
Polícia dispara contra manifestantes em Bangladesh, onde exército foi mobilizado
Soldados destacados nas ruas de Daca, Bangladesh, em seguida vários dias de manifestações sangrentas, em 20 de julho de 2024
Munir UZ ZAMAN
A polícia antidistúrbios disparou munição real contra manifestantes neste sábado (20) em Bangladesh, onde o Tropa vigia as cidades em seguida uma vaga de confrontos mortais que deixou mais de uma centena de mortos esta semana.
Levante país do sul da Ásia está marcado por uma mobilização que começou no início de julho com protestos estudantis contra um sistema de cotas que suplente mais da metade dos empregos no serviço público para certos setores da sociedade, incluindo os filhos dos veteranos da guerra de libertação de 1971 contra o Paquistão.
As manifestações levaram a uma mobilização mais ampla e a tumultos, que esta semana deixaram pelo menos 133 mortos, segundo um balanço da AFP fundamentado em dados de fontes policiais e hospitalares.
O movimento representa um repto ao governo autocrático da primeira-ministra Sheikh Hasina, de 76 anos, que está no poder há 15 anos.
Neste sábado, Hasina “cancelou a sua viagem à Espanha e ao Brasil devido à situação atual”, disse à AFP o secretário de Prensa, Nayeemul Islam Khan. A primeira-ministra planejava viajar para a Espanha no domingo e de lá para o Brasil na terça-feira.
Na capital Daca, uma megalópole de 20 milhões de habitantes, as ruas vigiadas por soldados e veículos blindados – mobilizados na sexta-feira – estavam praticamente desertas ao amanhecer.
Mas milhares de pessoas voltaram às ruas mais tarde no província de Rampura e pelo menos uma pessoa foi ferida por disparos da polícia, que usou munição real, segundo a AFP.
A povo protestava contra o toque de recolher que entrou em vigor à meia-noite e está programado para persistir pelo menos até as 10h (01h no horário de Brasília) de domingo em todo o país.
“Há atrapalhação no país […] Eles atiram nas pessoas uma vez que se fossem coelhos”, disse à AFP um dos manifestantes, Nazrul Islam, de 52 anos.
– Mortos por disparos –
Os hospitais informaram à AFP que o número de mortes por disparos aumentou desde a quinta-feira. O queimada policial foi a razão de mais da metade das mortes relatadas esta semana, de convenção com depoimentos do pessoal médico.
Na sexta-feira, “centenas de milhares de pessoas” entraram em confronto com as forças da ordem, segundo o seu porta-voz Faruk Hossain, acrescentando que os manifestantes vandalizaram e incendiaram escritórios do governo e postos de controle policial.
“Pelo menos 150 policiais foram hospitalizados. Outros 150 receberam assistência médica”, disse à AFP.
O hospital Dhaka Medical College disse à AFP que dois policiais morreram neste sábado, enquanto outras quatro pessoas internadas em cuidados intensivos morreram devido aos ferimentos.
Um representante dos “Estudantes Contra a Discriminação”, o principal grupo organizador dos protestos, declarou que dois dos seus líderes estão detidos desde a sexta-feira.
Os estudantes que iniciaram o movimento de protesto exigem o termo de um sistema de cotas que, segundo muitos deles, beneficia os jovens dos círculos que apoiam Hasina.
Devido à incapacidade de Bangladesh de proporcionar ofício aos seus 170 milhões de habitantes, levante programa gera grande ressentimento entre os jovens graduados que enfrentam uma grave crise de desemprego.
A primeira-ministra governa o país desde 2009 e venceu as quartas eleições consecutivas em janeiro, em seguida uma votação decidida praticamente de antemão.
Os defensores dos direitos humanos acusam seu governo de exorbitar das instituições do Estado para solidificar seu domínio e erradicar a dissidência, particularmente por meio do homicídio extrajudicial de opositores.