Análise: Com Venezuela e Nicarágua, Lula coloca sua credencial como democrata em jogo

O exegeta de internacional da CNN Lourival Sant’Anna alertou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está colocando em risco sua credibilidade uma vez que democrata ao se envolver com os regimes da Venezuela e da Nicarágua. A enunciação foi feita durante uma estudo sobre os recentes esforços diplomáticos do Brasil em relação a esses países.

Sant’Anna destacou que o envio de Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, à Venezuela, comprometeu o Brasil com o processo eleitoral do país caribenho.

“Ao enviar o Celso Amorim para Caracas, o presidente Lula criou para si mesmo um compromisso de dar um veredito sobre o resultado daquela eleição”, afirmou o exegeta.

Dilema diplomático

O perito traçou um paralelo entre a situação atual e o histórico de esteio de Lula a líderes uma vez que Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e Daniel Ortega.

Segundo Sant’Anna, esses líderes, inicialmente eleitos democraticamente, posteriormente “usurparam o poder, criaram processos de mudanças constitucionais para se perpetuar no poder, acabaram com a liberdade de prelo, acabaram com a independência do judiciário, fizeram manipulações eleitorais”.

O exegeta ressaltou que Lula enfrenta agora um dilema entre manter seu compromisso histórico com essas correntes de esquerda e preservar sua imagem uma vez que padroeiro da democracia.

“Ele tem dois compromissos, o compromisso com esses líderes […] e aí ele está tentando manter o compromisso com as duas coisas, mas é a própria credencial dele uma vez que democrático que está em jogo”, explicou Sant’Anna.

Questionamento sobre o legado democrático

Lourival Sant’Anna concluiu sua estudo questionando qual história Lula deseja racontar: “A história do compromisso dele com a democracia ou a história do compromisso dele com líderes de esquerda que são antidemocráticos?”.

Esta pergunta reflete a dificuldade da situação diplomática em que o presidente brasiliano se encontra, equilibrando-se entre alianças históricas e princípios democráticos.

A postura de Lula em relação a esses regimes tem gerado debates intensos tanto no cenário político pátrio quanto internacional, levantando questões sobre o papel do Brasil uma vez que mediador em conflitos regionais e seu compromisso com os valores democráticos na América Latina.