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“Bolsonaro quer emplacar seu candidato na Câmara para manter influência na Casa“, afirma cientista político
Em entrevista ao WW nesta terça-feira (29), o investigador político Carlos Pereira, professor de Ciência Política da Instauração Getulio Vargas (FGV), analisou a atual movimentação política do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação à sucessão na presidência da Câmara dos Deputados. Segundo o profissional, Bolsonaro está hipotecado em emplacar seu próprio candidato para manter influência significativa na Morada.
De concórdia com o professor da FGV, essa estratégia ganhou destaque posteriormente as eleições municipais, que sinalizaram um prostração da força política de Bolsonaro. “As eleições municipais deram um recado importante que Bolsonaro saiu menos possante do que se previa, do que se imaginava”, afirmou.
Impacto das eleições municipais
O desempenho inferior do esperado nas eleições locais teria motivado uma reavaliação do cenário político na Câmara. “A força de reunião do presidente em transformar isso em vitórias eleitorais nas prefeituras e câmaras de vereadores foi muito menor. Isso, talvez, seja um dos primeiros reflexos que a Câmara dos Deputados dá a essa novidade avaliação”, explicou Pereira.
O investigador político ressaltou que as eleições servem porquê oportunidade para os políticos atualizarem suas percepções e estratégias. Com a aparente perda de densidade eleitoral de Bolsonaro, abriu-se espaço para novos acordos e articulações na Câmara.
Concentração do poder na Câmara
Pereira destacou o papel medial do atual presidente da Câmara, Arthur Lira, nesse processo. “O processo decisório dentro da Câmara dos Deputados é muito concentrado e ele utiliza-se dessa regalia de convergência para utilizar esses poderes de forma estratégica a maximizar os seus interesses”, observou.
Para o investigador político, Lira procura emplacar seu próprio candidato à sucessão, com o objetivo de manter sua influência no processo decisório da Morada. De concórdia com o professor, essa movimentação política pode resultar em uma verosímil aproximação entre o conjunto liderado por Lira, não tão claramente desempenado a Bolsonaro, e o governo do presidente Lula (PT).