Campanhas de Boulos e Tabata vão à Justiça contra vídeo de Marçal pedindo dinheiro para apoiar candidatos a vereador
Os candidatos à Prefeitura de São Paulo Tabata Amaral (PSB) e Guilherme Boulos (PSOL) entraram com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) contra Pablo Marçal (PRTB) posteriormente ele anunciar que faria vídeos de base a candidatos a vereador da direita mediante doação de R$ 5 milénio para sua campanha.
Nesta terça-feira (1º), durante entrevista coletiva, Marçal afirmou que recuou da medida posteriormente ser aconselhado por seus advogados.
“Eu fiz um operação que iria entrar uns R$ 5 milhões de doação na campanha. Não é ilícito, se não nem teria feito. Mas uma vez que vai ter esse ‘burburinho’, todo mundo usando verba público e eu estou precisando de verba de doação, acabei não gravando para ninguém e não recebemos nenhum valor”, disse o candidato do PRTB.
Tabata e Boulos acusam o inimigo do PRTB de uso indevido dos meios de informação e agravo de poder político e econômico.
Prática considerada ilícita
Especialistas ouvidos pela CNN dizem que a gravação de vídeos mediante doação de recursos para campanha é considerada ilícita.
“O art. 57-C da Lei das Eleições proíbe qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet. No caso, os candidatos que, de certa forma, comprariam o base de Marçal por meio da doação financeira à sua campanha, incidem nessa vedação e poderiam ser multados”, explica Anna Paula Mendes, professora de Recta Eleitoral e coordenadora da Liceu Brasileira de Recta Eleitoral e Político (Abradep).
Segundo o jurista eleitoral Alberto Rollo, Marçal poderia ser culpado de agravo de poder econômico ao usar o verba da venda dos vídeos.
“Na própria campanha, a pessoa física só pode doar até 10% dos rendimentos brutos do imposto de renda de 2023”, prossegue Rollo.
Mendes diz que deverá ser analisado pelo tribunal se Marçal “desrespeitou as regras de arrecadação de recursos com a prática”.
Porquê funcionária a gravação de vídeos e as doações?
No dia 28 de setembro, em uma publicação nos stories do Instagram, Marçal anunciou que faria vídeos de base a candidatos a vereador da direita espalhados pelo Brasil mediante doação de R$ 5 milénio para sua campanha à Prefeitura de São Paulo.
Embora afirmasse que sua equipe entrará em contato com os candidatos selecionados para a gravação do vídeo e a realização da doação, era pedido que os candidatos anexassem o comprovante de transferência já no formulário de matrícula.
O formulário também pedia autorização para utilizar dados pessoais dos candidatos, uma vez que número de telefone e e-mail, para envio de “ofertas de produtos e serviços” – Marçal é sabido pela venda de cursos na internet – e “comunicações de caráter político”.
“Quero te fazer uma pergunta: você conhece alguém que quer ser vereador e é candidato, que não seja de esquerda? De esquerda nem precisa avisar. Se essa pessoa é do muito e quer um vídeo meu para ajudar a impulsionar a campanha dela, você vai mandar esse vídeo e falar ‘olha que oportunidade’. Essa pessoa vai fazer um Pix de R$ 5 milénio para minha campanha, uma vez que doação”, disse Marçal.
“Fez essa doação, eu mando o vídeo. Você vai clicar no formulário, cadastrar, a equipe vai entrar em contato”, continuou Marçal em um vídeo publicado na instrumento stories do Instagram. Ele reafirmou que não utiliza verba público e, por isso, precisava da ajuda de seus apoiadores.
O que dizem as ações contra Marçal?
A CNN teve aproximação à ação protocolada por Guilherme Boulos, que pede para que o TRE-SP suspenda a suposta “venda de base político” por secção de Marçal.
“Ao anunciar a ilícito venda de base político em sua conta do Instagram, @pablomarcalporsp, que conta com 5,4 milhões de seguidores, fez uso indevido de meio de informação social”, diz a ação contra Marçal.
A ação do PSB, partido de Tabata Amaral, cita que o candidato do PRTB transformou as eleições em um “grande balcão de negócios, em puro business” e pede a “proibição de que os representados continuem com a prática repreensível”.
De convenção com Filipe Sabará, coordenador da campanha de Marçal, em fala à CNN “não existe objeto” nas ações protocoladas por Tabata e Boulos, porque o projeto “não avançou”.
*Com informações de Adriana de Luca, da CNN, e do Estadão Teor