Bispo que atuava no combate à pedofilia na Ilha de Marajó morre no Pará
O prelado emérito Dom José Luís Azcona Hermoso, símbolo na luta contra a exploração sexual de crianças e adolescentes na Ilhéu de Marajó, no Pará, morreu na manhã desta quarta-feira (20) em seguida complicações de um cancro.
O religioso tinha 84 anos e estava internado em um hospital pessoal em Belém (PA) desde 28 de outubro, onde estava recebendo cuidados paliativos.
O diagnóstico de cancro foi desvelado em junho deste ano e na última internação, os médicos informaram que, devido à sua fragilidade, não havia mais opções de tratamento curativo ou cirurgias possíveis. Ele estava com quadro de obstrução intestinal maligna irreversível, acúmulo de líquido no abdômen e derrame pleural.
Uma nota de falecimento foi publicada nas redes sociais da Prelazia do Marajó em homenagem ao prelado: “Enlutada louva a Deus pela vida e ministério de nosso prelado emérito e pede ao Senhor Bom Pastor, que o acolha em sua misericórdia e lhe conceda o sota eterno.”
Segundo a Prelazia, o corpo deve ser velado no Arquipélago do Marajó, região onde Azcona atuava. O lugar ainda não foi anunciado.
Quem foi Dom Azcona
O prelado nasceu em 28 de março de 1940 em Pamplona, na Espanha. Desde cedo dedicou a vida à Igreja e há 30 anos, já atuando no Pará, denunciou várias situações de exploração sexual de crianças no Arquipélago do Marajó.
Em 2015, durante uma entrevista que repercutiu nacionalmente, o prelado denunciou casos em que as crianças se ofereciam aos ocupantes de balsas com o consentimento da própria família.
Ou por outra, Azcona teve papel importante para a instalação da CPI da Pedofilia na Parlamento Legislativa do Pará e no Congresso Vernáculo nos anos de 2009 e 2010.
O trabalho na resguardo pelos direitos humanos no Marajó fez com que, em 2008, o nome dele estivesse entre as três lideranças católicas ameaçadas de morte no Pará.
Recentemente, um pedido da Nunciatura Apostólica –representação diplomática do Vaticano no Brasil– solicitou que o prelado deixasse a região.
A Nunciatura Apostólica no Brasil não informou o motivo e nem para onde o prelado seria deslocado. A decisão chegou a motivar revolta em moradores de várias cidades do Marajó e protestos foram realizados pelas ruas.