
Waack: A relevância das eleições municipais para 2026
Sim, escolhas para prefeitos e vereadores são diferentes de escolhas para deputados e senadores. E diferentes de escolhas para governadores e presidente.
Mesmo assim, as eleições municipais foram muito relevantes para 2026. Em primeiro lugar, pelo relativo desgaste das duas figuras políticas mais relevantes — Lula e Bolsonaro, tidas até cá porquê únicos balizadores do embate político brasílico.
O desgaste é relativo — as duas figuras continuam muito importantes, mas o desgaste é inexorável. Lula, pela idade e o cansaço que ele não esconde. Bolsonaro, pela baixíssima chance de voltar a ser elegível e pelo peso dos processos que continuará respondendo.
Em segundo lugar, as municipais reiteraram uma tendência do eleitorado que parece inexorável, por um bom tempo adiante. É a expansão de um eleitorado de centro-direita que escapa ao domínio de um nome ou uma {sigla}, ou restringido somente a regiões, confissões religiosas ou classes sociais.
Nesse sentido, as eleições municipais abriram dois grandes pontos de interrogação: quem herda os votos e o que se possa invocar de capacidade de liderança de Lula e Bolsonaro? E de que forma o eleitorado de centro-direita em expansão vai se aglutinar e solidificar?
Essas eleições foram uma magnífico vitrine das mudanças culturais no sentido mais largo provável no eleitorado brasílico, e quem não soube enxergá-las, em privativo na esquerda, perdeu mal-parecido. Mas a votação está longe de proferir para nós porquê é que vai permanecer.