Ao separar o CPF do CNPJ, ela conseguiu transformar seu hobby num negócio de sucesso

Sem saber o que esperar de um novo negócio, ou quais são as ferramentas para a profissionalização de uma empresa, muitas pessoas iniciam a sua jornada empreendedora de maneira informal. Segundo dados do IBGE, atualmente o Brasil possui quase 40 milhões de trabalhadores informais.

No caso de Maria Cristina Cavassin, proprietária do Spazio Cris, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba (PR), a informalidade na prática empreendedora manteve-se por alguns anos justamente porque o seu negócio surgiu uma vez que um hobby. Professora do ensino infantil, Cristina sempre se viu realizada com a profissão escolhida. “Sempre quis ser professora, desde pequena alimentei esse sonho. Depois de formada, passei no primeiro concurso público que fiz e comecei a dar aulas”.

E foi enquanto atuava na ensino, na dez de 1980, que a professora percebeu o quanto a cidade sofria com a falta de profissionais da espaço de formosura. À EXAME, Cristina conta que quando a escola fazia eventos, uma vez que festas, peças e formaturas, não existiam profissionais suficientes para atender todos que queriam se arrumar para essas ocasiões.

Vendo o cenário, ela, que havia feito um curso de formosura incentivada pela mãe, começou a atender amigas e vizinhas na sala da moradia de seus pais para suprir à demanda de clientes em dias festivos. “Eu fazia de uma maneira informal, só para atender mesmo, não cobrava de ninguém. Pedia para as amigas já virem com o cabelo lavado, para trazerem a tinta que desejavam passar. Era tudo muito improvisado”, conta.

Maria Cristina Cavassin: proprietária do Spazio Cris (Registro pessoal)

Quando o hobby se torna empreendimento

Cristina viu o número de clientes aumentar gradualmente através do famoso esquema ‘boca a boca’ – uma amiga indicando para a outra. Mesmo com o desenvolvimento da clientela ao longo dos anos, a empreendedora manteve o negócio de forma casual, conciliando uma dupla jornada: professora pela manhã e cabeleireira à tarde.

Mais de uma dez depois, Cristina entendeu a urgência de transformar o seu hobby-negócio em um empreendimento profissional. “O público começou a aumentar ainda mais e eu, sozinha, fazia tudo: cabelo, maquiagem, pé, mão… Já não havia uma vez que eu dar conta de atender tantas pessoas, eu precisava de uma equipe para me ajudar”, relembra.

Cristina, logo, alugou um espaço para gerar o seu primeiro salão, e passou a descrever com a ajuda da filha no empreendimento. A gestão do negócio, porém, continuou um tanto informal. “Por ser professora, sempre tive facilidade em manter a organização do negócio. Eu tinha um caderno que funcionava uma vez que agenda e no qual eu também anotava a ingressão e a saída de verba. Sabia tudo sobre as finanças do salão”, explica.

Jornada dupla: por muitos anos, Cristina trabalhou uma vez que professora pela manhã e cabeleireira pela tarde. (Registro pessoal)

CPF x CNPJ

Foi depois de fazer alguns cursos do Sebrae (Serviço Brasílico de Espeque às Micro e Pequenas Empresas), alguns anos depois e já aposentada das salas de lição, que Cristina passou a encarar a gestão dos negócios de um jeito mais criterioso.

Incentivada pela filha, Cristina participou do Empretec, principal programa de formação de empreendedores do mundo, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), promovido em 40 países e restrito do Sebrae no Brasil.

A empreendedora destaca que o contato com o Sebrae foi fundamental para que ela entendesse a relevância de manter as finanças pessoal e empresarial separadas. “Costumava colocar todo o verba em uma conta só, sem diferenciação. Mas, aprendi no Empretec que você tem que separar o seu verba pessoal do profissional. Só depois disso passei a deixar o verba da minha aposentadoria, por exemplo, em uma conta pessoal, separado do que entra e sai do salão e que passei a movimentar unicamente na conta jurídica”, explica.

A novidade gestão ajudou a empreendedora a renovar o seu negócio e otimizar processos. As mudanças aplicadas por Cristina a levaram ao primeiro lugar no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2022, na categoria Microempreendedora Individual (MEI). A iniciativa reconhece mulheres que lideram empresas de destaque no país.

“Para mim, o Sebrae fez muita diferença, por isso eu sempre indico para outras mulheres empreendedoras procurarem por cursos na organização. Depois que fiz o primeiro, acabei fazendo vários outroscursos e todos agregaram na minha trajetória empreendedora e nas mudanças que realizei na gestão do meu negócio”, ressalta a empresária.

Coworking

Para Cristina, o curso também foi uma injeção de ânimo para novos projetos. “Tudo o que eu aprendia ali me dava mais vontade de evoluir, crescer e ajudar as pessoas. Nesse período, comecei a entender mais sobre a secção estratégica e uma vez que o meu negócio também poderia gerar oportunidades para outras pessoas”, analisa.

Rebatizado uma vez que Spazio Cris, atualmente o salão funciona no estilo coworking, com a empreendedora disponibilizando toda a estrutura do lugar para que outros profissionais atendam os seus clientes. Segundo a proprietária, o espaço também ajuda no desenvolvimento profissional de muitas pessoas.

Spazio Cris: atualmente o salão funciona no estilo coworking (Registro pessoal)

Cristina também criou o Grupo Mulheres Empreendedoras de Colombo, um espaço de guarida e troca de dicas e conhecimento para mulheres que estão lidando com os desafios do universo empreendedor.

“Minha dica para um negócio dar manifesto é saber o que você tem uma vez que diferencial. Sempre vai ter muita gente fazendo muita coisa em todos os lugares, mas só você pode fazer um tanto de um jeito que apresenta o seu diferencial”, indica a empresária.

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