70% dos jornalistas ambientais no mundo sofrem ataques, ameaças ou pressões

ALAN CHAVES

Mina de mina proibido de ouro em Roraima, na Amazônia Legítimo, em 24 de fevereiro de 2023

ALAN CHAVES

Muro de 70% dos jornalistas dedicados a informar sobre temas ambientais ou a crise climática ao volta do mundo sofreram ameaças, pressões ou agressões por seu trabalho informativo em prol da preservação, revela uma pesquisa da ONU divulgada nesta quinta-feira (2).

O estudo foi realizado em março, com 905 comunicadores de 129 países, pela Unesco e pela Federação Internacional de Jornalistas.

As organizações consultaram profissionais que cobrem a espaço de meio envolvente e 70% “informaram ter sazonado ataques, ameaças ou pressões relacionadas com sua atividade”, segundo os resultados do estudo, divulgados em Santiago. “Desses, dois em cada cinco sofreram violência física posteriormente”, acrescenta o informe, divulgado por ocasião do Dia Internacional da Liberdade de Prelo.

Oitenta e cinco por cento dos comunicadores afetados disseram ter sofrido ameaças ou pressões psicológicas, enquanto 60% sofreram assédio on-line; 41%, agressões físicas; e 24% informaram que foram atacados legalmente.

Ou por outra, 45% dos consultados disseram ter se autocensurado por susto de possíveis agressões ou porque suas fontes ficariam expostas a qualquer dano. O mesmo percentual afirmou, ainda, ser consciente do conflito de interesses envolvendo seus empregadores ou anunciantes e os temas ambientais.

A Unesco revelou que as mulheres sofrem ataques com mais frequência por informarem sobre esses assuntos. “Sem informação científica confiável sobre a crise ambiental, nunca poderemos esperar superá-la”, afirmou Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco, citada em um expedido.

Audrey acrescentou que os jornalistas que tratam desses temas com a intenção de tornar a informação alcançável “enfrentam riscos inaceitáveis em todo o mundo, e a desinformação relacionada ao clima se prolifera nas redes sociais”.

– Assassinatos –

Por ocasião da divulgação do informe, a Unesco revelou, ainda, que 749 comunicadores, coletivos de jornalistas e veículos de notícia que cobrem temas ambientais foram “atacados” em 89 países entre 2009 e 2023. Mas 300 dessas agressões se concentraram nos últimos cinco anos, um aumento de 42% em relação ao quinquênio anterior, em meio ao aumento da desinformação on-line.

A Unesco lembrou que pelo menos 44 jornalistas que informavam sobre o meio envolvente foram mortos desde 2009 em 15 países, principalmente nas regiões de Ásia e Oceania (30) e América Latina (11), sem revelar de onde eram os outros três.

Os comunicadores desses temas enfrentam cada vez mais riscos, porque seu trabalho frequentemente “vai de encontro a atividades econômicas altamente rentáveis, uma vez que o namoro proibido de árvores, a caça proibido ou o vazamento furtivo de resíduos”, explicou a Unesco.

Os jornalistas mortos na Ásia e no Pacífico (Oceania), por exemplo, cobriam principalmente mineração, desmatamento e conflitos por terreno. Ao contrário, nenhum padrão específico de cobertura se destacou na América Latina e no Caribe, destacou a organização.

Outro problema denunciado pelos autores do informe foi a impunidade. Dezenove assassinatos foram arquivados sem que culpados fossem encontrados, em cinco casos as diligências seguem abertas e em outros cinco conseguiu-se desaprovar os culpados.

A situação dos outros 15 casos é desconhecida, porque os países onde ocorreram os crimes não deram informações à Unesco.

Na América Latina e no Caribe, a maioria dos assassinados não tem executores identificados, “o que sugere possíveis níveis mais altos de impunidade”, destaca o informe.

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