Veja os sintomas e como combater a síndrome do cérebro de pipoca
A internet, o entrada fácil à informação e a possibilidade de trabalho remoto são algumas vantagens da vida moderna, mas a tentativa frenética e descontrolada de se manter atualizado e produtivo começa a surtir efeitos indesejados na saúde mental.
Na expectativa de processar várias tarefas ao mesmo tempo, a mente dá sinais de exaustão. Que atire a primeira pedra quem nunca se perdeu nas dezenas de abas abertas simultaneamente na tela do computador e, é simples, no cérebro.
Síndrome do cérebro de pipoca
Pensamento apressurado, dificuldade de foco, pouca concentração, baixa produtividade e a sensação incômoda de não conseguir seguir o ritmo do mundo moderno são tão comuns que já têm até nome: síndrome do cérebro de pipoca.
O termo foi usado pela primeira vez em 2011 pelo pesquisador da computação David Levy para descrever a sentimento de que o cérebro “pula” insistentemente de uma atividade para outra. De lá para cá, a frase se popularizou e, ainda que Levy seja um patrono da lucidez sintético, ele faz críticas severas ao uso excessivo da tecnologia — principalmente ao que ele labareda de vida multitarefas.
Rabi em Estudo do Comportamento, o psicólogo Guilherme Alcântara Ramos diz que as pessoas têm a falsa sentimento de serem mais produtivas quando fazem várias coisas ao mesmo tempo, mas alerta: “Esse comportamento tem ‘armadilhas’ e pode afetar a
saúde mental
, piorar a nossa capacidade criativa, reduzir a produtividade, levar à exaustão mental e motivar uma sensação de ineficiência e insuficiência”.
Redução da capacidade de concentração
De entendimento com Guilherme Alcântara Ramos, que é professor do curso de Psicologia da UniCuritiba — instituição que integra a Ânima —, a síndrome do cérebro de pipoca gera um círculo vicioso e leva as pessoas a buscarem cada vez mais informação e prontidão nas tarefas, tornando inalcançáveis a plena satisfação e a produtividade.
O livro “Atenção: Uma maneira inovadora de
restaurar o estabilidade
, a felicidade e a produtividade”, escrito pela psicóloga Gloria Mark, professora PhD da Universidade da Califórnia, traz dados alarmantes sobre o ponto. Segundo a autora e pesquisadora dos impactos da mídia do dedo na vida das pessoas, a capacidade média de concentração passou de 2,5 minutos em 2004 para 75 segundos em 2012.
Hoje, esse tempo não passa de 47 segundos. Ou seja, em menos de um minuto, o cérebro “exige” um tanto novo. Já o tempo necessário para restaurar a atenção em uma tarefa perdida pode levar até 25 minutos. Essa incapacidade de foco, atenção e permanência em uma única atividade não impacta exclusivamente o trabalho e os estudos. “As relações sociais e até a saúde são prejudicadas, já que a síndrome do cérebro de pipoca leva à impaciência e irritação, tornando as pessoas menos sociáveis e mais ansiosas”, avisa Guilherme Alcântara Ramos.
Porquê reconhecer a síndrome do cérebro de pipoca
Não é difícil encontrar quem se sinta sobrecarregado ou pouco produtivo, e as respostas para algumas questões simples podem confirmar se você também é “vítima” da síndrome do cérebro de pipoca. Faça essas perguntas a si:
- Você se distrai com facilidade mesmo quando tem um trabalho urgente a fazer?
- Desativou as notificações dos aplicativos de mensagens e, mesmo assim, checa o app
a todo momento? - Tem a sensação de que o cérebro não tem mais espaço para lembrar dos compromissos e das obrigações?
- Durante uma conversa, esquece o que ia expor e se perde no raciocínio?
- Interrompe atividades importantes para checar sites e aplicativos e esquece de retomar o que estava fazendo?
- Sente-se impaciente e irritado, inclusive com fatos que não interferem diretamente na sua vida?
- Vive em permanente estado de urgência e com dificuldade para esperar por um tanto que, na sua opinião, já deveria estar concluído?
- Tem dificuldade para se concentrar em uma só tarefa (ler um livro, observar a um filme do início ao termo, fazer um relatório de trabalho ou estudar sem interrupção)?
- Não consegue permanecer longe do celular por muito tempo e precisa “transitar” por vários sites e aplicativos várias vezes ao dia?
Dicas para restaurar a saúde mental
Se você respondeu sim para a maioria das perguntas, é hora de reavaliar alguns hábitos. O psicólogo Guilherme Alcântara Ramos, professor do UniCuritiba, lista 6 dicas para tratar a síndrome do cérebro de pipoca. Veja aquém!
1. Limite o uso de telas
Limite o tempo de uso de telas. Se permanecer conectado for uma exigência do trabalho, monitore e anote o tempo que você gasta em atividades “inúteis”. Fazer esse registro ajuda na tomada de consciência.
2. Faça um detox
do dedo
Dedique um tempo para o detox
do dedo. É necessário dar um
sota ao cérebro
para que ele encontre, no “ociosidade”, formas de se restaurar.
3. Faça atividades que não necessitam de telas
Incorpore à rotina diária
atividades físicas
, de relaxamento, de lazer e o contato com a natureza. Aposte em ações livres de tela, porquê esportes, artes, música, leitura, reflexão etc.
4. Compreenda e corrija seus hábitos
Entenda quais são hábitos que drenam sua vigor diante da tela. Mantenha jornadas exclusivas para o trabalho e o estudo, reservando um horário específico para acessar sites e aplicativos.
5. Desinstale aplicativos temporariamente
Se for necessário, desinstale aplicativos, mesmo que seja por tempo predeterminado ou até que você adquira autocontrole.
6. Faça pausas durante o dia
Faça pausas entre as tarefas que precisam ser feitas no computador, celular ou tablet.
Por termo, o psicólogo faz um alerta: “Se, com todas essas estratégias de ‘higiene mental’, você ainda se sentir sobrecarregado, exigido ao extremo, impaciente, ansioso e mentalmente exausto, porquê se não conseguisse haurir todas as informações que precisa, procure a ajuda de um profissional”.
Por Marlise Groth