
Varejo prevê ritmo desastroso de vendas no Natal se BC optar por subir juros
Buscando perseguir a meta da inflação estabelecida pelo governo atual, o diretor de Política Monetária do Banco Mediano (BC), Gabriel Galípolo, afirmou que um aumento da Selic está entre as opções na mesa do Banco Mediano e que não hesitarão em fazê-lo se for o passo necessário.
Com isso, as perspectivas para a maioria dos agentes do varejo consultados pela CNN são, de indumentária, que os juros vão subir e, consequentemente, provocar um impacto negativo no consumo, mormente no Natal — data fundamental do negócio brasílio.
Atualmente, a taxa básica de juros se encontra em 10,5% ao ano, depois o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Mediano (BC) manter os juros inalterados na última decisão de forma unânime.
Foi o segundo encontro seguido de frigoríficação da Selic.
Claudio Felisoni, presidente do Instituto Brasílico de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), explica que nos últimos 12 meses, a taxa de juros ao negócio caiu, porém, “estamos com uma situação econômica complicada devido à falta de disciplina fiscal, sendo necessária uma atuação mais firme do BC, aumentando a Selic”.
Com isso, o consumo, que já se encontra fragilizado, será impactado. Principalmente por que o varejo é uma atividade sazonal — ou seja, aumenta em alguns períodos, uma vez que a Black Friday em novembro e o Natal em dezembro — pressionando a demanda e consequentemente o aumento dos preços, analisou Felisoni.
A compra de bens duráveis — uma vez que carros, eletrodomésticos, eletrônicos e móveis — será, principalmente, a que encontrará maior resfriamento, uma vez que dependem de crédito para sua obtenção.
A expectativa da Confederação Pátrio do Transacção de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é de que ocorra um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic.
Segundo Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, a principal consequência é o encarecimento do crédito e, com isso, uma maior dificuldade dos consumidores comprarem”.
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) calculada pela entidade recuou pela segunda vez seguida em agosto.
Para Tavares é patente que o Natal será mais reptador, afirmando que o cenário atual é decorrente de um problema de desequilíbrio fiscal.
“Os juros afetam o setor produtivo do varejo e com o aumento da taxa não vão resolver o problema da inflação, porque não foi causado por descontrole da demanda. Quem vai remunerar essa conta vai ser o varejo”, concluiu.
Já para a FecomercioSP, a Selic será mantida no mesmo patamar até o final do ano, já que a existe um controle da inflação.
Conforme Guilherme Dietze, assessor da entidade, “não há fatores tão expressivos para exigir um aumento de juros, mas, ao mesmo tempo, não há espaço ainda para uma redução da taxa Selic”.
E, mesmo havendo um aumento de juros, o impacto seria relativamente pequeno pelos juros serem muito elevados no Brasil, disse ele.
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*Sob supervisão de Gabriel Bosa