A ofensiva russa na Ucrânia pode se intensificar, alerta Zelensky em entrevista à AFP

Roman PILIPEY

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, em uma entrevista exclusiva à AFP em Kiev, 17 de maio de 2024

Roman PILIPEY

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou, nesta sexta-feira (17), em uma entrevista exclusiva à AFP, que a operação terrestre lançada por Moscou na semana passada na província de Kharkiv pode ser uma “primeira vaga” de uma novidade ofensiva russa e declarou que Kiev só vai concordar uma “silêncio justa”.

Zelensky reiterou o apelo aos aliados para que enviem mais sistemas de resguardo aérea e afirmou que “a maior vantagem da Rússia” é a proibição imposta pelos países ocidentais de não usar o armamento doado a Kiev para lutar o território russo.

O presidente reconheceu que a Ucrânia enfrenta uma falta de efetivos e problemas com o “moral” de suas tropas, mas garantiu que a Ucrânia vai sustentar as linhas defensivas e sustar qualquer progressão importante da Rússia.

“Ninguém vai se render”, afirmou Zelensky, um dos símbolos da resistência da Ucrânia desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.

– ‘Situação sem sentido’ –

Zelensky também rejeitou o apelo do presidente francesismo, Emmanuel Macron, por uma trégua durante os Jogos Olímpicos de Paris, entre 26 de julho e 11 de agosto, afirmando que isso contribuiria unicamente para a Rússia movimentar seus equipamentos e tropas.

O presidente afirmou que a Ucrânia e seus aliados compartilham os “mesmos valores”, mas têm “diferentes perspectivas”, particularmente sobre porquê o conflito pode terminar.

“Estamos em uma situação sem sentido em que o Oeste teme que a Rússia perdida a guerra. E não quer que a Ucrânia a perdida”, afirmou Zelensky.

“Todo mundo quer encontrar qualquer protótipo para que a guerra termine mais rápido”, respondeu o mandatário à pergunta sobre um cenário para completar com os combates, porquê a traço de subdivisão na Península Coreana.

O presidente ucraniano instou a China e países em desenvolvimento a comparecerem à conferência sobre a silêncio que será realizada na Suíça em junho, para a qual a Rússia não foi convidada.

“Queremos que a guerra termine com uma silêncio justa para nós”, enquanto “o Oeste quer que a guerra termine. Ponto. O quanto antes. E para eles, isso é uma silêncio justa”, afirmou o ex-comediante de 46 anos vestindo sua particularidade camiseta cáqui para a entrevista com a AFP realizada em Kiev.

– A ‘primeira vaga’ de uma ofensiva russa –

Zelensky afirmou que a situação na província de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, está “controlada”, mas “não estabilizada” depois Kiev enviar reforços.

Segundo uma estudo da AFP baseada em dados do Instituto Americano para o Estudo da Guerra, as forças russas tomaram mais de 278 km² em sua ofensiva nesta região.

A Rússia iniciou a ofensiva em 10 de maio, o que obrigou milhares de pessoas a fugirem de suas casas diante do progressão das tropas de Moscou.

O presidente indicou que as tropas russas avançaram entre cinco e dez quilômetros ao longo da fronteira nordeste antes de serem detidas pelas tropas ucranianas.

A ofensiva russa “poderia consistir em várias ondas. Houve uma primeira vaga” na província de Kharkiv, afirmou.

“Eu não diria que é um grande sucesso [para a Rússia], mas temos que manter a sobriedade e compreender que eles estão entrando cada vez mais em nosso território. E não o contrário. E essa ainda é a vantagem deles”, destacou.

– ‘São porquê uma fera’ –

O presidente russo, Vladimir Putin, referiu-se nesta sexta-feira pela primeira vez à operação durante sua visitante à China e justificou a ofensiva, afirmando que é uma resposta aos bombardeios ucranianos dos últimos meses nas províncias russas próximas à fronteira.

“Eu disse publicamente que, se isso continuar, seremos obrigados a fabricar uma zona de segurança”, afirmou o presidente russo. Ao ser perguntado se está em seus planos tomar a cidade de Kharkiv, Putin respondeu: “Não temos esse projeto no momento”.

Mas Zelensky apontou que as forças russas “querem lutar” a cidade, embora percebam que isso seria “muito difícil”.

“Eles entendem que temos forças que vão lutar por bastante tempo”, disse o líder ucraniano.

Zelensky também assinalou que a Ucrânia e seus aliados ocidentais não podem mostrar fraqueza e pediu o envio de duas baterias de mísseis Patriot para proteger os céus sobre a província de Kharkiv e mostrar resiliência perante Moscou.

“Eles são porquê uma fera… Se sentirem uma fraqueza em qualquer lugar nessa direção, eles seguirão em frente”, frisou.

No entanto, se as tropas ucranianas conseguirem detê-los, a Rússia desistirá: “Não acredito que vão morrer aos milhões para tomar Kharkiv”, afirmou.

– A ‘maior vantagem’ da Rússia –

Zelensky afirmou que seu país precisa de mais de uma centena de aviões militares para substanciar sua resguardo aérea, que dispõe de unicamente um quarto dos meios de que necessita.

“Hoje temos murado de 25% do que necessitamos para proteger a Ucrânia. Me refiro à resguardo aérea”, afirmou Zelensky, acrescentando que, “em relação aos aviões, […] para que a Rússia não tenha superioridade aérea, nossa frota deveria ter entre 120 e 130 aviões modernos”.

O presidente criticou as restrições ocidentais à Ucrânia sobre o uso de armas doadas para lutar o território russo.

“Podem disparar qualquer arma de seu território contra o nosso. Esta é a maior vantagem que a Rússia tem. Não podemos fazer zero contra seus sistemas, que estão no território da Rússia, com armas ocidentais”, lamentou.

Mostrar mais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios