
Capitais devem eleger mais prefeitos de centro-direita
Em 2022, o Brasil elegeu Luiz Inácio Lula da Silva pela terceira vez. A roteiro do ex-presidente Jair Bolsonaro foi causada principalmente por uma série de erros em sua campanha e por um procuração repleto de confusões e polêmicas, que acabaram cansando o votante menos polarizado, mormente no Sudeste do Brasil. Foi justamente nesta região que Bolsonaro mais perdeu votos. Nos quatro estados do Sudeste, Bolsonaro viu seu eleitorado diminuir em todos: de 63% para 58% no Espírito Santo; de 58,2% para 49,8% em Minas Gerais; de 67,9% para 56,5% no Rio de Janeiro; e de 67,9% para 55,2% em São Paulo.
A roteiro de Bolsonaro não resultou em uma acentuada redução na repudiação do atual presidente Lula. Na verdade, o ex-presidente Bolsonaro cristalizou uma repudiação ainda mais intensa ao seu volta.
Segmento dessa polarização é explicada pelo fenômeno que a ciência política labareda de “negative partisanship”, onde uma secção do eleitorado se identifica mais pelo que rejeita do que pelo que apoia. A eleição de Lula não significou uma mudança ideológica no Brasil. Não foi uma vitória ancorada em saudade ou nostalgia pelo PT, mas sim pelo cansaço e maior repudiação ao bolsonarismo.
Isso ficou evidente no Congresso Pátrio, nas Assembleias Legislativas e nas eleições para Governos de Estado, onde a fragilidade eleitoral da esquerda foi clara. Isso foi mormente perceptível nas votações majoritárias, uma vez que Governos de Estado e Senado, onde o embate da polarização fica mais evidenciado.
Agora, dois anos depois, estamos a respeito de três meses das eleições municipais, e o cenário ideológico do Brasil continua mostrando uma centro-direita e uma direita com fôlego. A esquerda, pouco oxigenada, ainda depende muito do seu maior expoente, Lula, e parece pouco capaz de produzir novas lideranças. E, quando cria, é fora de seu principal partido, o PT.
Analisando os embates nas capitais, fica evidente que o resultado final deste ciclo será mais positivo para partidos de núcleo, centro-direita e direita. União Brasil, PSD e MDB disputam qual legenda elegerá o maior número de prefeitos nas capitais. O União Brasil deve optar pelo menos cinco prefeitos em capitais, o PSD quatro e o MDB também quatro. Destaque para a competitividade desses partidos em importantes centros, uma vez que Salvador (Bruno Reis – União Brasil), Rio de Janeiro (Eduardo Paes – PSD) e São Paulo (Ricardo Nunes – MDB). Já o Republicanos, partido evangélico, lidera em Belo Horizonte com Mário Tramonte e em Vitória com Lorenzo Pazolini.
O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, é predilecto em Aracaju (Emília Corrêa), Belém (Éder Mauro) e Maceió (JHC). O partido também é competitivo em Palmas e Rio Branco. Já seu principal contraditor, o PT, não lidera em nenhuma capital, apesar de ser competitivo em Goiânia, Porto Prazenteiro e Teresina. A esquerda tem competitividade em cidades relevantes, uma vez que São Paulo com Guilherme Boulos (PSOL) e Recife com João Campos (PSB).
A vantagem do PL sobre o PT nas capitais não é novidade, já que no segundo vez da eleição presidencial de 2022 Bolsonaro venceu em 16 capitais. Lula, mesmo vencendo Bolsonaro, foi vitorioso em 11.
Os números atuais e o resultado em outubro servem de alerta ao PT. Embora esteja no poder e com uma popularidade razoavelmente confortável, o porvir é incerto e os desafios são imensos. Não há incerteza de que Lula será competitivo em 2026. Seu carisma pessoal, a força da máquina pública e a polarização do país garantem sua competitividade. No entanto, será uma eleição dura e perigosa, e não exclusivamente a presidencial. Em 2026, elegeremos dois terços do Senado Federalista. Mesmo em caso de reeleição, Lula pode ter que mourejar com um Congresso ainda mais espantadiço e, pela primeira vez, com uma das Casas Legislativas francamente de direita.