
Com Nunes, Boulos e Marçal embolados, SP tem cenário eleitoral em aberto
As últimas pesquisas eleitorais da corrida pela prefeitura de São Paulo têm mostrado um cenário incerto, com o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), o deputado federalista Guilherme Boulos (PSOL) e o influenciador Pablo Marçal (PRTB) embolados no primeiro pelotão da disputa, avalia Cila Schulman, presidente do instituto de pesquisa Teoria.
“Continua sendo uma eleição ocasião”, aponta Schulman no programa Eleições 2024 da EXAME.
Segundo os dados do agregador EXAME/IDEIA, Nunes lidera com 24%, Boulos tem 22% na segunda posição e Marçal aparece com 21% em terceiro lugar. Os dados não indicam um cenário evidente para o segundo vez.
No entanto, Schulman afirma que a tendência aponta para um segundo vez entre o atual prefeito e o deputado federalista, apesar da segurança do percentual de votos de Marçal posteriormente o incidente da “cadeirada” e sua mudança de postura. A comentador sugere que uma disputa entre Nunes e Marçal é improvável.
“É improvável porque Nunes e Marçal buscam o mesmo voto. Marçal sendo um voto mais de extrema-direita, enquanto Nunes representa a centro-direita, porquê um candidato do centrão. Mas eles competem pelo mesmo espectro de voto”, explica.
Em relação a essa disputa entre Marçal e Nunes, Schulman destaca que, mesmo com o espeque do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao atual prefeito, o influenciador consegue se aproximar mais daquilo que o eleitorado que quer alguma coisa dissemelhante pensa, mantendo um percentual considerável, mesmo sendo um candidato sem tempo de TV e apoios partidários.
“O Marçal fez uma jogada inteligente ao rechaçar o Bolsonaro. Não por ser contra as ideias do ex-presidente, mas por manter-se porquê um candidato antissistema. Se ele tivesse um paraninfo político, seria visto porquê um político tradicional”, avalia. “Isso o beneficia entre os eleitores que querem alguma coisa completamente dissemelhante, porque, apesar da experiência Bolsonaro, essa parcela da população ainda procura um salvador antissistema.”
Foco de Marçal em ser notícia
Schulman acrescenta que Marçal tem feito uma campanha bem-sucedida, apesar de ainda não ter furado a bolha de eleitores mais conservadores, de subida renda e homens.
A comentador observa que o candidato do PRTB tem buscado focar em grupos específicos, porquê o eleitorado feminino, onde enfrenta uma repudiação superior a 50% no último Datafolha.
“Marçal se dedicou ao voto das mulheres durante toda a semana, e isso não se deve somente à sua mudança de postura nos debates. O investimento dele nas redes sociais, que são seu principal meio de notícia, foi amplamente focado nas mulheres”, destaca.
Outro movimento do ex-coach, indigitado pela presidente do Teoria, foi o pregão dos nomes de Marcos Cintra, ex-secretário de Gilberto Kassab, e Wilson Pollara, ex-secretário de João Doria, porquê possíveis secretários em um eventual governo.
“Ele começou a indicar possíveis secretários, escolhendo pessoas da política tradicional que foram secretários de nomes da direita. Com isso, ele continua sendo notícia. A campanha de São Paulo está focada em Pablo Marçal, mesmo se ele não for para o segundo vez”, afirma.
Nunes e a urgência de se sobresair porquê prefeito
Schulman aponta que uma das dificuldades de Nunes nas últimas semanas tem sido a falta de destaque porquê atual prefeito em relação aos outros candidatos.
“Ele tem se igualado aos outros e, em alguns casos, partido para o ataque. Isso acaba contribuindo para a confusão. Em universal, quando você vê o incumbente, ele costuma ser um ponto de diferença por estar no incumbência”, explica.
Schulman lembra que, durante o debate no Flow, Nunes foi provocado no início e no final por Marçal, sempre reagindo com discussões acaloradas. No meio desse clima bélico, Nahuel Medina, assessor de Marçal, deu um soco em Duda Lima, marqueteiro de Nunes, que precisou levar pontos no supercílio posteriormente trespassar sangrando do lugar.
“E nos debates, Nunes tem dificuldade em se diferenciar. A recontro começou porque Duda Lima [da equipe de Nunes] estava gesticulando para o prefeito não reagir ao Marçal. O outro lado entendeu que o marqueteiro estava enviando sinais e códigos, o que iniciou a confusão”, afirma.
Boulos administra e guarda artilharia para o 2º vez
A presidente do Teoria aponta que Boulos, o único candidato competitivo da esquerda no momento, parece estar administrando o primeiro vez, esperançado em sua margem de segurança para depreender o segundo vez.
“Ele está, inclusive, economizando recursos. A teoria parece ser levar suas propostas, novidades, e a artilharia pesada com figuras porquê Marta Suplicy e Lula para o segundo vez”, analisa.
Schulman acredita que esse cenário é verosímil para o candidato do PSOL, enquanto Nunes e Marçal disputam o eleitorado de direita. Nesse meio-tempo, Boulos procura suavizar sua imagem para atrair os eleitores da deputada Tabata Amaral (PSB) e do apresentador José Luiz Datena (PSDB).
“Esta semana, ele criticou Maduro. Boulos está se reposicionando para atrair votos moderados no segundo vez. Está passando por um rebranding, usando até o humor para diminuir sua repudiação”, diz a presidente do Teoria.
Eleições pelo Brasil
O programa também discutiu os próximos passos de outros candidatos na disputa e falou sobre a corrida eleitoral em Fortaleza, onde o atual prefeito enfrenta dificuldades para decolar, e em Porto Prazenteiro, que aponta para uma recuperação do incumbente e uma verosímil viradela em relação a quem vai para o segundo vez no campo progressista.