
Os debates políticos foram banalizados?
Pablo Marçal durante debate de candidatos à Prefeitura de São Paulo
O primeiro
debate
entre os candidatos à prefeitura de
São Paulo
foi no dia 8 de agosto e o último está previsto para 3 de outubro. Neste período, ao todo, são nove debates marcados, dos quais três foram realizados, o último esvaziado com as ausências de Ricardo Nunes, Guilherme Boulos
e José Luiz Datena.
Ainda temos pela frente embates que serão transmitidos pela TV Jornal, Jovem Pan, TV Cultura, UOL/Rede TV, UOL/Folha de S. Paulo e TV Mundo.
Na prática, isso quer manifestar um debate por semana, uma quantidade que parece ser exagerada. Com uma programação tão intensa, será que os debates políticos foram banalizados?
Esse fenômeno ocorre justamente quando experimentamos um período de transição, no qual está havendo uma transmigração de audiência. Antes, as emissoras abertas de TV eram os veículos que mais concentravam a fidelidade do público. Hoje, porém, boa secção desses telespectadores se transformou em internautas e buscam informação através de vídeos disponíveis no YouTube
e no TikTok.
Mais do que isso: uma secção significativa do público quer um pouco que pode ser definido porquê infotainment
– ou seja, informação com entretenimento. Neste quesito, o candidato Pablo Marçal
é imbatível e planeja suas participações cuidadosamente, para gerar vídeos curtos a partir de suas intervenções.
Dentro deste contexto, as lacrações de Marçal produziram desconforto nos comitês eleitorais de Nunes, Boulos e Datena.
Os coordenadores de campanha preferiram, logo, não comparecer ao último debate promovido pela revista Veja e tentar esvaziar o mise en scène
do candidato do PRTB.
Quando um candidato não comparece a uma discussão com seus oponentes, se transforma em vidraça. Mas, neste caso, dizem os marqueteiros, valeu a pena decorrer o risco para não oferecer aos adversários munição para insuflar o ativismo das redes sociais.
A decisão de não comparecer ao último debate, no entanto, é uma espécie de recepção de que Marçal se tornou a grande estrela da eleição. Isso não quer manifestar que ele vá vencer o pleito. Mas o estilo hostil
e lacrador
deixou seus opositores atônitos, talvez com a exceção de Tabata Amaral.
Apesar da aparente banalização destes eventos políticos, os três candidatos vão romper em debates futuros, mas não necessariamente todos. A única data certa deve ser a do dia 3 de outubro, na sede paulista da Rede Mundo.
As campanhas de Nunes, Datena e Boulos
já estão estudando formas de neutralizar a desenvoltura de palco demonstrada por Marçal
e de responder à profundeza diante das câmeras. A teoria é dar respostas contundentes, que forcem respostas evasivas.
O que pode tirar os debates da atual mediocrização? Trazer a tarifa para os verdadeiros problemas da cidade e promover uma discussão produtiva sobre propostas sérias. O problema é que, no melhor estilo disseminado pelo ex-prefeito Paulo Maluf,
os candidatos ignoram o texto das perguntas e respondem o que somente o que desejam. Até quando o eleitorado vai concordar esse comportamento?