
o que vai diferenciar o usuário do traficante no Brasil
Sintoma em prol da descriminalização da maconha em São Paulo, em 16 de junho de 2024
NELSON ALMEIDA
O Supremo Tribunal Federalista (STF) definiu nesta quarta-feira (26) que a quantidade de 40 gramas de maconha distinguirá um usuário de um traficante, em seguida despenalizar ontem a posse dessa droga, uma decisão que divide a sociedade.
“Será considerado usuário aquele que, para uso próprio, comprar, vigilar, tiver em repositório, transportar ou portar consigo até 40 gramas de cannabis sativa ou seis vegetação fêmeas”, disse o presidente do STF, Luis Roberto Barroso.
A regra prevalecerá pelo menos até que o Congresso legisle mais especificamente sobre o matéria, acrescentou.
Os juízes do STF votaram na terça-feira em prol da descriminalização da posse de maconha para uso pessoal, concluindo um julgamento iniciado em 2015.
A medida adotada é um meio-termo entre os 25 e 60 gramas que os juízes haviam proposto anteriormente.
Até agora, a lei deixava a critério dos juízes instaurar se o portador era usuário ou traficante, oriente último sujeito a duras penas de prisão.
O critério para definir a quantidade teve porquê base a regra aplicada no vizinho Uruguai, onde o cultivo pessoal, a comercialização e o consumo recreativo da maconha são legalmente regulados desde 2013, explicou Barroso.
Os limites estabelecidos no Brasil superam os fixados em outros países onde o consumo recreativo é permitido, porquê na Alemanha, que permite até 25 gramas ou ter três vegetação, e Canadá, que admite até 30 gramas e quatro vegetação por habitação.
O STF também decidiu que a posse e o consumo de maconha continuarão sendo “uma ação ilícita” passível de medidas administrativas, porquê seguir um programa educativo. Ao mesmo tempo, “permanece a proibição do consumo em locais públicos”.
A legislação adotada em 2006 e vigente até hoje pune quem “adquire, guarda, transporta ou porta para uso pessoal drogas sem autorização”, incluindo a maconha.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou nesta quarta-feira que a decisão do STF foi adequada.
“Eu acho que é sublime que haja diferenciação entre consumidor, usuário e o traficante”, afirmou Lula em entrevista ao portal UOL.
Para Carlos Eduardo Araújo, diretor do Observatório Brasílico de Cannabis, a decisão pode permitir a revisão de alguns casos de pessoas presas por posse de maconha sem indícios de serem traficantes.
“Mas ainda assim, é insuficiente para prometer o uso individual da maconha”, ponderou.
Enquanto isso, uma iniciativa contrária à decisão do Supremo avança no Congresso.
O Senado, de maioria conservadora, aprovou em abril um projeto que introduz na Constituição o delito de posse de drogas, independentemente da quantidade.
A emenda será debatida por uma percentagem peculiar da Câmara dos Deputados.