
Em setor predominantemente masculino, ela abriu negócio familiar e fatura R$ 3 mi
Participar ativamente da rotina administrativa do negócio de seus pais sempre foi generalidade para Carollyne Campos. Da cidade de Rio Verdejante, Goiás, sua família mantém, há pelo menos 30 anos, uma empresa que se beneficia da imponência do agronegócio na região — e que, desde 2022, é comandada inteiramente pela empreendedora de 35 anos.
Segunda geração no comando do negócio, Carollyne hoje lidera a Campos Diesel, uma oficina mecânica focada na manutenção e troca de bombas e bicos injetores (peças que compõem o motor) de veículos a diesel, combustível que move grande segmento dos caminhões, tratores e colheitadeiras agrícolas, por exemplo.
A gerência totalidade da oficina tem sido sua responsabilidade desde que o pai saiu do negócio, em 2022. Sob seu comando, a Campos Diesel passou por uma verdadeira regeneração, a estrear pelas finanças.
O propósito foi deixar de lado o perfil arcaico de controle de gastos e despesas, típico em empresas familiares que baseiam suas em relações com clientes pela crédito dos relacionamentos de longa data. “Percebi que era hora de mudar a bagunça. Muitas negociações eram feitas unicamente nos combinados verbais, sem um contrato”, ela lembra.
Com as mudanças, a empresa foi aos poucos abandonando o perfil familiar. “Já fomos uma empresa familiar mas hoje não somos mais”, comenta, lembrando que é hoje a única representante da família do negócio”. Os resultados dos esforços para regenerar a empresa já começaram a comparecer: nos últimos doze meses, a Campos Diesel faturou R$ 3,6 milhões, um resultado considerado satisfatório por Carollyne, considerando o desempenho de um pequeno negócio do setor, em uma cidade interiorana.
Carollyne conta que, sem cursos ou especializações, aprendeu a empreender na prática, observando os pais. “Foi tudo no meu jeitinho, pois não fiz curso nem zero, só “meti as caras” e fui somando isso ao que eu aprendi ao longo dos anos. Fui negociando com um distribuidor cá, outro ali e assim ganhando ainda mais credibilidade com nossos fornecedores e credores”.
Ainda assim, ela destaca a valia da especialização e da curiosidade de empreendedores de primeira viagem por conteúdos de capacitação em frentes uma vez que gestão e finanças. Em áreas que exigem uma atuação mais técnica, essa procura é ainda mais urgente, avalia.
“Não basta entender a rotina do escritório. Ainda que você não atue na prestação do serviço — no meu caso, na reparação mecânica — , é preciso saber o que é feito na sua empresa, entender a qualidade do serviço. Por isso, hoje eu sei determinar um diagnóstico sobre uma peça, mesmo que eu não a monte. Entendo a premência de reparo, de troca e sei expor quando um funcionário está correto na avaliação dele”, diz.
Desafios do empreendedorismo feminino
Em um setor tipicamente masculino, ela conta que ser a representação de liderança feminina tem sido uma construção de longo prazo. Também pudera: a clientela da Campos Diesel, também majoritariamente masculina, estava habituada a mourejar unicamente com seu pai, da lanço de negociação à prestação de serviços.
“Para mim, essa transformação ainda está acontecendo. Não vou expor que é fácil, porque não é. Mas os clientes, e o mercado exigem que você assuma uma posição uma vez que líder e é preciso transmitir que todas as mudanças vieram para desenvolvimento da empresa – incluindo uma novidade mulher no controle”, diz. “Eu vejo que a mulher tem uma força muito grande, e que está cada dia sendo mais aceita em qualquer que seja a profissão”, conclui.
A empreendedora avalia o ano de 2024 uma vez que “reptador”, tendo em vista os altos e baixos encarados pela ergástulo do agro, mas vê com otimismo o próximo ano. “O agro é motor do nosso negócio, mas não somente dele. Em Rio Verdejante ele é nosso carro-chefe. Se o agro vai muito, tudo vai muito. Quando uma colheita é ruim, tudo é afetado. Esperamos um 2025 melhor”, avalia a empreendedora, que também espera sinal virente da economia para levar o negócio a outras praças pelo Brasil.
De olho no desenvolvimento do negócio, ela agora tem investido na oficina ampliando seu espaço, modernizando o maquinário e fazendo melhorias estruturais no lugar. “Aprendi a manter um ritmo de desenvolvimento tendo sempre o pé no soalho. E é logo que espero continuar deixando um legado no nosso setor”.
(Texto de Maria Clara Dias)