Extrema direita francesa se rejuvenesce para as eleições europeias
PATRICK HERTZOG
“Consegui, consegui!”, exclama feliz um jovem, com o celular nas mãos, depois de tirar uma foto com a novidade estrela da extrema direita na França, Jordan Bardella, cujos 28 anos emprestam um pouco de juventude ao partido de Marine Le Pen.
A cena ocorre em um sábado quente de meados de abril em Royan, uma cidade costeira do sudoeste galicismo, onde Bardella apresenta seu programa para as eleições do Parlamento Europeu, que ele lidera amplamente na França, de conformidade com as pesquisas.
Seu programa é o tradicional da extrema direita contra a “imigração em volume”, a “barbárie” e a “desintegração” da do país, além de críticas a uma “ecologia punitiva” que puniria os agricultores e imporia turbinas eólicas.
Uma hora de comício… e uma hora de selfies. Na saída do Palácio de Congressos, dezenas de pessoas, incluindo muitos jovens, aguardam ansiosamente para tirar uma foto com o candidato. Um deles é Louis Vergnaud, que também conseguiu que ele autografasse uma bandeira francesa que ele exibe orgulhosamente.
“Ele é jovem, ávido, próximo. A pessoa que precisamos”, afirma Vergnaud, de 23 anos, com uma camisa branca de marca de luxo e uma muleta debaixo do braço. “Para os jovens, ele é o horizonte da França. Nosso salvador”, declara.
Sua cuidadosa imagem e sua biografia parecem romper com a história de seu partido. Ele nasceu em uma família de origem italiana e foi criado por sua mãe em um prédio de apartamentos de habitação social nos subúrbios de Paris.
Fundada em 1972 por Jean-Marie Le Pen, espargido por seus comentários racistas e antissemitas, a Frente Vernáculo (FN) se tornou Reunião Vernáculo (RN) em 2018 sob a liderança de sua filha Marine, que se esforçou para moderar sua imagem.
E Bardella, que preside o partido desde 2021, embora a líder de vestuário seja Marine Le Pen, “poderia dar um passo adiante [na normalização] se se distanciasse da família Le Pen”, segundo Mathieu Gallard, diretor de estudos no instituto de pesquisas Ipsos.
Uma hipótese que Agnès parece confirmar em Royan: “Paladar da personalidade de Jordan Bardella […] E olha que nunca votei em um Le Pen. Há uma renovação e acho isso muito bom”, afirma essa mulher que prefere não dar seu sobrenome.
– Disputa jovem –
Quase um em cada três franceses (32,5%) está disposto a votar nele em 9 de junho, de conformidade com uma pesquisa publicada na segunda-feira pela Ifop-Fiducial, que coloca Valérie Hayer (18%), candidata da federação centrista e pró-europeia do presidente Emmanuel Macron, muito detrás.
As 1.300 pessoas reunidas, segundo os serviços de segurança, na cidade de Royan são um exemplo de seu eleitorado cada vez mais diversificado. Há, além de homens de meia-idade, muitos jovens, mulheres e alguns idosos, vestidos de maneiras variadas, seja com camisetas ou ternos.
A música que toca nos alto-falantes antes do comício parece querer se conectar com o público heterogêneo: desde sucessos de músicos internacionais uma vez que Mika, Céline Dion ou Katy Perry, até canções de artistas franceses uma vez que Indochine, Jean-Jacques Goldman ou Jul.
Mas na atual disputa eleitoral, marcada na França pela juventude de seus candidatos – exceto um, os principais têm entre 28 e 38 anos -, o progresso do RN se explica por uma série de fatores.
Embora os franceses vejam seu partido uma vez que “dominador” e “racista”, Le Pen conseguiu que o percebam uma vez que “o primeiro partido da oposição” e com “opções para governar”, além de próximo de suas preocupações (poder de compra, imigração, instabilidade), explica Gallard.
Quanto ao dirigente de suas fileiras, a postura de Bardella, “mais conservadora em questões sociais e um pouco mais liberal na econômica”, também atrairia o eleitorado de formações rivais de direita em baixa, acrescenta o perito.
Será que essa popularidade poderia levá-lo a disputar com Marine Le Pen a candidatura para a eleição presidencial francesa de 2027? Embora ausente do grande comício no oeste da França, a líder de 55 anos esteve presente nos vídeos e nos discursos dos oradores.
“Atualmente eles têm o mesmo nível de popularidade”, diz o perito da Ipsos, para quem, “a menos que Marine Le Pen decida que Jordan Bardella é um candidato melhor”, seria “muito difícil” ele se impor até 2027.