
Governo tem grande desafio para cumprir meta fiscal em 2025, apontam economistas no CNN Talks
Ao passo que as despesas do governo seguem crescendo, e as propostas arrecadatórias e compensatórias vistas até agora se mostram insuficientes, a avaliação de panelistas do CNN Talks desta quinta-feira (29) é que há muitos obstáculos pela frente para o cumprimento da meta fiscal.
“Os desafios são grandes, principalmente quando compara o desempenho desse ano e o do ano que vem, uma vez que boa segmento das receitas são temporárias”, avalia Vilma da Conceição Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, no CNN Talks.
“O governo está fazendo um esforço para compreender a meta esse ano, mas ano que vem ele vai ter que de novo elaborar novas medidas de proveito de receita”, pontua.
“O repto do estabilidade das contas públicas” foi o tema do terceiro e último pintura do CNN Talks: Caminhos para o desenvolvimento, realizado em São Paulo.
Para o economista e presidente no Fórum Vernáculo INAE, Raul Velloso, o repto é evidente: a Previdência Social.
“Se olharmos um período de mais de 30 anos, nós vamos verificar que estamos gastando absurdamente com previdência, e caminhamos para zerar o investimento público em infraestrutura. Isso é um pouco realmente chocante”, indaga Velloso.
O economista reforça a urgência de se realizar investimentos para que o país possa crescer. E para desbloquear os recursos necessários para tal, Velloso defende que é importante a realização de reformas de tempos em tempos, de modo que as novas regras facilitem o trabalho de investimento.
A diretora da IFI reforça a teoria ao indicar para a governança porquê um recurso.
“Quando a gente observa essa situação, temos que pensar em governança. O caminho passa por bons instrumentos de governança”, afirmou à CNN.
“A gente tem observado alguns avanços institucionais importantes, reformas estruturantes. A principal das reformas é a tributária, mas também há mudanças na governança fiscal, com o tórax. Há algumas dúvidas sobre sustentabilidade do mecanismo, mas o progresso é relevante”, pontuou da Conceição.
Ela reforça a urgência de se reavaliar a questão do quadro médio e da qualidade das despesas, o que o governo tem começado a olhar com a questão do chamado pente fino de benefícios. Mas a economista reforça que ainda há dificuldade para materialização dos resultados por conta da dificuldade em se sustar gastos discricionários.
“O governo sinalizou uma meta ambiciosa de zerar o déficit fiscal, mas não criou os instrumentos necessários para isso. Precisamos pensar o orçamento não só para o ano em si, mas para os próximos. É fundamental proceder na sustentabilidade da politica fiscal”, conclui.