Brasil de extremos climáticos: primavera atropelou inverno, diz climatologista

Às vésperas da chegada do inverno, o País vive dias que se parecem com uma primavera tempestuosa, nas palavras de um renomado climatologista. Nesta e na próxima semana, as temperaturas devem permanecer entre 5 e 10 graus supra da média.

O resultado das mudanças climáticas nestes dias tem sido um Brasil repartido entre o Meio -Oeste queimando na seca  e um Sul que insiste em receber de tempestades violentas.

“Rompemos inúmeros recordes só possíveis em um planeta mais quente. Portanto enquanto a temperatura do planeta aumenta, no Brasil os eventos extremos se intensificam e os dias quentes também”, afirmou nesta segunda-feira o climatologista Francisco Aquino, da UFRGS.

A região Sul enfrenta, explica o técnico,  os contrastes do ar tropical e equatorial com o ar polar da Antártica, que guarda 90% do gelo do planeta. Fazendo coro à maciça desfecho de especialistas, ele diz que “de indumentária, o clima mudou”.

Em meio a dezenas de eventos extremos, ano de 2024 será o mais quente já registrado, prevê.  A tragédia no Rio Grande do Sul, segundo ele, foi resultado de recordes de tempo e volume de chuva sobre  uma mesma bacia hidrográfica.

“Em menos de quatro dias inundamos a bacia do Guaíba”, afirmou, durante seminário Reconstrução preventiva – Adaptação das cidades brasileiras ao clima em mudanças, promovido pelo Observatório do Clima.

“Sabemos que a mudança do clima afeta de Setentrião a Sul do Brasil”.

Combate a incêndio próximo rio Paraguai. Foto: Instituto Varão Pantaneiro

No mesmo seminário, o professor Rualdo Menegat, do Instituto de Geociência, Cátedra Unesco para desenvolvimento sustentável, alertou também para a falta de infraestrutura que potencializam desastres climáticos. Ele citou a falta de matas ciliares, de proteção dos, relaxamento de planos diretores, que deixaram a chuva passar muito mais rapidamente,

“Isso não é um debate exclusivamente do RS, mas de todo o Brasil”, afirmou.

Pantanal em chamas

Até sexta-feira (14/6), o Pantanal acumulou 2.019 focos de incêndio, segundo a plataforma BDQueimadas, do INPE. Em igual período de 2023 foram 133 focos.

O número reunido neste ano é o segundo maior dos últimos 15 anos, detrás exclusivamente de 2020, quando foram registrados 2.135 focos. Naquele ano, muro de um terço do bioma foi devastado pelas chamas.

O Mato Grosso, que abriga muro de 40% do Pantanal brasílico – os outros 60% estão no vizinho Mato Grosso do Sul –, lidera o ranking de queimadas dos estados neste ano, de negócio com o BDQueimadas. Desde o início do ano até essa sexta-feira, mais de 28 milénio focos foram registrados no Brasil, sendo 7,4 milénio somente em Mato Grosso.

A SOS Pantanal lançou uma nota técnica cobrando ações. O documento foi endereçado aos governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ICMBio e IBAMA e exigiu um trabalho conjunto mais eficiente e desempenado.

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