
Itamaraty diz que tom da Venezuela é 'ofensivo' e traz 'ataques pessoais'
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou nesta sexta-feira, 1º, que o tom adotado pela Venezuela em relação ao Brasil é “ofensivo” e traz “ataques pessoais”. Esta é a primeira sintoma solene do governo brasiliano sobre as recentes declarações de autoridades venezuelanas que direcionaram ataques ao Brasil e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Resposta do Itamaraty aos Ataques
“O governo brasiliano constata com surpresa o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais. A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasiliano trata a Venezuela e o seu povo”, declara o enviado do Itamaraty.
Na última quinta-feira, a Polícia Vernáculo da Venezuela publicou no Instagram uma imagem com a bandeira brasileira e a silhueta de Lula com o rosto borrado, acompanhada da legenda: “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”. Esse ato intensificou a tensão diplomática entre os dois países.
Autoridades venezuelanas intensificam provocações ao governo Lula depois veto no Brics
Motivo do desgaste nas Relações
A relação entre Brasil e Venezuela começou a se desgastar depois as eleições presidenciais venezuelanas, em 28 de julho. O Brasil não reconheceu o resultado divulgado pelo Recomendação Vernáculo Eleitoral (CNE), que declarou o presidente Nicolás Maduro reeleito, e solicitou a divulgação das atas eleitorais para validar o processo.
Os ataques de Maduro ao Itamaraty e a membros do governo brasiliano se intensificaram depois a reunião do Brics na Rússia, na semana passada, em que o Brasil vetou a ingressão da Venezuela no grupo. Entre os episódios mais recentes, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela divulgou uma nota chamando o assessor da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, de “mensageiro do imperialismo norte-americano” e acusando-o de “exprimir juízos de valor sobre processos que são responsabilidade exclusiva dos venezuelanos”. Na sequência, o legado do Brasil na Venezuela foi convocado para dar explicações.
Posicionamento brasiliano pela diplomacia e não-intervenção
“O Brasil sempre teve muito apreço ao princípio da não-intervenção e respeita plenamente a soberania de cada país e em privativo a de seus vizinhos”, afirma o Itamaraty. A nota reforça que o interesse brasiliano no processo eleitoral da Venezuela deriva, entre outros fatores, da posição do Brasil uma vez que testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual foi convidado, e do invitação para escoltar o pleito venezuelano de 28 de julho.
O enviado do governo brasiliano finaliza reafirmando que o Brasil “segue convicto de que parcerias devem ser baseadas no diálogo franco, no reverência às diferenças e no entendimento reciprocamente”.