
Eleições 2024: o poder do voto feminino em SP — e as últimas pesquisas na capital após cadeirada
Depois o incidente da cadeirada no debate da TV Cultura e as últimas pesquisas mostrarem uma queda no percentual de votos e o aumento da repudiação, o influenciador Pablo Marçal (PRTB) parece recalcular a rota para tentar atrair mais eleitores e superar Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) na disputa em São Paulo, segundo análises de Cila Schulman, presidente do instituto de pesquisa Teoria, e de Renato Meirelles, presidente do instituto Locomotiva, no programa Eleições 2024 da EXAME.
“A reação do Pablo Marçal foi mais importante do que a cadeirada em si. Quando ele se compara com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com a facada, sendo que o primeiro caso foi atentado grave e o segundo foi uma recontro entre candidatos, ele atrai uma repudiação do votante”, diz Schulman.
Depois deixar o debate da Cultura no último domingo, Marçal foi levado de ambulância ao hospital Sírio-Libanês. Um vídeo divulgado em seu Instagram mostrou o candidato deitado em uma maca, com frase de dor e uma máscara de oxigênio.
Em boletim médico, o hospital informou que Marçal sofreu um traumatismo no tórax e no punho “sem maiores complicações”.
Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Teoria, 68% das menções tiveram viés negativo a Marçal, enquanto 32% foram positivas. Foram coletadas 13,7 milénio reações entre os dias 18 e 19 de setembro. Nesta semana, o candidato confessou que foi feito “uma cena” e que ele conseguiria ir “correndo para o hospital”.
“Por mais que todos os eleitores achassem que o José Luiz Datena (PSDB) errou, na prática, a maioria entendeu que Marçal também estava merecendo. É uma vez que se fosse aquele aluno da 5ª série D que fizesse bullyng com todo mundo e levasse uma porrada de um coleguinha mais fraco”, diz Meirelles.
Durante o encontro do SBT, realizado na última sexta-feira, 20, Marçal afirmou que pretende adotar uma novidade postura a partir de agora. Segundo o ex-coach, a campanha “começa agora”, e ele já mostrou a sua “pior versão” para a população. Agora, ele deseja provar que tem postura de governante.
Schulman avalia que a teoria de Marçal de mudar a imagem pode gerar uma reação negativa do votante, mas salienta que isso mostra uma leitura do candidato de que a sua postura não estava mais dando o resultado.
“Entendo o que ele está fazendo, mas a gente que trabalha com notícia política sabe que isso é o que o votante não gosta, por não entender recta quem é o candidato, que muda de imagem em um espaço tão pequeno de tempo. A minha hipótese é que essa estratégia não vai funcionar”, afirma Cila.
O CEO do Locomotiva coloca que a estratégia de Marçal no início da campanha foi atrair a atenção, mesmo que fosse de forma negativa. Mas nesse momento da corrida eleitoral, o candidato do PRTB precisa mostrar mais.
“Agora não basta mais a lógica do falem mal, mas falem de mim. É necessário que as pessoas falem muito dele, mas para isso, para além de parar de agredir os colegas, ele precisa de propostas mais eficientes que um teleférico”, afirma Meirelles.
Poder do voto feminino em São Paulo
Segundo o estudo Mulheres na cidade, da W.LAB, uma parceria entre o Locomotiva, Teoria e PiniOn, a maioria da população brasileira, composta por mulheres, decide o voto de forma dissemelhante dos homens.
Por serem mais impactadas pelas políticas públicas na vida cotidiana, o racional por trás da decisão de voto está muito mais ligado às possíveis entregas para melhorar sua vida do que, necessariamente, a uma posição política polarizada entre esquerda o direita.
Ao relacionar o levantamento com a corrida de São Paulo, Cila aponta que Marçal tem uma vez que um dos principais desafios invadir o voto feminino. E apesar de ter uma vice mulher, a sua postura e exposição bélico afastam as eleitoras, que no universal estão preocupadas com as propostas e políticas públicas para a cidade.
“Ele já não tinha o voto das mulheres, mas passa a tombar entre as eleitoras, além de aumentar a sua repudiação. Esse é um repto, ainda mais depois da cadeirada, que ele não parece que vai superar”, diz a presidente do Teoria.
Sobre Boulos, Cila aponta que as propostas relacionadas à saúde e às espaço sociais, aliadas à presença de Marta com um papel meão na campanha, cumprem o papel de tentar trazer essas eleitoras.
“Ele consegue velejar muito melhor na questão das mulheres”, diz.
Em relação a Nunes, a presidente do Teoria avalia que as entregas de obras do atual prefeito pela cidade atraem o público feminino, que vê as mudanças em seu cotidiano.
Meirelles acrescenta que pesquisas mostram que a maioria dos eleitores que ainda estão indecisos nos levantamentos espontâneos são mulheres das classes C e D, que historicamente decidem o voto perto da eleição.
“Algumas pessoas falam que essas mulheres não estão interessadas, mas isso não é muito verdade. Essas mulheres querem pensar melhor, querem olhar para as propostas e entender de indumento quem tem condições de melhorar as condições no seu bairro, na sua rua e na escola dos seus filhos”, explica.
O profissional aponta que esses são os votos que estão em desimpedido neste momento da disputa, e por isso as campanhas precisam oferecer políticas públicas que dialoguem com essas mulheres para atrair o voto.
“As campanhas precisam olhar com atenção para as mulheres da periferia, porque, no limite, são elas que decidirão o resultado das eleições”, conclui.
O incidente ainda discutiu as estratégias de Boulos e Nunes, o impacto da cadeirada para Datena e os dados do estudo do Teoria e do Locomotiva “Mulheres na cidade”, que fala sobre uma vez que as eleitoras pensam para resolver o voto.