
Esposa quebra silêncio sobre condenação de Robinho e ‘honra’ da família: ‘Lutar pela verdade’
Habeas corpus apresentado pela resguardo de Robinho segue em votação, e resultado está 5 a 1
Vivian Guglielmetti, de 40 anos, intercedeu pela inocência de Robinho em sua primeira entrevista sobre a pena do marido por estupro coletivo. Casada com o ex-jogador desde 2009, a mulher acredita que Robson de Souza sofreu perseguição na Itália ao ser sentenciado ”por áudios imorais” enviados aos amigos, mas que, em sua enunciação, não configuram delito. Ela afirma, ainda, que o perdoou pelo que qualifica uma vez que único erro no caso: a traição.
Vivian quebrou o silêncio nessa segunda-feira (18), depois quase 12 anos da ocorrência do delito, no apartamento do parelha, em Santos. A residência fica localizada de frente à praia, no bairro da Aparecida, onde vive com os filhos. Guglielmetti estava acompanhada do jurisconsulto e de dois amigos da família.
A entrevista ocorreu durante o período de julgamento do habeas corpus apresentado pela resguardo de Robinho, que está recluso desde 21 de março. O placar da estudo do recurso está em 5 votos a 1 para manter o ex-jogador retido na Penitenciária II de Tremembé, no interno paulista. Resta, portanto, um voto para formar maioria.
Trechos da entrevista
Casada desde 2009, Vivian se emocionou muito ao falar pela primeira vez publicamente sobre a pena de Robinho. A esposa do ex-jogador demonstrou, no decurso da entrevista, plena fé na versão de inocência apresentada pelo marido e se mostrou firme na missão de ”lutar pela família e pelo himeneu”.
“Eu poderia estar em qualquer lugar hoje com os meus três filhos, sem querer saber desta história. Mas não, eu estou cá. Eu vou lutar pela minha família, pelo meu himeneu, pelos meus filhos. As minhas questões pessoais de marido e mulher, resolvi lá detrás. O erro foi a traição. Acabei traída e ridicularizada mundialmente. Mas escolhi lutar pela verdade”, iniciou Vivian em entrevista exclusiva ao Metrópoles.
Na sequência, Vivian cita o impacto da repercussão do caso na integridade da família. “Muito difícil não só para mim, mas por tudo que tem realizado. Muito pesado para nós. Falo pela honra da minha família, pela nossa distinção, para podermos andejar de cabeça erguida pela rua”.
Pena de Robinho
Guglielmetti mostrou-se concludente ao antagonizar a pena de Robinho: “Ninguém no Brasil sabe mais desse caso que eu”. Vivian referiu-se às milhares de páginas do processo e de documentos que serviram de provas para desenlace da investigação e, consequentemente, pena do réu na Itália.
“O Robinho acabou sentenciado por áudios entre amigos, imorais, horrorosos. Só que isso não figura uma vez que um delito. A traição que houve comigo também não [crime]. Está muito distante de um delito. Entre um ato obsceno e um delito tem uma intervalo muito grande. Ele está há oito meses pagando por um tanto que não aconteceu”, diz.
Os áudios mencionados fizeram segmento do julgamento que condenou Robinho a nove anos de prisão pelo delito de estupro coletivo. No material, o ex-jogador e seus amigos detalham – e debocham – sobre o ato sexual ocorrido janeiro em 2013, quando ele ainda atuava pelo Milan. Em testemunho, o santista confirmou ter participado de uma orgia, mas com consentimento por segmento da vítima.
A versão da vítima, uma albanesa de 23 anos à idade, vai na contramão. A mulher alega que Robinho e outros quatro homens se aproveitaram de sua embriaguez, inclusive com perda de consciência momentânea, para estuprá-la. Versão essa corroborada por julgamento na Itália.
“Quando falaram de vir o processo para o Brasil, a gente teve um acalento. Caramba, nosso país, nosso povo. A Justiça brasileira vai ver isso daqui, vai indagar e ver a injustiça na Itália. Não aconteceu. Não quiseram indagar o processo, não quiseram saber”, e continuou:
“Vou lá [na penitenciária] todas semanas. Levo a comidinha dele, os produtos de higiene, os produtos de limpeza. Graças a Deus, ele tem uma cabeça muito boa. Eu, às vezes, vou para tentar acalmá-lo, mas ele que me acalma. Convertido muito com nossos filhos. O Robinho também. Eles vão em algumas visitas. Quando vamos todos aí vira aquela bagunça. Ele entra naquele papel de pai totalidade, brincam muito. Eu abri todo processo para os meus filhos. Aconteceu isso, isso e isso”.
O dia
Vivian contou que no dia exato do ocorrido – 22 de janeiro de 2013 – estava encarregada de preparar uma sarau de última hora para um camarada de Robinho. Um grupo havia viajado para Milão para festejar o natalício de 34 anos de Rudney Gomes. A mulher recordou que esteve na boate Sio Moca, lugar da ocorrência, entre 22h e 1h10 – enquanto o marido e os outros homens chegaram por volta de meia-noite.
“Era uma noite tranquila, de segunda-feira, chamada ‘serata braziliana’, em que os brasileiros tocavam pagode. Nas fotos, dá para ver casais de pessoas mais velhas. Não era aquela discoteca lotada de gente”, e prosseguiu:

“Ela [vítima] alega que, em 22 minutos, ficou com falta de ar, desmaiou, acordou no camarim. Que o Robinho e o Alex estão em cima dela. Ela se veste, coloca a roupa toda, vai até o sege, troca de sege, esquece a bolsa”, questiona Vivian.
Robinho, Vivian e Rudney [aniversariante] estavam acompanhados de um grupo de cinco amigos. Clayton Santos, divulgado uma vez que Claytinho; Alexandro da Silva ou Alex Bita; Fabio Galan; Ricardo Falco e Jairo Chagas. A resguardo do ex-jogador usa, inclusive, imagens do grupo para contrariar a versão da vítima devido aos horários dos registros.
A esposa de Robinho, Vivian, conta que esteve no lugar entre 22h e 1h10, enquanto o ex-jogador chegou com os amigos ao lugar por volta de meia-noite. O delito teria ocorrido entre 1h59 e 2h21 – horário que a vítima envia mensagem para uma amiga sobre o ocorrido e diz que estava no sege.
“À 0h43, eu estou cortando o bolo e entregando para todo mundo. Ainda sentei para manducar, eu lembro disso. Deu 1h, 1h10, eu falei: ‘Robinho, eu vou embora, hoje é segunda-feira, os meninos têm escola amanhã, você tem treino’. Ele falou: ‘Meus amigos só vão permanecer cinco dias, deixa eu permanecer mais um pouquinho’. Eu, não querendo ser a chata, falei: ‘Tá bom, não vagar’”, e continua:
“Eu lembro que ele chegou em mansão mais ou menos meia hora depois. Eu tinha tomado um energético, porque estava lá desde às 15h. Na hora em que eu fui dormir, fiquei com meu coração vertiginoso. Fui dar uma jornada na esteira. Eu estava angustiada, talvez até por razão da situação. O Robinho abriu a porta da ateneu e falou: ‘O que você está fazendo? Sai daí, vamos dormir’”.
Ainda segundo seu relato, Vivian só soube do ocorrido mais de um ano depois, em março de 2014.
Traição e áudios
“Eu estava deitada fazendo drenagem linfática. Coloquei meu roupão, me assustei. Uma policial mulher e um varão. Ela foi para dentro do quarto comigo, sentou e falou: ‘Você sabe por que estamos cá? O seu marido está sendo chamado para depor. Houve um incidente em janeiro de 2013… Tem uma moça alegando que foi violentada por eles”, contou. E prosseguiu: “Eu cheguei em mansão e falei: ‘Vou embora, vou pegar meus filhos e estou indo embora’. Ele: ‘Não, pelo paixão de Deus. Meu erro foi ter te traído, não vou mais fazer’”.
O momento de maior constrangimento para Vivian envolveu os áudios das escutas telefônicas anexados pela polícia. Ela, porém, acredita que, apesar do tom obsceno, não passou de “graçola de WhatsApp, de muito mau sabor, de sarro”.
“Sempre falei que Robinho vivia sempre muito levado na graçola. Horríveis, vergonhosos e imorais aqueles áudios. Triste. Me dava raiva porque eu sei quem é o Robinho, de levar as coisas na graçola. Na minha percepção, ele tinha tanta tranquilidade de que não tinha feito zero, que ele até brinca: ‘Ah, que se dane’”, opinou.
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