
Análise: Lula deseja não dar indícios de ruptura com a Venezuela
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um tom cauto ao comentar as recentes eleições na Venezuela, segundo a exegeta de internacional da CNN Fernanda Magnotta. Em sua primeira sintoma pessoal sobre o ponto, Lula afirmou estar “convicto de que é um processo normal”, uma enunciação que, na visão da exegeta, procura evitar indícios de ruptura com o país vizinho.
Magnotta destaca que a fala do presidente brasílico é uma tentativa de “aquietar” e “desviar da pergunta”, utilizando eufemismos para lucrar tempo.
“É uma vez que se ele tivesse, ao se manifestar nessa direção, forjando uma certa normalidade, querendo não dar indícios de uma ruptura para a Venezuela e, ao mesmo tempo, de não fazer uma cena que vai ser criticado”, explica a profissional.
Diplomacia cautelosa
O tom adotado pela diplomacia brasileira tem sido “parcimonioso e escrupuloso”, segundo Magnotta. Ela ressalta que há uma premência de resgatar informações e ter chegada aos materiais eleitorais, uma vez que tem sido solicitado por diversos atores internacionais. “O favor da incerteza está posto”, afirma.
A exegeta diz crer que o governo brasílico deve se manifestar de forma mais contundente unicamente por meio de uma coalizão.
“Acho muito improvável que o Brasil fale sozinho. Neste momento, a cultura tem sido feita em trio, Brasil, Colômbia e México”, observa Magnotta, indicando que esses três países estão se articulando para exprimir uma nota conjunta.
Desafios internos
Magnotta também aponta para desafios internos no governo brasílico que complicam a situação. A falta de coesão, exemplificada pela nota divulgada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), cria “rusgas” que o presidente poderia evitar neste momento, segundo a profissional.
A postura de Lula reflete a complicação da situação diplomática, onde o Brasil procura manter um estabilidade quebrável entre não antagonizar a Venezuela e não endossar completamente um processo eleitoral que tem sido questionado internacionalmente.
À medida que a pressão interna na Venezuela e da comunidade internacional aumenta, o Brasil se vê na posição de ter que velejar cuidadosamente suas relações diplomáticas na região.
(Publicado por Raphael Bueno, da CNN Brasil)
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