Doação de órgãos: um doador pode salvar até oito vidas, diz especialista
O Brasil é referência em transplante de órgãos e possui o maior programa público do procedimento no mundo — muro de 90% das cirurgias é feita no Sistema Único de Saúde (SUS). A doação de órgãos é necessário nesse processo. No entanto, de cada 14 pessoas que manifestam interesse em doar, exclusivamente quatro acabam, de vestimenta, efetuando a doação. O principal motivo para isso ainda é a resistência das famílias.
Para falar sobre o matéria, Dr. Roberto Kalil recebe Paulo Manuel Pêgo Fernandes, professor-titular do Departamento de Cardiopneumologia do Incor, e Fernando Bacal, diretor do Núcleo de Transplantes também do Incor, no “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Explica”.
Ao longo da conversa, os especialistas destacam a influência de um sistema de doação e transplantes no Brasil, que, além de órgãos, também inclui córnea, ossos e pele.
“A gente faz uma conta que um doador pode salvar muro de oito vidas”, afirma Bacal. Ou por outra, o perito ressalta que a doação pode melhorar a qualidade de vida e dar mais distinção a quem recebe.
Fernandes explica mais sobre a influência desse tipo de doação. “Hoje, nós temos uma epidemia de traumatismo de moto, por exemplo, na cidade de São Paulo. Muitas vezes, se perde substância óssea, ou seja, perde o osso da perna, do braço, ou pele, com grandes queimaduras”.
Sistema de transplantes de órgãos no Brasil
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é, em números absolutos, o segundo maior transplantador do mundo, detrás exclusivamente dos Estados Unidos. A rede pública de saúde fornece aos pacientes assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, séquito e medicamentos pós-transplante.
Só em 2023, foram realizados quase 26 milénio transplantes de órgãos, tecidos e medula óssea, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Entre janeiro e março de 2024, ocorreram muro de 6,7 milénio cirurgias, sendo mais de 1,3 milénio relacionadas ao rim.
“Do ponto de vista de legislação, acho que talvez o país seja o mais equitativo”, diz Fernandes. O perito acredita que as regras para o sistema de transplantes funcionar são um fomento à doação. “Essa questão de ser uma lista única por sisudez, e não por qualificação social ou administrativa, é o que motiva as pessoas a doarem, porque elas sabem que o órgão delas vai ser muito utilizado, vai ser utilizado por quem de vestimenta precisa”.
“A sisudez é o que manda, independentemente da classe social do paciente. O critério que leva um paciente a fazer um transplante é a prioridade clínica e o tempo de espera em fileira. Portanto, transplante não tem nenhum privilégio social e econômico. Os pacientes estão em posições iguais”, complementa Bacal.
Os órgãos cuja lista de espera é maior são rins, fígado, coração e pulmão. “No Brasil, se realiza mais ou menos 6 milénio transplantes de rim por ano, 2.200 de fígado, aproximadamente 350 de coração e 100 de pulmão, por ano. E as filas são mais ou menos compatíveis com esse número. Ou seja, a maior fileira é de rim, a segunda maior é de fígado, a terceira maior é de coração, e a quarta maior é de pulmão. Obviamente isso oscila, e tem estados que têm maior fileira e outros, menor fileira”, afirma Fernandes.
Porquê funciona a doação de órgãos?
No Brasil, a doação de órgãos e tecidos de pessoas falecidas só é realizada em seguida a autorização familiar. Com isso, mesmo que a pessoa tenha dito em vida que seu libido era se tornar um doador, se provável, exclusivamente os familiares podem realizar a decisão final. Se a família não autorizar, os órgãos não serão retirados.
O doador falecido pode doar órgãos uma vez que: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e tripa; e tecidos: córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, cartilagem, medula óssea, sangue do cordão umbilical, veias e artérias.
A doação também pode ser feita por um doador vivo, que deve ser maior de idade e juridicamente capaz, saudável e consentir com a doação, desde que não prejudique a própria saúde. Ou por outra, pela legislação brasileira, parentes de até quatro graus e cônjuges podem ser doadores. A doação de órgãos de pessoas vivas que não são parentes do receptor é feita mediante autorização judicial.
Um doador vivo pode doar um dos rins, secção do fígado, secção da medula ou secção dos pulmões, a compatibilidade sanguínea é necessária em todos os casos. Para doar órgão em vida, o médico deverá calcular a história clínica do doador e as doenças prévias.
“A doação intervivos cabe muito muito quando por qualquer motivo seja muito difícil conseguir um doador sucumbido. Por exemplo, uma menino que tem uma fibrose cística e que é pequenininha, tem que transplantar pulmão. Portanto, ou você reduz um doador sucumbido, ou você capta um lobo do pai e um lobo da mãe”, explica Fernandes.
Esse procedimento, cuja técnica avançou muito nos últimos anos, é muito regulamentado por lei. “Tem que ter um parentesco até quarto intensidade em relação a quem vai receber. Ou consorte, que também pode receber ou doar. Se não for nesses casos, só com autorização judicial”, afirma Bacal.
Porvir da doação de órgãos
Segundo os especialistas, o que precisa melhorar ainda hoje no Brasil é a pulverização de centros especializados. Bacal afirma, por exemplo, que na região setentrião não tem nenhum, o que pode dificultar a captação e o implante. No caso do coração, por exemplo, que tem menor resistência, os especialistas precisam realizar todo o processo em torno de 4 a 5 horas. “Se você tiver um doador no Amazonas para usar em São Paulo, já não dá tempo”, afirma Fernandes.
Os dois também ressaltam que esse processo é rigorosamente regulamentado. “A morte cerebral no Brasil é super checada, muito mais do que em outros países. A nossa legislação é muito restrita, é super rigorosa, para ter certeza de que não há nenhuma incerteza de que aquele paciente tem morte encefálica. Portanto, não tem nenhum risco de ser utilizado órgão de alguém que não tenha falecido”, afirma Fernandes.
O “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” vai ao ar no sábado, 02 de novembro, às 19h30, na CNN Brasil.
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