“A beira do colapso“: Por que entregadores delevery na China estão sendo pressionados ao limite
Um entregador delivery perde o controle de repente no meio da rua, jogando seu celular no solo depois de receber uma avaliação negativa de um cliente.
Outro entregador se ajoelha para pedir desculpas a um policial que o parou por seguir o sinal vermelho, antes de se levantar, empuxar com sua motocicleta e passar pela rua sem se preocupar com o tráfico.
Em outro incidente, multidões de motoristas irritados se reúnem do lado de fora de um multíplice de apartamentos, exigindo justiça para um colega entregador que teria sido intimidado por seguranças do sítio.
Esses são somente alguns dos muitos episódios de confrontos explosivos envolvendo entregadores na China que circulam nas redes sociais chinesas, mostrando pessoas no limite de sua resistência.
A indústria de US$ 200 bilhões, a maior do mundo em receita e volume de pedidos, mais do que dobrou durante os três anos de lockdowns causados pela Covid-19 e ofereceu uma renda sólida para trabalhadores informais. Mas isso não é mais uma veras.
À medida que a economia da China enfrenta uma série de contratempos, desde uma prolongada crise imobiliária até a falta de consumo, os entregadores estão sofrendo um duro golpe.
Esses desafios foram evidenciados nesta sexta-feira (18), quando o Escritório Pátrio de Estatísticas (NBS) anunciou que a economia chinesa desacelerou ainda mais no terceiro trimestre, pressionada pelo fraco consumo e pela crise no mercado imobiliário.
O resultado interno bruto cresceu 4,6% no período de três meses, de julho a setembro, em conferência com o ano anterior. Isso foi somente um pouco maior do que as expectativas dos economistas consultados pela Reuters, que previam uma expansão de 4,5%.
“Eles estão trabalhando longas horas, sendo realmente pressionados”, disse Jenny Chan, professora associada de sociologia na Universidade Politécnica de Hong Kong. “[E] eles continuarão enfrentando pressão, pois [as plataformas de entrega] têm que manter os custos baixos”, acrescentou.
Uma economia lenta significa que as pessoas estão pedindo refeições mais baratas. Isso reduz os ganhos dos trabalhadores, já que a maioria trabalha por percentagem, obrigando-os a trabalhar mais horas para manter sua renda, explica Chan.
Outrossim, a dominância de duas grandes plataformas de entrega de comida permite que elas ditem os termos contratuais, deixando pouco espaço para que os trabalhadores resistam às condições de trabalho deterioradas, dizem observadores dos direitos trabalhistas.
Uma grande frota
Tapume de 12 milhões de entregadores formam a espinha dorsal da vasta rede de entrega de comida da China, que começou a lucrar força com a instalação do aplicativo Ele.me, em 2009, agora de propriedade do gigante da tecnologia Alibaba.
Os trabalhadores desempenharam um papel fundamental em manter as comunidades durante a Covid, quando os residentes foram proibidos de transpor de moradia sob regras rígidas de lockdown. Agora, eles se tornaram uma secção indispensável da cultura gastronômica do país.
Eles estão em toda secção: cruzando uma imensa rede de estradas movimentadas e becos desconhecidos para entregar refeições todos os dias. Alguns nem param durante chuvas fortes ou tufões intensos.
O mercado atingiu US$ 214 bilhões em 2023, 2,3 vezes o valor de 2020, segundo estimativas da iiMedia Research, uma empresa baseada na China que acompanha tendências de consumo. A indústria deve saber US$ 280 bilhões em 2030. A Morningstar afirma que a China tem o maior mercado de entrega de comida do mundo.
Atualmente, os trabalhadores estão continuamente sob imensa pressão para executar prazos apertados, mesmo que isso signifique trinchar caminho nas ruas – acelerando ou passando no sinal vermelho – o que pretexto riscos que colocam em transe tanto a eles mesmos quanto outros usuários da via.
O entregador que quebrou seu celular insistiu, em uma entrevista à mídia estatal chinesa, que a reclamação feita contra ele era infundada. Mas ele afirma que ainda foi penalizado com a redução de tarefas, o que diminuiu sua renda, ecoando queixas semelhantes.
“O que eles querem enfim? Querem que eu morra?”, disse ele no vídeo.
No ano pretérito, os lucros das duas maiores empresas do setor, Meituan e Ele.me, dispararam. A receita da Meituan foi de US$ 10 bilhões, um aumento de 26% em conferência a 2022.
O Alibaba reportou uma receita de US$ 8,3 bilhões para sua separação de serviços locais, impulsionada principalmente pela Ele.me, no ano fiscal que terminou em 31 de março, um aumento de 19% em relação ao ano anterior.
A CNN procurou tanto a Meituan quanto a Ele.me para comentar, mas elas não responderam.
Salários encolhendo
Nesse contexto, os salários dos entregadores diminuíram significativamente.
No ano pretérito, eles ganhavam 6.803 yuan (US$ 956) por mês, de concordância com um relatório do China New Employment Research Center. Isso é quase 1.000 yuan (US$ 140) por mês a menos do que ganhavam cinco anos detrás, apesar de muitos relatarem que estão trabalhando mais horas.
Pode não parecer muito em dólares americanos, mas uma diferença de 1.000 yuan é um valor considerável em um país onde a média salarial mensal vernáculo foi de 1.838 yuan (US$ 258) no ano pretérito, de concordância com o NBS.
Lu Sihang, 20 anos, disse à CNN que trabalha em um vez de 10 horas fazendo 30 entregas por dia. Ele ganha tapume de US$ 30 a US$ 40 por vez. Nesse ritmo, Lu tem que trabalhar quase todos os dias para saber a média de US$ 950.
O consumo “rebaixado” da China é o culpado, diz Gary Ng, economista do banco de investimentos gálico Natixis. À medida que a economia da China desacelera, os consumidores estão gastando menos.
O economista disse que, embora a comida seja uma urgência, uma economia fraca faz com que os clientes gastem menos em pedidos de entrega, enquanto os restaurantes têm que reduzir os preços para atrair clientes.
Isso afeta a renda dos entregadores, já que seu pagamento geralmente está atrelado a uma percentagem baseada no valor do pedido. Quando os clientes estão com pouco quantia, também é menos provável que ofereçam gorjetas.
Enquanto isso, a economia fraca significa que há menos empregos, tornando a competição mais acirrada. A taxa de desemprego entre os jovens na China disparou para 18,8% em agosto, a mais subida desde que as autoridades mudaram a metodologia no ano pretérito para excluir estudantes.
“Se você tem uma grande oferta de trabalhadores, o poder de negociação deles diminui. Enquanto isso, há somente uma quantidade limitada de pedidos de entrega para compartilhar entre eles”, disse Ng.
Um duopólio
Nem sempre foi assim. Pesquisas do China Labour Bulletin, uma ONG com sede em Hong Kong, disseram que os aplicativos de entrega inicialmente investiram pesadamente para oferecer salários mais altos a término de atrair trabalhadores suficientes para sua expansão.
“Mas, à medida que as condições mudaram, com as empresas de plataformas monopolizando o mercado e o desenvolvimento de algoritmos controlando o processo de trabalho, os trabalhadores têm poucas proteções trabalhistas e perderam um intensidade de liberdade”, disse.
Muitos restaurantes não cobram taxa de entrega. Alguns até oferecem preços mais baixos do que o consumo no sítio ou a retirada pessoal.
Chan, da Universidade Politécnica, disse que as plataformas investiram pesadamente no início para reduzir os preços e expulsar concorrentes. Mas agora que alcançaram seu domínio, começaram a transferir o dispêndio para os motoristas, cortando seus bônus e salários.
No início deste ano, o portal de notícias online estatal Workers.cn relatou várias reclamações de motoristas que disseram não ter feito zero de falso.
Um motorista disse que foi multado em 86 yuans (US$ 12) por não pegar um pedido pronto, mesmo tendo informado ao restaurante que não o levaria porque o estabelecimento não conseguiu preparar a comida a tempo, relatou o Workers.cn.
Chan disse que outro problema é que os trabalhadores de entrega são tratados porquê freelancers, pagos por viagem, em vez de receberem um salário mensal, o que os incentiva a ignorar condições perigosas nas estradas para fazer o maior número de entregas provável.
“Quem gostaria de seguir o sinal vermelho se pudesse entregar as refeições com segurança? Mas eles não podem se dar ao luxo de fazer isso”, disse ela.
As consequências se mostraram fatais. Em 2019, um entregador morreu em seguida ser atingido por uma árvore derrubada por ventos fortes em Pequim, segundo a mídia estatal Global Times.
Na semana passada, o Chongqing Broadcasting Group exibiu imagens de um entregador colidindo sua scooter contra um coche em um interceptação na província de Hunan, no sul da China, em seguida seguir o sinal vermelho.
Um entregador de 35 anos, que se identificou somente pelo sobrenome Yang, reconheceu os aspectos negativos, dizendo que a indústria “não é tão boa quanto antes”.
Mas ele ainda acha que o trabalho lhe convém por enquanto, depois de ter conciliado uma série de funções anteriores, desde vender lanches até trabalhar em um escritório.
“É um trabalho com flexibilidade. Se você quiser lucrar mais quantia, precisará trabalhar mais tempo; se quiser repousar, portanto pode trabalhar menos”, disse Yang.