Ao menos quatro pessoas morreram nos violentos protestos que eclodiram na segunda-feira, 29, em seguida a controversa reeleição do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e que foram reprimidos pelas autoridades, antes de novas manifestações convocadas nesta terça tanto pelo chavismo quanto pela oposição.
A ONG Mesada Penal relatou a primeira morte no estado de Yaracuy (noroeste), e depois a Encuesta Pátrio de Hospitales, uma rede que monitora a crise hospitalar, informou mais três mortes e 44 feridos, a maioria por arma de incêndio. O Ministério da Resguardo relatou 23 militares feridos.
As autoridades também detiveram muro de cinquenta pessoas, incluindo o líder opositor Freddy Superlano, no que a oposição chamou de uma “escalada repressiva”.
Um dia depois de o Juízo Pátrio Eleitoral, desempenado ao oficialismo, ter proferido a vitória de Maduro para um terceiro procuração de seis anos (com 51% dos votos), milhares de pessoas saíram às ruas para reivindicar.
A polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha na segunda-feira para dissiminar os protestos, enquanto tiros foram ouvidos em algumas áreas.
“Lamentavelmente, nas últimas horas tivemos relatos de pessoas mortas, dezenas de feridos e de detidos. Instamos as forças de segurança a respeitar a vontade expressada em 28 de julho e a parar a repressão às manifestações pacíficas”, escreveu na rede social X o candidato opositor Edmundo González, que denuncia fraude e reivindica vitória.
Liderada por María Corina Machado, a oposição diz ter provas de que venceu o pleito, enquanto a comunidade internacional pressiona para uma recontagem transparente dos votos. Machado convocou “assembleias de cidadãos” nesta terça em frente à sede das Nações Unidas em Caracas e também em todas as cidades do país.
Por outro lado, Maduro, que denuncia um golpe de Estado “de caráter fascista e contrarrevolucionário”, convocou “uma grande marcha até Miraflores”, o palácio presidencial, “para tutorar a tranquilidade”.
As Forças Armadas, que são a principal sustentação do governo, expressaram “lealdade aboluta e esteio incondicional” a Maduro, declarou o ministro da Resguardo, general Vladimir Padrino, que respaldou a tese de um golpe contra o governo.
“Atuaremos com contundência, em perfeita união cívico-militar-polícia, para preservar a ordem interna em todo o território pátrio”, afirmou em uma mensagem transmitida pela televisão.
Maduro é “nosso comandante-em-chefe, ele foi legitimamente reeleito pelo poder popular e proclamado pelo Poder Eleitoral para o período presidencial 2025-2031”.
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Pessoas batem em panelas em revelação em seguida a eleição de Maduro, em Caracas, na segunda-feira
(Pessoas batem em panelas em revelação em seguida a eleição de Maduro, em Caracas, na segunda-feira)
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Um varão cobre o rosto com gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas, na segunda-feira
(Um varão cobre o rosto com gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas, na segunda-feira)
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Manifestantes montaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.
(Manifestantes montaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.)
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Um manifestante chuta uma fita de campanha do presidente venezuelano Nicolás Maduro durante um protesto em Valência, no estado de Carabobo.
(Um manifestante chuta uma fita de campanha do presidente venezuelano Nicolás Maduro durante um protesto em Valência, no estado de Carabobo.)
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Policiais removem destroços durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Policiais removem destroços durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Um manifestante devolve à polícia uma lata de gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Um manifestante devolve à polícia uma lata de gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Manifestantes incendiaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes incendiaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Opositor ao governo pisa num edital de campanha eleitoral com a imagem de Maduro durante um protesto no bairro Petare, em Caracas, na segunda-feira
(Opositor ao governo pisa num edital de campanha eleitoral com a imagem de Maduro durante um protesto no bairro Petare, em Caracas, na segunda-feira)
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Manifestantes entram em confronto com a polícia perto de um sege impenetrável da polícia durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes entram em confronto com a polícia perto de um sege impenetrável da polícia durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Um policial carrega um colega ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Um policial carrega um colega ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.)
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Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
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Opositor do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Opositor do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
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Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
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Um oponente do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro bate uma panela durante um protesto no bairro Catia, em Caracas.
(Um oponente do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro bate uma panela durante um protesto no bairro Catia, em Caracas.)
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Um manifestante bate uma panela na cabeça durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Um manifestante bate uma panela na cabeça durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Um policial cai no pavimento ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Um policial cai no pavimento ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas..)
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Manifestantes participam de um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.
(Manifestantes participam de um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.)
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Manifestantes queimam um edital publicitário durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes queimam um edital publicitário durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Oponentes do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro entram em confronto com a polícia de choque durante um protesto no bairro de Catia, em Caracas.
(Oponentes do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro entram em confronto com a polícia de choque durante um protesto no bairro de Catia, em Caracas.)
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Policiais protegem-se dos manifestantes durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Policiais protegem-se dos manifestantes durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.)
Perseguição
Represado nesta terça-feira, Freddy Superlano é uma figura importante do partido Voluntad Popular (VP), do líder exilado Leopoldo López, culpado de terrorismo.
O VP mostrou um vídeo do momento da prisão, que foi efetuada por agentes vestidos de preto e armados.
Familiares esperavam do lado de fora do comando da Guarda Pátrio – um componente militar com funções de ordem pública – onde estão detidas várias mulheres desde os protestos de segunda-feira, incluindo menores de idade.
“Minha filha é menor de idade, tem 16 anos, está com uma amiga que tem 25 anos, elas saíram ontem por volta das 11 ou 12 horas para dar uma volta e foram detidas (…) não estavam participando de manifestações”, disse à AFP uma mulher de 50 anos, que pediu anonimato.
“Estou muito preocupada, minha filha é estudante, é música, é uma moça de família”, acrescentou.
Um médico de 32 anos também aguardava informações sobre um familiar que foi recluso no protesto.
“Nós saímos (…) pelo nosso recta de voto, que nos foi tirado nas eleições presidenciais do dia 28 de julho. Infelizmente, estamos sofrendo uma perseguição deste governo”, disse o varão, que também preferiu não revelar seu nome por motivos de segurança.
A oposição já havia reportado a prisão de muro de 150 pessoas durante a campanha.
Manipulação anómalo
A Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciou nesta terça que as eleições presidenciais de domingo sofreram “a manipulação mais anómalo”, segundo expedido do secretário-geral Luis Almagro.
Machado afirmou na segunda-feira que tinha em sua posse cópias de 73% das atas de apuração que comprovariam a suposta fraude, projetando uma vitória de González com 6,27 milhões de votos contra 2,75 milhões de Maduro.
A divulgação das atas de votação também é uma exigência da comunidade internacional, que questiona a reeleição de Maduro, incluindo Colômbia e Brasil, além dos Estados Unidos.
O governo venezuelano expulsou o pessoal diplomático da Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai, em resposta ao que considera “ações intervencionistas” desses países.
Seis colaboradores de María Corina Machado estão refugiados há seis semanas na embaixada argentina. A líder de oposição denunciou um cerco policial à sede diplomática.