Apesar de desafios, expectativa é que COP 30 em Belém deixe legado em infraestrutura e turismo

Belém recebeu, nesta última semana, a cúpula de turismo do G20, grupo formado pelas 20 maiores economias do mundo, e, agora, volta os olhares para a COP 30, a Conferência das Nações Unidas Sobre as Mudanças Climáticas, que vai suceder em novembro do ano que vem na capital paraense.

Apesar dos desafios, a expectativa de autoridades e da população é que o evento possa deixar um legado em infraestrutura e no turismo.

Os preparativos envolvem a ampliação de ruas, o saneamento de esgoto, a drenagem de águas pluviais, a dragagem de porto para receber navios maiores e a revitalização de espaços.

Uma das principais preocupações é com a hospedagem, principalmente de tá luxo para as autoridades internacionais, uma vez que chefes de Estado. O governo firmou parcerias com plataformas de hotéis e de aluguel por temporada para ampliar a quantidade de leitos, e também pretende usar quartos em cruzeiros.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, originário de Belém, afirmou que vários novos hotéis estão sendo construídos e que obras de infraestrutura estão em curso. Ao mesmo tempo, ressaltou ser preciso ajudar a desenvolver os povos que vivem na região. Ele citou possuir dois importantes desafios.

“O primeiro [desafio], que a gente vem falando desde quando a COP foi anunciada cá em Belém: preparar a infraestrutura da cidade, preparar a rede hoteleira da cidade para receber essa quantidade de pessoas importantes que vão vir para Belém.”

“O segundo duelo é nós darmos nossa parcela de taxa para solucionar esse problema de moderar as acentuadas mudanças climáticas que o planeta vem sofrendo.”

A vice-governadora do Pará, Hana Ghassan, disse à CNN que outro foco é aumentar a qualificação da mão de obra e investir na preservação ambiental. Ela avalia que são formas de sustentar o turismo a longo prazo.

Importante para nós não unicamente a realização dos 15 dias de evento. Mas, sim, sempre pensando no legado que vai deixar para nossa cidade. Legado de melhoria da infraestrutura, e principalmente no fortalecimento do turismo no estado

Hana Ghassan

O secretário anexo de Turismo do Pará, Lucas Vieira, ressalta ainda a prestígio de atrair mais turistas para a floresta, os rios e as trilhas, junto aos povos tradicionais. “A gente quer que as pessoas venham para cá saber, mas que conheçam realmente nossa cultura. Passeiem nos nossos rios, nas nossas florestas, e assim possam sentir o que é viver essa experiência amazônica”.

A gente sabe que o turismo é economia virente, e a gente acredita muito que é a economia do porvir. Logo, o Pará quer se tornar uma potência turística nos próximos anos. A COP veio para que a gente possa seguir rapidamente nesse limitado espaço de tempo

Lucas Vieira

Neste ano, o Brasil deve receber entre 6,4 milhões e 6,6 milhões de turistas internacionais. A meta do Ministério do Turismo é chegar aos mais de 8 milhões até 2027.

Perto de Belém, opções de passeios não faltam. Basta pegar um paquete, uma vez que uma voadeira, e, em 15 minutos, já dá para ver, ouvir e sentir a floresta amazônica.

A Ilhota do Combú, por exemplo, é um dos principais pontos turísticos e gastronômicos da região. No lugar, os moradores cultivam o próprio açaí e cupuaçu. São murado de 40 frutas catalogadas. Eles também plantam cacau, bacuri e castanha do Pará — matéria-prima vendida para a indústria de cosméticos. Tudo isso se tornou uma grande atração e renda fundamental para a população ribeirinha.

Ilha do Combú
Ilhota do Combú se desenvolveu bastante nos últimos 15 anos com o cultivo e a venda dos produtos, fora o turismo sustentável • Luciana Amaral/CNN

O avô do piloto de paquete e guia de turismo Fábio Quaresma foi um dos primeiros a chegar na Ilhota do Combú. Nascido no lugar, Fábio diz que a ilhéu se desenvolveu bastante nos últimos 15 anos com o cultivo e a venda dos produtos, fora o turismo sustentável.

Ele se diz esperançoso de que os eventos em Belém possam ajudar os ribeirinhos a ficarem mais conhecidos e a ganharem mais quantia. No entanto, ressalta que a ajuda tem que ir além e contemplar a infraestrutura. “Nossa expectativa é que eles olhem não só um pouco para nosso lado de turismo, mas também nosso olhar [de necessidades], uma vez que chuva potável, que a gente não tem. A gente não tem chuva potável, a gente compra o galão. Isso para mim é mais importante”.

Não quero que só olhem por conta da COP 30, entendeu? Porque, depois que a COP 30 terminar, uma vez que vai permanecer nossa vida cá? Porquê vai permanecer a vida do ribeirinho? Hoje a COP 30 está trazendo um olhar dissemelhante. Você está conhecendo o chocolate dentro da própria ilhéu. O que a gente queria é que olhassem com outro olhar, não só de exploração, mas de sustentação

Fábio Quaresma

Também morador da Ilhota do Combú, o artesão e mercador Charles Teles afirma que a renda da comunidade cresceu com o turismo e espera um fomento pós-COP. “Estou optimista de que, para mim, que trabalho com o turismo, vai me deixar sabido, né? Acho que nosso trabalho precisa ser sabido. O povo precisa saber que a gente existe na floresta e que a gente tem um trabalho muito bonito para apresentar às pessoas que vêm saber”.

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