Como a eventual queda dos juros nos EUA pode impactar o Brasil?
A maior economia do mundo está dando sinais de que deve ter queda nos juros no próximo mês. Desde julho do ano pretérito, as taxas nos Estados Unidos estão mantidas entre 5,25% e 5,5% — o maior patamar em mais de duas décadas.
Nesta semana, dados da inflação norte-americana reforçaram as expectativas de redução das taxas pelo Federalista Reserve (Fed). Antes, outros indicadores já haviam indigitado o esfriamento das atividades no país.
O cenário faz com que todas as apostas do mercado estejam no galanteio dos juros em setembro, com a maior segmento enxergando espaço para recuo de 0,25 ponto, segundo a instrumento CME FedWatch.
Essa expectativa já mexe com negócios globais na medida que investidores passam a mudar suas estratégias, e no Brasil não é dissemelhante.
Analistas ouvidos pela CNN pontuam que o movimento pode ser observado nos indicadores locais, sobretudo na recente perda de fôlego do dólar, que voltou a ser negociado inferior de R$ 5,50.
O efeito também se manifesta na bolsa na medida que mercados emergentes se tornam mais atrativos. Nesta quarta-feira (14), o Ibovespa renovou a máxima do ano ao fechar supra dos 133 milénio pontos, na sétima sessão seguida de valorização.
Efeitos no câmbio e nas bolsas
O economista-chefe da Genial Investimentos e professor da PUC-Rio, José Márcio Camargo, explica que a valorização do real está relacionada à expectativa de que o diferencial de juros entre os EUA e o Brasil vai aumentar.
O movimento atrai mais dólares ao país, contribuindo para tirar segmento da pressão sobre o câmbio.
O atual mercado indica que não só as taxas nos EUA vão tombar, porquê, na melhor das hipóteses, os juros no Brasil — atualmente em 10,5% ao ano — vão permanecer constantes, conforme estudo do economista.
Neste sentido, a renda fixa brasileira se mostra mais atrativa aos investidores por estar pagando mais, enquanto juros em queda nos EUA diminuem o retorno.
“Tendo isso em vista, os investidores estão deslocando recursos da economia americana para a economia brasileira exatamente para conseguir se apropriar desse diferencial de juros.”
No mesmo sentido, a economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinho, aponta que o início da queda em setembro já é precificado no mercado de títulos públicos há “algumas semanas”.
Os economistas destacam que o processo de queda de juros nos EUA, em universal, é favorável para a taxa de câmbio de países emergentes, porquê o Brasil.
Para Pinho, no entanto, serão necessários eventos adicionais, tanto no lado internacional, quanto do lado doméstico — porquê o ajuste fiscal pelo governo federalista —, para proporcionar conforto na taxa de juros para além do que já está acontecendo diante das expectativas de galanteio pelo Fed.
O início do galanteio de juros nos EUA e a visão de um ciclo longo de reduções devido à convergência da inflação à meta traz mais crédito para os mercados, indica ainda a economista-chefe da Galapagos Capital.
“Isso reduz a volatilidade vista recentemente nos vários ativos financeiros. Essa maior crédito, isto é, menor aversão ao risco, favorece todos os ativos emergentes”, explica.
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