
Unesco alerta para o custo bilionário de não investir na educação
Segundo o relatório, o déficit de competências atinge 94% na região da África Subsariana, 88% no Sul e Oeste da Ásia, 74% nos países árabes e 64% na América Latina e no Caribe
ISSOUF SANOGO
A baixa escolaridade e a falta de políticas educativas, resultantes de um investimento insuficiente na ensino, custam 10 bilhões de dólares (R$ 52,6 bilhões na cotação atual) à economia mundial por ano, alertou a Unesco nesta segunda-feira (17).
Em um relatório intitulado “O preço da inação”, especialistas desta Organização das Nações Unidas para a Instrução, Ciência e Cultura estimaram leste valor para 2030.
A marca “vertiginosa” supera o Resultado Interno Bruto (PIB) conjunto da França e do Japão, dois dos países mais ricos do mundo, segundo a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, que destaca um “círculo vicioso” da “falta de investimento na ensino de qualidade”.
“As pessoas com menos formação têm menos competências. Os trabalhadores pouco qualificados ganham menos. As pessoas com rendas baixas pagam menos impostos, o que significa que os governos possuem menos recursos para investir em sistemas educativos acessíveis a todos”, diz ela em declarações enviadas à AFP.
A ensino contribui “para a realização de outros objetivos de desenvolvimento sustentável, porquê ultimar com a pobreza, evitando também a sua transmissão intergeracional”, afirmou o presidente do Chile, Gabriel Boric, durante uma reunião de Ministros da Instrução na Unesco.
Muro de 128 milhões de meninos e 122 milhões de meninas não frequentaram escolas em 2023, segundo a organização, e 70% das crianças de 10 anos em países de inferior e médio rendimento não conseguem compreender textos simples.
Segundo o relatório, o déficit de competências atinge 94% na região da África Subsariana, 88% no Sul e Oeste da Ásia, 74% nos países árabes e 64% na América Latina e no Caribe.
Caso os países reduzam em 10% o número de jovens que abandonam os estudos de forma precoce, o PIB mundial cresceria entre 1 e 2% ao ano, conclui o documento.
“A ensino é um investimento estratégico, um dos melhores investimentos possíveis para os indivíduos, as economias e a sociedade porquê um todo”, afirmou Azoulay.
Para além dos critérios financeiros, a ensino também tem impacto na gravidez precoce, que aumenta 69% entre as mulheres jovens com menor escolaridade, afirma a Unesco.