
Atleta espanhola quer recuperar medalha paralímpica com ajuda de advogado do ‘caso Bosman’
Maratonista paralímpica espanhola Elena Congost quer restabelecer medalha de bronze aós ser desclassificada por ajudar guia nos Jogos de Paris
FRANCK FIFE
Elena Congost, desportista espanhola que foi desclassificada depois de lucrar o bronze na maratona paralímpica por ajudar seu guia, recorreu a órgãos esportivos internacionais para reaver sua medalha através de Jean-Louis Dupont, o jurisconsulto do ‘caso Bosman’, anunciou seu escritório em transmitido.
Em uma missiva dirigida ao Comitê Olímpico Internacional (COI), ao Paralímpico (CPI) e aos responsáveis dos Jogos de Paris-2024, o jurisconsulto apela para o “tino de justiça esportiva e da isenção” para “adotar a única decisão justa (e juridicamente correta)”, que é a de conceder a Congost “a medalha que ela merece”.
No dia 8 de agosto, na maratona reservada a atletas com deficiência visual, Elena Congost terminou a prova na terceira posição, detrás da campeã, a marroquina Fatima El Idrissi, e de sua compatriota Meryem En-Nouhri.
No entanto, a espanhola de 36 anos, campeã paralímpica da prova nos Jogos do Rio-2016, foi posteriormente desclassificada por ter soltado a corda para ajudar seu guia a dois metros da risca de chegada.
– Evitar a queda do guia –
O bronze foi herdado pela japonesa Misato Michishita, que finalizou a prova mais de três minutos depois de Congost.
“Fui desclassificada porque a dez metros da chegada soltei a corda por um segundo porque meu guia estava caindo, volto a segurar a corda e cruzamos a risca de chegada, quando a desportista seguinte chega três minutos depois”, comentou Congost em seguida a prova.
“Gostaria que todo o mundo soubesse que não fui desclassificada por trapacear, mas por ser uma pessoa e ajudar meu guia (…) Para mim parece injusto e surreal que também não haja ninguém com quem eu possa esgrimir”, acrescenta a desportista.
“Na verdade, todos entendem que a regra que proíbe soltar a corda é justificada, pois seu objetivo é evitar fraudes que permitiriam a um desportista lucrar alguns segundos ou alguns metros sobre um competidor que, por sua vez, estaria respeitando as regras”, explica Dupont em seu texto.
– “Não houve fraude” –
No entanto, o jurisconsulto entende que no caso de Congost “não houve fraude, mas sim assistência a uma pessoa potencialmente em risco; soltar a corda não fez Elena Congost lucrar tempo e sim perder”.
A missiva lembra que a desportista “soltou a corda para ajudar seu guia” e reitera que “não prejudicou nenhum outro competidor”.
Em uma entrevista ao portal espanhol Relevo, Congost explica que foi o próprio Dupont que entrou em contato para oferecer assessoria jurídica.
Jean-Luis Dupont ficou famoso pelo chamado ‘caso Bosman’, que na dez de 1990 conseguiu que a justiça europeia invalidasse os limites impostos pela Uefa quanto a contratação de jogadores estrangeiros, permitindo aos clubes contratar quantos jogadores comunitários quisessem.
Na missiva, o escritório coloca o dia 20 de outubro de 2024 uma vez que prazo para que as autoridades retifiquem “amigavelmente” a decisão de desclassificar a desportista espanhola e considerem que “atribuir a medalha de bronze tanto a Congost uma vez que a sua concorrente seria a melhor solução”.