
Entenda por que a pena de Ronnie Lessa foi maior que a de Élcio de Queiroz
O Recomendação de Sentença do 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou nesta quinta-feira (31) os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, na noite de 14 de março de 2018, na região meão do Rio de Janeiro.
Ronnie Lessa foi sentenciado a 78 anos e 9 meses de prisão, e Élcio de Queiroz a 59 anos e 8 meses. Além das penas de reclusão, ambos deverão remunerar uma pensão ao fruto de Anderson Gomes até que ele complete 24 anos. Os condenados também foram sentenciados ao pagamento conjunto de uma indenização por dano moral às famílias das vítimas, que totaliza murado de R$ 3,5 milhões.
Especialistas em Recta Penal ouvidos pela CNN explicam por que Lessa recebeu uma pena mais ligeiro do que Élcio.
O jurisperito criminalista Felipe Mello explicou que Lessa recebeu uma pena maior por ser o responsável dos disparos. Segundo ele, apesar do supino proporção de envolvimento de Élcio, que conduziu o veículo, sua participação foi considerada de menor sisudez em conferência com a de Lessa, responsável pela realização.
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Vista universal do plenário durante julgamento do caso Marielle • Divulgação/Brunno Dantas/TJ-RJ
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O ex-deputado federalista Marcelo Freixo durante julgamento do caso Marielle; réu Ronnie Lessa diz ter recebido oferta para matá-lo • Divulgação/Brunno Dantas/TJ-RJ
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Réu no caso Marielle, Ronnie Lessa prestou prova por videochamada; ele é indigitado porquê responsável por atirar contra as vítimas • Divulgação/Brunno Dantas/TJ-RJ
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O ex-policial militar Élcio de Queiroz durante julgamento do caso Marielle • Divulgação/Brunno Dantas/TJ-RJ
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Mana de Marielle, a ministra Anielle Franco esteve presente no julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz • Divulgação/Brunno Dantas/TJ-RJ
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A promotora Audrey Castro durante julgamento do caso Marielle • Divulgação/Brunno Dantas/TJ-RJ
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O promotor Fabio Vieira durante julgamento do caso Marielle • Divulgação/Brunno Dantas/TJ-RJ
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Caso Marielle: a juíza Lucia Glioche, titular do 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro • Divulgação/Brunno Dantas/TJ-RJ
“Lessa foi o executor dos disparos, quem ‘puxou o gatilho’, resultando em uma pena mais severa. Já Élcio, que dirigiu o veículo, teve supino proporção de envolvimento, mas recebeu uma pena menor, pois seu ato foi considerado de menor sisudez em relação ao de Lessa”, afirmou Mello.
Segundo o jurisperito criminalista Ilmar Muniz, ao definir a pena sobre a decisão do júri, o juiz utiliza a dosimetria, um processo em que cada condição do envolvimento dos réus no transgressão é avaliada. Assim, o juiz considera tanto os fatores que agravam quanto os que atenuam a responsabilidade individual de cada criminado.
“Na fixação da pena de Élcio, o juiz avaliou que sua participação e condições pessoais eram menos graves que as de Lessa, justificando uma pena menor. A dosimetria considera o envolvimento de forma individual”, explicou Muniz.
O jurisperito criminalista Berlinque Cantelmo explicou que as penas dos réus foram atribuídas com base no papel de cada um no transgressão. Lessa, ao realizar os disparos, foi considerado o executor, enquanto Élcio facilitou a ação dirigindo o coche.
“Em casos porquê nascente, as penas refletem o proporção de participação e responsabilidade: quem comete o ato direto tende a receber pena mais subida do que aquele com papel de suporte”, finalizou Cantelmo.
O também jurisperito criminalista Felipe Andrade destacou que o Código Penal prevê a proporcionalidade das penas para os condenados.
“O cláusula 29 do Código Penal determina que quem concorrer para a prática de um transgressão responderá por ele, mas na medida de sua culpabilidade, levando em conta sua participação porquê responsável, coautor ou partícipe”, explicou.
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Caso Marielle: Posicionamento dos carros da vereadora e dos atiradores no dia do transgressão • Reprodução
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Caso Marielle: Posicionamento dos carros da vereadora e dos atiradores no dia do transgressão • Reprodução
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Caso Marielle: Indicação das trajetórias dos disparos que atingiram Marielle Franco e Anderson Gomes • Reprodução
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Caso Marielle: Indicação das trajetórias dos disparos que atingiram Marielle Franco e Anderson Gomes • Reprodução
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Caso Marielle: Posições das vítimas no coche no dia do ataque; veículo era transportado por Anderson Gomes. Assessora da vereadora estava detrás do motorista e a parlamentar ao lado dela • Reprodução
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Caso Marielle: Laudo do mostra onde foram os disparos que atingiram o motorista Anderson Gomes • Reprodução
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Laudo mostra onde a vereadora Marielle Franco foi atingida por tiros em 2018 • Reprodução
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Caso Marielle: Marca de tiro no para-brisa do veículo onde estavam a parlamentar e o motorista Anderson Gomes • Reprodução
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Caso Marielle: marcas de tiro no vidro lateral do veículo que levava a vereadora do PSOL e o motorista Anderson Gomes • Reprodução
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Caso Marielle: projétil encontrado no pavimento do coche que levava a vereadora do PSOL e o motorista Anderson Gomes • Reprodução
Penas foram “proporcionais”
Todos os especialistas ouvidos pela CNN consideraram as penas impostas a Lessa e Élcio proporcionais e adequadas à “medida jurídica provável”.
Cantelmo destacou que muitos poderão encontrar as penas justas e lembrou que, além da pena à prisão, os réus também foram obrigados a remunerar indenizações às vítimas.
“O tribunal também impôs condenações adicionais, porquê a pensão para o fruto do motorista e a indenização por danos morais às famílias das vítimas, o que demonstra um esforço para reparar, ao menos em segmento, as consequências do transgressão”, afirmou.
Para Mello, a procura por uma pena “justa” é uma tarefa complexa, mas, neste caso, as penas são cabíveis, uma vez que ambos os réus são confessos.
“Todo atentado contra a vida é gravíssimo, independentemente da vítima, mas não se pode desprezar que testilhar uma parlamentar em pleno manobra do seu procuração eleva o sentimento de pânico e insuficiência, inclusive entre as autoridades”, disse.
Muniz ressaltou que as condenações dos réus pela morte de Marielle foram importantes para mostrar que um transgressão contra um político em manobra não ficará impune.
“Nesse caso, a pena conseguiu simbolizar o que esperamos da justiça: que seja severa e que puna exemplarmente quem atenta contra a vida de outra pessoa”, concluiu.