 2021, Fethi Nourine, da Argélia, se retirou dos Jogos de Tóquio para evitar enfrentar Butbul e foi posteriormente suspenso pela IJF. Nourine também se retirou da Despensa do Mundo de 2019 pelos mesmos motivos.

“Esse tipo de comportamento não tem lugar no mundo do esporte”, disse o Comitê Olímpico de Israel sobre o caso de Messaoud Dris, que descreveu porquê uma ‘retirada’ e não uma desqualificação.

O Comitê Olímpico Argelino, que não reconhece o estado de Israel porquê a maioria das nações árabes ou muçulmanas, não quis comentar o caso.

Lutar contra um desportista israelense representa um dilema para seus adversários de países árabes ou muçulmanos devido à situação nos Territórios Palestinos. No pretérito, vários judocas iranianos desistiram de competições pelo mesmo motivo.

No domingo, o marroquino Abderrahmane Boushita deixou rapidamente o tatame sem parabenizar seu oponente israelense, Baruch Shmailov, pela vitória, contrariando a prática usual guiada pelo espírito esportivo.

“Em nome dos atletas (…), nós nos comprometemos com o esporte sem doping, sem trapaça, sem qualquer tipo de discriminação”, diz o Juramento Olímpico pronunciado na sexta-feira pelos franceses Florent Manaudou e Mélina Robert-Michon.

Os Jogos atuais são mais uma vez o foco da atenção de Israel, principalmente porque estão ocorrendo em meio a uma ofensiva mortal na Filete de Gaza em resposta ao ataque sangrento do grupo islamista palestino Hamas em solo israelense em 7 de outubro.

Durante a cerimônia de lhaneza, na sexta-feira, o pugilista Wasim Abusal, um dos porta-bandeiras palestinos, usou uma camisa com imagens de caças bombardeando crianças que praticavam esporte para simbolizar, segundo ele, “a situação atual na Palestina”.

O Comitê Olímpico Palestino tentou fazer com que seu homólogo internacional, o COI, excluísse Israel de Paris-2024, alegando que o conflito violava a trégua olímpica. Os russos estão participando com uma bandeira neutra por culpa da guerra na Ucrânia.

“Aqueles que violam a Epístola Olímpica são os israelenses”, reiterou o presidente do comitê palestino, Yibril Rayub, à AFP no sábado, perguntado sobre uma provável exclusão de um desportista se ele se recusar a enfrentar um desportista israelense.

“Por que as vítimas estão sendo solicitadas a não reagir, a não se manifestar e a denunciar o sofrimento de seu povo?”, disse Rayub, que afirmou não ter oferecido instruções aos atletas de sua delegação sobre uma provável saída.

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