Bolsonaro não só sabia do plano para matar Lula e Moraes como colaborou, diz criminalista ao WW
O jurista criminalista Pierpaolo Bottini, professor de Recta Penal da Universidade de São Paulo (USP), falou sobre o suposto envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um projecto para matar, em 2022, o portanto presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federalista (STF), Alexandre de Moraes, que presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à quadra.
A Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça-feira (19), pela Polícia Federalista (PF), prendeu quatro militares do Tropa e um agente da PF. De combinação com a investigação, o projecto foi elaborado pelo general da suplente e integrante dos “Kids pretos”, Mario Fernandes.
Durante sua participação no WW, Bottini afirmou que Bolsonaro não exclusivamente tinha conhecimento do projecto, mas também colaborou ativamente com ele. Segundo o criminalista, os indícios apresentados são bastante consistentes e apontam para a participação de militares de subida patente na elaboração e início da realização de um projeto de golpe de Estado.
“A saudação da participação do ex-presidente Jair Bolsonaro, não responde pelo delito exclusivamente quem executa o delito. Responde, também, aquele que participa da sua elaboração, que induz, que incentiva e que coordena a prática desse delito”, explica o jurista.
Evidências apontam para participação de Bolsonaro
O relatório da PF analisado por Bottini indica que Bolsonaro participou de reuniões e discussões sobre uma minuta de atos jurídicos que embasariam a ruptura com o protótipo democrático. Aliás, um documento denominado “punhal verdejante e amarelo”, que detalhava o projecto para matar autoridades, teria sido impresso no Palácio do Planalto.
O jurista da USP destacou que esses elementos, somados a outros atos uma vez que a reunião com embaixadores estrangeiros questionando o sistema eleitoral, fornecem base para uma provável denúncia robusta por secção do Ministério Público.
“Há evidências suficientes para sugerir que Bolsonaro não só estava cônscio, mas também incentivou, participou e colaborou com essas práticas consideradas gravíssimas”, afirma Bottini.
Projecto estruturado e com aproximação a recursos
De combinação com Bottini, o relatório revela que não se tratava exclusivamente de um planejamento superficial ou caricato, mas sim de alguma coisa altamente estruturado.
“A gente estava diante de alguma coisa estruturado, com militares de subida patente que tinham aproximação ao presidente da República, a armamentos e a material tecnológico avançado, além de um projecto bastante elaborado e que visava romper com o Estado Democrático de Recta”, conclui.