Cúpula pela paz na Suíça reafirma integridade da Ucrânia, mas pede negociações com a Rússia
Gabriel Monnet
Dezenas de países reunidos em uma cúpula de silêncio na Suíça reforçaram seu espeque à independência e soberania territorial da Ucrânia, mas destacaram que Kiev deve negociar o término da guerra com Moscou.
Nem a Rússia nem a China estiveram presentes na reunião, que terminou com uma enunciação aprovada por quase 80 dos 92 países participantes.
Brasil, Índia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos não apareceram na lista de países que apoiaram a enunciação final, anunciada no telão.
Mais de dois anos depois a invasão russa da Ucrânia, líderes e autoridades de mais de 90 países reuniram-se em um luxuoso multíplice hoteleiro em Burgenstock, Suíça, para tentar pôr término ao maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
“Acreditamos que entender a silêncio requer o envolvimento e o diálogo entre todas as partes”, afirma o documento consultado pela AFP.
A enunciação também reafirmou “os princípios de soberania, independência e integridade territorial de todos os Estados, incluindo a Ucrânia”, apelou à troca de prisioneiros e à volta para lar de crianças deportadas para a Rússia.
“Devemos fazer o nosso trabalho, não vamos pensar na Rússia, vamos fazer o que temos que fazer. Neste momento, a Rússia e seus líderes não estão prontos para uma silêncio justa. É trajo”, declarou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
O presidente prometeu no sábado apresentar propostas de silêncio à Rússia mal forem validadas pela comunidade internacional.
– “Veras no terreno” –
A cúpula se concentrou neste domingo na segurança nuclear e nutrir e no retorno das crianças ucranianas deportadas pela Rússia.
A reunião ocorreu em um momento quebrável para a Ucrânia no campo de guerra, onde as forças russas são mais numerosas e mais muito equipadas.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse na sexta-feira que negociará com a Ucrânia desde que retire suas tropas das quatro regiões que Moscou reivindica e ocupa parcialmente, e renuncie à adesão à Otan.
Kiev, Otan e Estados Unidos repudiaram as condições de Moscou.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, insistiu neste domingo que não há “ultimato”, mas uma “iniciativa de silêncio que considera a verdade no terreno”.
“A atual dinâmica no front mostra claramente que a situação continua piorando para os ucranianos”, disse.
O Ministério da Resguardo russo reivindicou neste domingo a tomada de Zahirne, na região de Zaporizhzhia, sul da Ucrânia.
As discussões na Suíça basearam-se em pontos consensuais do projecto de silêncio apresentado por Zelensky no final de 2022 e nas resoluções da ONU sobre a invasão russa.
Os participantes foram divididos em três grupos de trabalho neste domingo: segurança nuclear, assuntos humanitários, segurança nutrir e liberdade de navegação no Mar Preto.
– Crianças, segurança nutrir e nuclear –
A seção de assuntos humanitários focou em questões relacionadas aos prisioneiros de guerra, detidos civis, internados e desaparecidos. Abordou também a repatriação de crianças ucranianas, retiradas pela Rússia dos territórios parcialmente ocupados.
As conversas sobre segurança nutrir analisaram a queda da produção agrícola e das exportações, com efeito cascata em todo o mundo, já que a Ucrânia era um dos celeiros do planeta antes da guerra.
Alemanha, Brasil, Coreia do Sul, Espanha, Israel, Quênia, Reino Uno, Tailândia e Turquia fizeram secção dos 30 países deste grupo.
As discussões também abordaram a ruína de terras férteis durante a guerra e os riscos contínuos representados pelas minas e artefatos não detonados. A falta de segurança do tráfico marítimo no Mar Preto também contribuiu para o aumento dos preços.
O terceiro grupo analisou a segurança das usinas nucleares ucranianas, principalmente a de Zaporizhzhia, a maior da Europa, ocupada pelos russos. O objetivo era reduzir os riscos de ocorrência de um acidente.
Nascente grupo foi constituído por Argentina, Austrália, França, Indonésia, Itália, Japão, México, Filipinas, África do Sul e Estados Unidos.