
Cerrado ultrapassa Amazôna em desmatamento
Selado ultrapassa Amazôna em desmatamento
Mais da metade de toda a extensão desmatada no Brasil em 2023 ocorreu no Selado, aponta o Relatório Anual do Desmatamento (RAD) no Brasil do MapBiomas, divulgado nesta terça-feira (28/5). Pela primeira vez desde o início da série histórica, em 2019, o Selado ultrapassou a Amazônia em termos de extensão desmatada. Quase todo o desmatamento do país (97%), nos últimos cinco anos, teve a expansão agropecuária uma vez que vetor, destacou o relatório.
O levantamento mostrou que, nos últimos cinco anos, o Brasil perdeu 8.558.237 hectares de vegetação nativa, o equivalente a duas vezes o estado do Rio de Janeiro. No entanto, em 2023, houve uma queda de 11,6% na extensão desmatada: ao todo, 1.829.597 hectares de vegetação nativa foram suprimidos em 2023. Em 2022, esse totalidade foi de 2.069.695 hectares. Essa redução se deu apesar de um aumento de 8,7% no número de alertas, na mesma conferência.
O MapBiomas aponta que os dados apontam a primeira queda do desmatamento no Brasil desde 2019, quando se iniciou a publicação do RAD. Por outro lado, a avaliação é de que a face do desmatamento está mudando, se concentrando nos biomas onde predominam formações savânicas e campestres e diminuindo nas formações florestais.
Selado concentra 61% da extensão desmatada
Em 2023, 61% da extensão desmatada em todo o país estava no Selado e 25% na Amazônia. Foram 1.110.326 hectares desmatados no Selado, no ano pretérito, um prolongamento de 68% em relação a 2022. Na Amazônia, a extensão de vegetação suprimida no ano pretérito foi de 454,3 milénio hectares – uma queda de 62,2% em relação a 2022.
Com exceção do Piauí, São Paulo e Paraná, todos os outros estados que concentram o Selado registraram aumento do desmatamento em 2023 na conferência com 2022. No caso do Maranhão, Tocantins, Goiás, Pará e Região Federalista, a extensão desmatada mais do que dobrou.
Coordenadora do MapBiomas Selado, Ane Alencar lembra que o Selado – que já perdeu mais da metade de sua vegetação nativa –, passou a ser o protagonista do desmatamento no país, o que desperta preocupação.
“O Selado é um bioma estratégico no que diz saudação à questão hidrológica e o desmatamento do bioma tem um impacto grande na questão hídrica. Várias bacias que nascem no Selado banham outros biomas, logo, nesse sentido, o desmatamento e a perda do Selado representa um impacto para os outros biomas.”
Em 2023, a extensão média desmatada por dia no país foi de 5.013 hectares ou 228 hectares por hora. Mais da metade foi no Selado, onde foram suprimidos 3.042 hectares de vegetação nativa por dia. O resultado é mais que o duplo da extensão desmatada na Amazônia, 1.245 hectares por dia, que, ainda assim, equivale a respeito de 8 árvores por segundo.
O dia com maior extensão desmatada em todo o país, no ano pretérito, foi 15 de fevereiro, quando a estimativa é que uma extensão equivalente a quase 6 milénio campos de futebol foi desmatada em exclusivamente 24 horas.
Quatro estados somam 47% do desmatamento
Os dois maiores biomas do Brasil – Amazônia e Selado – somaram mais de 85% da extensão totalidade desmatada no país. Exclusivamente quatro estados com Selado, que formam a região conhecida uma vez que “Matopiba” (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), ultrapassaram a extensão desmatada nos estados da Amazônia e responderam por quase metade (47%) de toda a perda de vegetação nativa no país no ano pretérito. Dos quatro estados do “Matopiba”, exclusivamente no Piauí teve redução da extensão desmatada, enquanto nos demais houve prolongamento.
Em 2023, o “Matopiba” perdeu 858.952 hectares de vegetação nativa, o que significa um aumento de 59% em relação ao ano de 2022, o qual já havia registrado aumento (36%) em relação a 2021. Segundo o relatório, três em cada quatro hectares desmatados no Selado em 2023 (74%) foram no “Matopiba”.
Dois terços (33) dos 50 municípios que mais desmataram no Brasil em 2023 ficam no Selado, sendo que os 10 municípios com maior extensão desmatada no Selado em 2023 estão todos localizados no Matopiba, apontou o levantamento.
“O combate ao desmatamento no Selado exige uma abordagem multifacetada. Primeiro, é principal enobrecer claramente o que é lícito e proibido, para que as ações de fiscalização possam efetivamente inibir o desmatamento proibido. Ao mesmo tempo, devemos oferecer incentivos para o melhor aproveitamento das áreas já desmatadas, reduzindo assim a pressão sobre novas áreas e reduzindo portanto o desmatamento lícito”, diz Ane Alencar.
Ela avalia que o aumento do desmatamento no Selado parece ser o resultado de uma percepção de que tudo pode ser legalizável no bioma. “Temos que entender que não é porque a suplente lícito é menor no Selado que todo o desmatamento vai ser lícito. Na veras, precisamos sim ter claramente o número da ilegalidade para que as ações de comando e controle possam ser efetivas, assim uma vez que as ações de desestímulo à preâmbulo de novas áreas também.”
Maranhão lidera ranking dos estados
Pela primeira vez, o estado do Maranhão saiu da quinta para a primeira posição em extensão totalidade suprimida, com 331.225 hectares desmatados – aumento de 95,1% em relação ao ano pretérito. A Bahia ficou em segundo lugar, com 290.606 hectares suprimidos e prolongamento de 27,5%. O terceiro estado no ranking
foi o Tocantins, com 230.253 hectares desmatados e aumento percentual de 177,9%, em relação a 2022.
O ranking dos cinco estados com maior extensão desmatada no Brasil inclui ainda dois líderes históricos: Pará e Mato Grosso. No entanto, ambos registraram queda em 2023 – de 60,3% e de 32,1%, respectivamente. A supressão de vegetação nativa em território paraense foi de 184.763 hectares; no Mato Grosso, 161.381 hectares.
O MapBiomas ressalta que a liderança do Selado em extensão de desmatamento no ano pretérito se reflete em outros indicadores. O maior alerta de desmatamento do Brasil aconteceu no Selado, com extensão de 6.691 hectares, no município do Cume Parnaíba (MA). No bioma, foi detectado ainda o alerta de maior velocidade média diária de desmatamento, sendo 944 hectares em 8 dias, no município de Baixa Grande do Ribeiro (PI).
São Desidério (BA), de quem principal bioma também é o Selado, lidera o ranking dos municípios que mais desmataram no país em 2023, com 40.052 hectares. No ano pretérito, 70% dos municípios do Selado registraram pelo menos um evento de desmatamento.
Terras indígenas perdem 20 milénio hectares de mata
“É no Selado que fica a terreno indígena (TI) com maior extensão desmatada no país no ano pretérito: Porquinhos dos Canela-Apãnjekra, com murado de 2.750 hectares [suprimidos]. Ao todo, foram perdidos 7.048 hectares de vegetação nativa em TIs no Selado, um aumento de 188% em relação a 2022. Em todo o Brasil, ao contrário, houve queda no desmatamento em TIs”, divulgou a entidade.
Em 2023, 20.822 hectares de vegetação nativa dentro de terras indígenas foram desmatados, o que representa 1,1% de todo o desmatamento no ano. Houve uma redução de mais de 27% no desmatamento em TIs, na conferência com 2022.
Dentro de unidades de conservação (UCs), foram 96.761 hectares de vegetação nativa suprimidos em 2023, uma redução de 53,5% em relação a 2022. Em UCs de Proteção Integral, a redução foi de 72,3%. A maior perda de vegetação nativa em UCs ocorreu em Dimensão de Proteção Ambiental (APA) Estaduais no Selado, totalizando 41.934 hectares desmatados. A APA mais desmatada no país em 2023 também fica no Selado: APA do Rio Preto, com 13.596 hectares desmatados.
Ainda de concordância com o MapBiomas, apesar de exclusivamente 0,96% dos imóveis cadastrados no Cadastro Ambiental Rústico (CAR) terem registro de desmatamento em 2023, eles responderam por 89% das áreas desmatadas do país. Do totalidade de 71.689 imóveis cadastrados no CAR com desmatamento validado em 2023, 43,1% foram reincidentes, ou seja, já tiveram registro de desmatamento em anos anteriores.
Para prezar o quanto do desmatamento no Brasil não tem indícios de irregularidade ou de ilegalidade, a entidade explica que cada alerta é estimado considerando alguns critérios uma vez que se há autorização cadastrada nas bases de dados oficiais, ou se há sobreposição com áreas protegidas, uma vez que Unidade de Conservação de Proteção Integral, Suplente Lícito ou Dimensão de Preservação Permanente.
O relatório anual de desmatamento identificou que 4,04% de toda a vegetação suprimida nos últimos cinco anos não tem indícios de ilegalidade ou irregularidade, considerando autorizações dos estados que disponibilizaram dados publicamente. Para o ano de 2023, mais de 93% da extensão desmatada no Brasil teve pelo menos um vestígio de irregularidade.
Amazônia apresenta redução das perdas
A redução (62,2%) no desmatamento no bioma Amazônia aconteceu em todos os estados, exceto no Amapá, onde houve prolongamento de 27%. Na região de Amacro, que reúne os estados do Amazonas, Acre e Rondônia, e que já foi considerada a principal frente de desmatamento do Brasil, houve queda de 74% na extensão desmatada, que ficou em 102.956 hectares em 2023.
Dos 559 municípios do bioma, 436 tiveram qualquer desmatamento detectado em 2023, ou seja, 78% do totalidade. Nos 10 municípios que mais desmataram na Amazônia houve queda. Dos 50 municípios que mais perderam vegetação nativa em 2023, 13 estão presentes na lista de municípios do bioma Amazônia considerados prioritários (Portaria GM/MMA 834 de 2023) e todos eles apresentaram queda na extensão desmatada em relação a 2022.
“Houve redução no tamanho médio dos alertas e na extensão desmatada na maioria dos estados, incluindo a sátira região do Amacro. Por outro lado, observa-se um provável deslocamento deste desmatamento, que está crescendo em outros biomas, particularmente no Selado, que apresentou a maior extensão desmatada no Brasil em 2023”, apontou Larissa Amorim, da equipe de Amazônia do MapBiomas, em nota.
Pantanal: desmatamento em subida
Em 2023 o Pantanal registrou a maior extensão média dos eventos de desmatamento entre os biomas (158,2 hectares) e um aumento de 59,2% no desmatamento em relação a 2022. Ao todo, 49.673 hectares de vegetação nativa foram suprimidos no ano pretérito. Pelo terceiro ano continuado, o bioma apresentou a maior velocidade média de desmatamento, sendo 2,1 hectares/dia por evento de desmatamento.
Formações florestais e savânicas respondem por 73% do desmatamento no bioma. Quase todo (99%) o desmatamento no bioma está em áreas privadas registradas no Cadastro Ambiental Rústico (CAR).
“O município de Corumbá (MS) responde por 60% do território do Pantanal e por metade do desmatamento registrado no bioma no ano pretérito. É também o quinto município que mais desmatou no Brasil em 2023. Mais da metade (52%) do desmatamento do Mato Grosso do Sul está no Pantanal, bioma que representa menos de um terço do território do estado”, destacou o MapBiomas.
Além de eventos extremos de seca no bioma, a entidade avalia que o desmatamento tem sido uma grande prenúncio ao Pantanal. “O desmatamento de florestas e savanas para a formação de pastagem exótica acontece em grande graduação. A preservação dessas áreas florestadas e o manejo das pastagens são fundamentais para a manutenção da biodiversidade de fauna e flora, em conjunto com os sistemas tradicionais de pecuária do Pantanal”, pontuou Eduardo Rosa, coordenador da equipe do Pantanal do MapBiomas, em nota.
Caatinga: Bahia lidera desmatamento
Mais de um quinto (22%) dos alertas validados em todo o Brasil no ano pretérito vieram da Caatinga, que respondeu por 11% da extensão desmatada no país. Foram 201.687 hectares, um aumento de 43,3% em relação a 2022. Houve registro de pelo menos um evento de desmatamento em 1.047 dos 1.209 municípios (87%) que compõem o bioma, em 2023.
A Bahia lidera o desmatamento, com 93.437 hectares, o que representa aumento de 34% em relação a 2022. Em seguida, vem o Ceará, com 32.486 hectares – prolongamento de 28%. O maior aumento percentual foi registrado no Rio Grande do Setentrião: 62% (totalidade de 9.133 hectares). Em exclusivamente um estado houve redução na supressão de vegetação nativa: Pernambuco, com 15.996 hectares, ou seja, queda de 35% em relação a 2022.
“O maior desmatamento verificado na Caatinga foi impulsionado pela expansão de atividades agropecuárias, principalmente na fronteira agrícola do Matopiba. Um exemplo é o município de Barra, na Bahia, onde há registro do maior desmatamento e alerta no bioma. Um fenômeno que capturamos é o desmatamento para fins de implantação de parques solares e eólicos crescendo pelo bioma”, explicou Washington Rocha, coordenador da equipe da Caatinga do MapBiomas, em nota. Mais de 4.302 hectares foram desmatados por empreendimentos de virilidade renováveis (eólica e solar).
Mata Atlântica sofre com agropecuária e desastres naturais
No ano pretérito, 12.094 hectares de Mata Atlântica foram desmatados, uma queda de 59% em relação a 2022. A redução ocorreu em todos os estados do bioma, tanto em extensão desmatada quanto em número de alertas. No bioma, Minas Gerais reduziu a extensão desmatada em 60%, ou seja, mais de 7 milénio hectares; na Bahia, a queda foi de 53%; no Paraná, foi de 71%. Apesar disso, dos 10 municípios que mais desmataram, os dois primeiros ficam na Bahia e os oito restantes em Minas Gerais.
A média de extensão desmatada por dia e a média de eventos de desmatamento caíram mais de 50% em relação a 2022. As maiores reduções proporcionais foram observadas nos alertas de mais de 100 hectares, com 88% menos extensão desmatada se comparado a 2022 e 90% menos eventos de desmatamento.
“A agropecuária ainda é o principal vetor de desmatamento na Mata Atlântica, além da expansão das cidades. Em 2023, observamos áreas devastadas por desastres naturais causados pelas chuvas em São Paulo e por mineração em Minas Gerais”, observou Natalia Crusco, coordenadora técnica da equipe da Mata Atlântica do MapBiomas, em nota.
Pampa tem queda no desmatamento
O Pampa registrou queda de 50% na extensão de vegetação suprimida em 2023, com 1.547 hectares. Dos 231 municípios do bioma, 97 tiveram qualquer desmatamento detectado no ano, ou seja, 42% do totalidade. Em exclusivamente cinco deles aconteceu mais da metade (51%) do totalidade desmatado no bioma: Encruzilhada do Sul (334 hectares), Piratini (208 hectares), Herval (130 hectares), Canguçu (77 hectares) e Bagé (49 hectares).
Levantamento do MapBiomas identificou que mais de três quartos (77,7%) da extensão desmatada é de formações florestais; e um pouco menos de um terço (21,9%), de formação campestre. A entidade pondera, no entanto, que os atuais sistemas de detecção do desmatamento no Pampa estão calibrados para a supressão das florestas e, por conta disso, ainda não monitoram a supressão da vegetação campestre de modo eficiente, que é a vegetação nativa típica e preponderante nesse bioma.
Leia a íntegra do relatório do MapBiomas
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