Servidores do INSS vendiam senhas por R$ 25, diz delegado da PF

Uma investigação contra funcionários do Instituto Pátrio do Seguro Social (INSS) e de um hacker de São Paulo que vendia dados sigilosos de brasileiros aponta que a cada senha fornecida o servidor envolvido ganhava R$ 25.

“Os dados eram comercializados. E foi identificada uma cobrança em torno de R$ 25 por cada senha Gov.br vendida, e R$ 300 por cada desbloqueio de favor [no INSS]”, aponta o representante Lucas Amorim Ferreira, de Cascavel (PR), responsável pela operação desta quinta-feira (26) contra o grupo.

Segundo o representante, o esquema se dividia em grupos:

  • hackers que faziam uso de técnicas avançadas de invasão cibernética e conseguiam ingressar diretamente no banco de dados do INSS;
  • servidores da autonomia federalista que comercializavam as respectivas credenciais de entrada aos sistemas;
  • indivíduos que comercializavam os dados dos beneficiários para quaisquer interessados;

Ferreira explica que chegou até os investigados, entre servidores do INSS, um hacker e um estagiário da autonomia federalista, em seguida prender integrantes de uma quadrilha que sacava verba de benefícios em agências bancárias.

“A operação Mercado de Dados decorre de uma investigação que apura o vazamento e a comercialização de dados de beneficiários do INSS. Com base em uma operação anterior, identificamos uma organização criminosa que adquiria esses dados, falsificava documentos de identidade, ia até as agências bancárias e lá realizava saques e contratava empréstimos consignados de forma fraudulenta”, conta.

Essa novidade investigação buscava identificar quem fornecia esses dados ao grupo de estelionatários, explica o representante. “E foi provável identificar um grande e lucrativo esquema com essa venda de dados.”

Segundo a PF, a investigação constatou que foram vendidas aproximadamente 40 milénio senhas, o que daria lucro de R$ 1 milhão ao grupo, exclusivamente nesse quesito, sem racontar as vendas por desbloqueios de benefícios.

A investigação também revelou que foram feitos, exclusivamente nos últimos três meses, 2.800 desbloqueios de benefícios, o que daria lucro de R$ 840 milénio no trimestre.

Ao todo, a organização teria lucrado R$ 32 milhões.

O questionário também aponta que um dos grupos identificados foi responsável por cooptar servidores públicos federais para esse fornecimento de logins da Previdência. A senha dá entrada ao sistema Meu INSS e isso possibilita modificação de informações e até solicitação de benefícios.

A operação

A PF cumpriu nesta quinta-feira 18 mandados de prisão e 29 de procura e consumição contra servidores do INSS e um hacker nessa investigação.

A Justiça também determinou o sequestro judicial de 24 imóveis pertencentes aos integrantes do grupo, muito uma vez que o bloqueio dos recursos financeiros existentes nas contas bancárias por eles usadas até o valor de R$ 34 milhões.

Os envolvidos responderão por organização criminosa, devassidão, invasão de dispositivos informáticos, violação de sigilo funcional, obtenção e comercialização de dados sigilos e lavagem de capitais, com penas que, se somadas, podem chegar a mais de 15 anos de prisão.

A investigação da PF de Cascavel (PR) conta com o suporte do Ministério da Previdência.

A CNN procurou o INSS, mas não obteve retorno. O Ministério da Previdência disse que atua com a PF por meio da Força-Tarefa Previdenciária no combate a crimes estruturados contra o sistema previdenciário, que detecta e analisa os indícios de crimes e fraudes organizadas.

Balanço das apreensões

  • R$ 200 milénio em espécie;
  • 1 Carteira de bitcoin
  • Joias variadas e pepitas de ouro
  • Carros: SW4 2022, Volvo 2018, Renegade 2023, BMW X3, BMW X, Porshe 911, 2 Audis, Porshe 911

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