Alvo de mandado de prisão do TPI, Putin anuncia viagem à Mongólia, país que integra o Tribunal

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, irá à Mongólia na semana que vem, marcando sua primeira viagem a um país que integra o Tribunal Penal Internacional (TPI) desde a emissão de uma ordem internacional de prisão contra ele, feita pela Namoro em 2023. Pelas regras do Regime de Roma, o governo mongol é obrigado a satisfazer a ordem e prender Putin logo que ele pisar no país, mas as chances disso ocorrer são consideradas pequenas.

Segundo enviado do Kremlin, o líder russo irá ao país a invitação do presidente mongol, Ukhnaa Khurelsukh, para “participar em eventos cerimoniais dedicados ao 85º natalício da vitória conjunta das forças armadas soviéticas e mongóis sobre os militares japoneses no rio Khalkhin Gol”. Ainda estão previstas conversas bilaterais sobre “as perspectivas para o desenvolvimento das relações russo-mongóis de uma parceria estratégica abrangente e trocarão opiniões sobre questões internacionais e regionais atuais.”

Viagens internacionais limitadas

Desde a emissão da ordem internacional de prisão contra Putin pelo TPI, relacionada à denunciação de “deportação” de crianças ucranianas dos territórios ocupados por Moscou posteriormente o início da guerra na Ucrânia, o líder russo tem feito poucas viagens internacionais, e vinha escolhendo exclusivamente países que não fazem secção do Regime de Roma.

O Kremlin rejeita as acusações, que também incidem sobre a Comissária para os Direitos das Crianças, Maria Lvova-Belovna, mas também não parece disposto a passar riscos: no ano pretérito, Putin não compareceu à cúpula dos Brics, na África do Sul, tampouco foi à reunião de líderes do G20, na Índia — o governo russo ainda não confirmou se Putin virá ao encontro do grupo no Brasil (que é subscritor do Regime de Roma), em novembro.

Parceria histórica entre Rússia e Mongólia

A Mongólia é um idoso parceiro de Moscou, desde os tempos da União Soviética, e tem estreitado essa amizade depois da troca de bandeiras no topo do Kremlin, em 1991. Um exemplo da parceria foi visto no prelúdios da semana, quando militares russos e mongóis participaram de exercícios, chamados de Selenga 2024, na fronteira dos dois países.

Ao mesmo tempo, a Mongólia tem fortalecido sua presença no TPI: o país assinou o Regime de Roma em 2000 e o ratificou em 2002. No ano pretérito, Erdenebalsuren Damdin se tornou o primeiro juiz mongol a fazer secção do tribunal, alguma coisa que o presidente Khurelsukh chamou, na quadra, de “sinal do incremento e fortalecimento da reputação do país na estádio internacional e da crédito das organizações internacionais na Mongólia”.

Verosimilhança de detenção

Pelo Estatuto, os países signatários são obrigados a satisfazer ordens de prisão emitidas pela Namoro, e em tese podem suportar reprimendas junto à ONU. Todavia, são vários os casos em que pessoas procuradas pelo tribunal viajaram a países-membros e não foram detidos. No caso de Putin, além da pouca vontade política do governo da Mongólia em prendê-lo, a localização geográfica seria um complicador: o país faz lema exclusivamente com Rússia e China, que provavelmente não dariam permissão de voo para que uma avião levando o líder russo para Haia.

“O risco de detenção não depende da assinatura de quaisquer documentos, mas dos interesses políticos dos Estados, da presença ou privação de vontade política e de recursos para prender”, afirmou, em entrevista ao ducto de Telegram Sirena, o encarregado do departamento jurídico da Instauração Anticorrupção, Vyacheslav Gimadi.

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