Ameaça ou avanço? CLDF deve votar mudanças em Brasília nesta quarta (19)

Reconhecida mundialmente por suas grandes áreas verdes, prédios com alturas reguladas e qualidade de vida diferenciada, Brasília corre o risco de perder várias das características garantidas no projeto original de Lúcio Costa.

O Projecto de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília ( PPCub
), atualmente em tramitação na Câmara Legislativa (CLDF) e que deve ser votado nesta quarta-feira (19), autoriza mudanças radicais que ameaçam transformar a capital em um cenário totalmente dissemelhante do que a consagrou uma vez que Patrimônio da Humanidade em 1987 pela Organização das Nações Unidas para a Ensino, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A promessa do projeto é de preservar a extensão medial de Brasília, mas o resultado pode desfigurar completamente as características do Projecto Piloto, permitindo adensamento e construções que destoam do tradicional cenário já espargido da capital federalista.

Para se ter teoria, uma das discussões mais acirradas é sobre a autorização para que os prédios, incluindo hotéis, localizados no meio da cidade, possam pular de três para 12 andares. A consequência, caso o texto seja reconhecido, seria o comprometimento do horizonte tão elogiado por quem passa pela extensão medial da cidade.

Outrossim, há a possibilidade da reocupação das margens do Lago Paranoá por grandes complexos residenciais, o que favorece a especulação imobiliária e também fomenta o adensamento populacional e ameaço a qualidade de aprovisionamento de vigor, chuva, sem excluir o trânsito na extensão tombada. Outrossim, poderá reduzir as áreas disponíveis da população para acessar o nosso principal cartão postal.

Com a proposta de permitir a instalação de um camping
, quiosques, trailers e tendas no término da Asa Sul, a primeira imagem de quem desembarca no Aeroporto Internacional de Brasília poderá ser totalmente descaracterizada.

A mudança, proposta no mesmo texto discutido com deputados distritais, também não está de negócio com a concepção original de Lúcio Costa nem com o Projecto Brasília Revisitada
, podendo comprometer a atmosfera bucólica que tanto caracteriza a capital.

Deputados, tanto da base governista quanto da oposição, divergem sobre os impactos dessas medidas, que podem beneficiar muito mais empreiteiros e empresários (vários deles de um mesmo grupo familiar) do que a população brasiliense, que será impactada diretamente com as alterações das regras.

Milénio páginas

Com mais de milénio páginas, o PPCub
prevê outras mudanças radicais, mas que ainda não são de totalidade conhecimento dos moradores da capital, uma vez que é o caso do adensamento do Projecto Piloto através da transformação de áreas verdes em lotes comerciais. Há também autorização para que estacionamentos das vias W3 possam se transformar em novas construções comerciais e residenciais.

De negócio com os estudos, estima-se que tais medidas, caso aprovadas, possam resultar no acréscimo de pelo menos 240 milénio novos moradores na região medial da cidade, o que, inevitavelmente, resultará em congestionamentos e crises no aprovisionamento de vigor elétrica e chuva, por exemplo.

Na Câmara Legislativa, o termômetro prevê uma aprovação folgada do projeto nesta quarta-feira, já que a base governista (composta por 17 parlamentares) se manifestou de forma favorável a todas essas alterações que impactam o meio da capital federalista.

Por enquanto, exclusivamente os integrantes da oposição, que contabilizam sete distritais, adiantaram que devem precisar de mais tempo para averiguar com maior responsabilidade o texto que tem grande chances de impactar completamente a vida de toda a nossa cidade, principalmente das próximas gerações.

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