Estudo aponta impulso fiscal negativo em 2025, mas indica perspectiva de novo expansionismo em 2026

A economia brasileira terá um contracionismo fiscal, com impulso negativo de 0,7% do PIB, em 2025.

Isso significa que, para efeito da demanda agregada, haverá uma ligeira retração dos estímulos fiscais.

Os cálculos fazem secção de um estudo da MCM Consultores distribuído para clientes nesta quinta-feira (31).

Em 2023, houve um imperialismo de 2% do PIB. Neste ano, o impulso tem sido praticamente neutro — negativo em unicamente 0,1%.

O impulso fiscal é definido pela variação do déficit (ou superávit) primitivo de um ano em relação ao déficit (ou superávit) do ano anterior.

Para medir o efeito sobre a demanda agregada, no entanto, é necessário contabilizar um conjunto de números que podem estar fora das estatísticas de apuração do resultado primitivo.

São as exceções — uma vez que o pagamento de precatórios ou os gastos com a reconstrução do Rio Grande do Sul pós-enchentes.

Mas é preciso também excluir eventos extraordinários que não impactam a demanda, uma vez que a apropriação de recursos esquecidos no sistema bancário ou do PIS/Pasep.

“Em 2022, o impulso fiscal foi de −0,8% do PIB. Muito disso causado por receitas não-recorrentes advindas do petróleo e pelo ‘calote’ dos precatórios. Dessa forma, o impulso fiscal sobre a demanda agregada foi contracionista naquele ano”, afirma um trecho do estudo.

“No ano de 2023, o impulso fiscal foi também colossal, de 2% do PIB, e se propagou para o restante da economia em magnitude muito semelhante àquele observado no cômputo estrutural”, prossegue a MCM.

“Para 2024, nessa versão, o impulso será unicamente ligeiramente contracionista, em −0,1% do PIB. Esse valor já contempla o ajuste para que o pagamento dos precatórios de R$ 92,4 bilhões esteja contabilizado”.

“Para 2025, nossa estimativa é que o impulso seja novamente contracionista, desta vez em −0,7% do PIB. Esperamos que o orçamento de 2025, sem novos afrouxamentos inesperados de regras, deverá contribuir ainda para desaquecer a demanda agregada quando comparado com o orçamento de 2024”.

O estudo da MCM Consultores finaliza dizendo, porém, que “não é difícil imaginar” um novo imperialismo fiscal em 2026.

Diante da proximidade das eleições presidenciais, os economistas da consultoria veem chances de medidas de incitação fiscal ou parafiscal.

“O segundo impulso [parafiscal] pode estar relacionado à premência de incorporar o valor integral dos precatórios dentro do limite de gastos em 2027, o que também demandará uma flexibilização do tórax”, afirma o estudo.

“E não é difícil vislumbrar que o projeto possa ser povoado por jabutis para expandir outros gastos, em uma janela de oportunidade semelhante à PEC de transição”.

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