o atleta ‘sem rim’ que driblou a morte e entrou para a história olímpica

Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz conquistou a prata em Paris 2024

Quem vê Isaquias Queiroz dos Santos  invadir a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Paris
em uma prova de velocidade em 1000m na canoa, não imagina que por trás do fôlego e da coragem, existe um varão que por pouco não pôde grafar a sua história.

Isaquias nasceu em Ubaitaba, na Bahia, conhecida porquê a “cidade das canoas” em tupi-guarani. Esse nome já parecia indicar o orientação do horizonte canoísta, que alcançaria grandes conquistas remando em uma canoa, posteriormente superar diversos desafios.

Criado em uma família humilde com nove irmãos, Isaquias enfrentou a perda de seu pai ainda na puerícia. Sua mãe, Dona Dilma, sustentava a família trabalhando porquê servente na rodoviária lugar.

Queimaduras graves e atitude da Dona Dilma

Quando tinha unicamente três anos, Isaquias sofreu um acidente grave: uma panela com chuva fervente virou sobre ele, resultando em queimaduras em várias partes do corpo. Ele passou um mês internado no hospital devido às lesões. Porquê não se recuperava o suficiente para ter subida, Dona Dilma assinou um termo de responsabilidade e o levou de volta para mansão, onde cuidou dele até sua completa recuperação.

“Foi muito complicado. A minha mana estava com dor de ventre, e aí ela foi fazer um chá. A mansão era de barro. Aí, eu coloquei o banco para ver, e ele deu uma inclinada para frente, quando eu voltei, eu puxei a panela, aí queimou toda secção da costela. Até hoje tenho marca”, afirma Isaquias.

A perda de um rim e um ‘novo’ pulmão

Quando tinha 10 anos, Isaquias subiu em uma mangueira para observar uma ofídio morta e, ao perder o estabilidade, caiu de costas sobre uma pedra. O impacto causou uma grave lesão no rim, resultando em hemorragia interna que exigiu uma cirurgia para a remoção do órgão.

“Eu subi em um muro de dois metros para ver uma ofídio. Eu tinha nove ou 10 anos de idade… eu só via na TV, e fui ver (a ofídio). Quando eu subi, eu tonteei. Quando eu caí na quina de uma pedra, o baque foi tão grande, imediatamente estourou o meu rim ao meio. Aí foram avisar minha mãe… quando falavam para ir nos ver, sabiam que não era coisa boa. Já em mansão, quando eu fui urinar, só saia sangue. Aí eu fui para hospital e fui urinar de novo, eles falaram que não iam nem tocar e me enviar para outra cidade”, disse ao programa “Conversa com Bial”.

Esse acidente deu a ele o sobrenome de “Sem Rim”, que o acompanhou até se tornar cinco vezes medalhista olímpico.

“Aí o pessoal brinca falando que eu saí do hospital sem um rim, mas com um pulmão a mais”, completou.

O risco de ceder os estudos pelo paixão ao esporte

Logo posteriormente o acidente do pulmão, a canoagem entrou na vida do jovem Isaquias. Ele começou a participar do projeto Segundo Tempo, que proporcionava atividades esportivas para crianças e adolescentes em Ubaitaba. Embora inicialmente desejasse ser goleiro e jogar futebol, a canoagem se tornou a grande paixão de Isaquias.

Ele foi inspirado por Jefferson Lacerda, um renomado canoísta da “cidade das canoas” e pioneiro na modalidade no Brasil, que competiu em Barcelona 1992, marcando a estreia dos canoístas brasileiros nos Jogos Olímpicos.

“Eu tinha que escolher entre a canoagem e o futebol. Eu optei pela canoagem porque na minha cidade todo mundo conhecia… Mas eu parava para trabalhar também, pegar carrego na feira. Eu pegava o carrinho de mão e levava a feira do pessoal para mansão deles… tinha que pegar uma ladeira. Era complicado. Eu cheguei ajudar meu irmão na panificação”, disse.

Isaquias relatou as dificuldades enfrentadas por seu irmão Isaac, que precisou ceder a canoagem para trabalhar devido à falta de visibilidade e base financeiro no esporte. Isaquias explicou que a falta de suporte e a urgência de mudar frequentemente de cidade para treinar foram desafios significativos.

“O meu irmão, o Isaac, teve que parar a canoagem para trabalhar. Em um esporte quando não há visibilidade, quando chega certa idade e não tem base, tem que parar. Eu larguei os estudos… as pessoas criticam, mas não é porque eu quis largar. É complicado na canoagem, não tem um lugar. Com 14 anos, fui para São Vicente. Cinco meses depois, Rio de Janeiro. Dois anos depois, São Paulo. Depois, Minas. Eu ficava pingando muito. Meu treinamento era complicado, não tinha tempo. Treinava de manhã, de tarde e quando chegava em mansão de noite, capotava para o dia seguinte”, completou.  

História escrita em Paris

Com a conquista, Isaquias Queiroz se juntou a Torben Grael e Robert Scheidt, ambos da vela, donos de cinco medalhas cada. Na Rio 2016, Isaquias Queiroz se tornou o primeiro brasílio a invadir três medalhas numa única edição dos Jogos. Fez a sarau da torcida na Lagoa Rodrigo de Freitas, com duas pratas e um bronze. 

Nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, Isaquias Queiroz ganhou sua primeira medalha de ouro na prova de C1 1000m e chegou a quatro. Agora, em Paris, conquistou mais uma medalha de prata e bateu a marca de cinco na história.

Isaquias sentimento de conforto e felicidade ao refletir sobre o ano de 2023, que foi principalmente reptante para ele e para sua esposa. Ele destacou que o ano trouxe uma perspectiva única, revelando que ser vencedor mundial e superatleta não é unicamente uma questão de conquistas esportivas, mas também envolve mourejar com problemas físicos e psicológicos.

“É um peso que eu tiro das minhas costas agora. Poder chegar em Paris, ser medalhista de prata e porta-bandeira. Lógico que a gente fica triste quando perde. Ver os adversários ganhando. Mas supra de tudo fica o reverência. Temos que concordar quando perdemos. Não significa que somos ruins, e sim que eles foram melhores. Ganha quem tem a unha maior”, concluiu.

Veja inferior galeria de fotos da conquista de Isaquias Queiroz em Paris:

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB


Isaquias Queiroz Foto: Alexandre Loureiro/COB

Mostrar mais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios