Direita radical aumenta espaço na Europa
A direita radical ampliou o espaço na Europa
com bom desempenho nas eleições para o parlamento europeu e leva hoje temor ao mundo impondo uma questão: até que ponto irá ameaçar as democracias
e contribuir para a volta de regimes totalitários.
Quando o sobrinho de Napoleão Bonaparte, Carlos Luís, deu um golpe de estado na França, em 1851, Karl Marx disse que todos os fatos e personagens de grande valimento na história mundial ocorrem por duas vezes, a primeira porquê tragédia e a segunda porquê farsa.
Ironicamente, na hora em que comemoramos os 80 anos do desembarque na Normandia, marco da reviravolta na Segunda Guerra para a itinerário do nazifascismo, a ultradireita teve o progresso consolidado na União Europeia.
No centenário do manifesto nazista “Minha Luta”, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, a francesa Marine Le Pen e o partido Confederação para a Democracia (AfD) na Alemanha reforçaram essa vaga radical na Europa.
A subida dos extremistas de direita prova que o projeto supranacional europeu não agrada mais uma segmento da população do Velho Continente.
Em generalidade, defendem o nacionalismo e o combate ao islamismo e à imigração.
No envolvente hostil formado na Europa por inflação, recessão, desemprego, crise de segurança, envelhecimento da população e problemas previdenciários, as soluções prometidas por esses radicais se tornaram mais iluminadas aos olhos de segmento da população.
Temas porquê proteção ambiental
e acordos comerciais deixaram de ter prioridade diante da verdade cruel, no envolvente europeu atual, de que não trazem efeitos positivos rápidos porquê as promessas nacionalistas e protecionistas.
A Europa sempre oscilou entre integração com multilateralismo e protecionismo com nacionalismo.
Nascente último segundo binômio levou vantagem nestas eleições para o parlamento europeu e o mesmo pode ocorrer proximamente na França.
Para o Brasil, significa prejuízo. Enfraquece, sobretudo, nas exportações agropecuárias, o tratado mercantil entre o Mercosul e a União Europeia fechado em 2022, em seguida 20 anos de negociações.
Estão sob risco também a promoção ao desenvolvimento sustentável, políticas comerciais, ambientais, trabalhistas e de atração de investimentos entre países dos dois blocos.
E o cumprimento do Negócio de Paris regido pela convenção de mudanças climáticas da ONU.
Embora com várias ideias comuns, entre elas a aversão à globalização, o radicalismo de direita solidificado em solo europeu tem origens e processos evolutivos diferentes dos registrados no continente americano nos últimos anos. O extremismo de Trump, Milei, Bolsonaro, Bukele e Kast é recente.
Desenvolveu-se de forma rápida, em poucos anos, à base do messianismo e da exploração da religião e com potente uso de conceitos distorcidos pelo uso em tamanho de fake news
com mensagens mentirosas, aproveitando a instabilidade de desinformados e religiosos, ou seja, a manipulação das pessoas pela propaganda política financiada com amplos recursos financeiros de ricos apoiadores.
Na Europa, o processo é mais velho e gradual. Avança quando os fantasmas locais – movimentos nazistas, fascistas e xenófobos – voltam a assombrar diante de desempenhos ruins de governos progressistas nas questões econômicas e sociais. Por isso, é mais perigoso em termos globais.
O repto, a partir de agora, será deslindar até que ponto e de que forma esse processo contaminará o mundo.