Milhares de palestinos fogem de Rafah por temor de ofensiva terrestre israelense
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Dezenas de milhares de civis continuam fugindo nesta quarta-feira (15) da cidade de Rafah, sul da Fita de Gaza, bombardeada por Israel e ameaçada por uma grande ofensiva terrestre, no dia em que os palestinos recordam a “Nakba”, a “Catástrofe” que representou para eles a geração do Estado de Israel em 1948.
Durante a “Nakba”, quase 760.000 árabes palestinos fugiram ou foram expulsos de suas casas, segundo os dados da ONU, para buscar refúgio nos países vizinhos ou no que viriam a ser a Cisjordânia e a Fita de Gaza.
“Gaza não se ajoelhará diante de tanques e armas”, gritaram na terça-feira milhares de palestinos durante a marcha anual de recordação.
Na Fita de Gaza, cercada e devastada pela guerra entre Israel e o Hamas, a população social, forçada ao deslocamento diversas vezes desde o início do conflito, retorna às estradas para tentar encontrar refúgio, embora a ONU afirme que “não há lugar seguro em Gaza”.
Correspondentes da AFP e testemunhas relataram a perenidade dos ataques aéreos, bombardeios de artilharia e combates durante a madrugada e a manhã em Rafah, Jabaliya (setentrião) e no bairro de Zeitun, na Cidade de Gaza.
Rafah, uma cidade na fronteira com o Egito, está sob ameaço de uma ofensiva terrestre. Centenas de milhares de palestinos, a maioria deslocados, estão aglomerados na localidade.
O braço armado do Hamas, as brigadas Ezzeldin Al-Qassam, confirmou confrontos com as forças israelenses no campo de refugiados de Jabaliya.
O Tropa de Israel também anunciou combates “intensos” na cidade de mesmo nome e informou que matou vários “terroristas”.
– “Reabertura imediata” –
Depois de mais de sete meses de guerra, iniciada em 7 de outubro por um ataque sem precedentes em território israelenses do movimento islamista palestino Hamas, 35.173 pessoas morreram na Fita de Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
O Tropa israelense entrou em Rafah com tanques em 7 de maio. Desde portanto, a passagem de fronteira entre a Fita de Gaza e o Egito, crucial para os comboios que transportam ajuda a uma população ameaçada pela inópia, permanece fechada.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu na terça-feira a “reabertura imediata” da passagem de Rafah e a “entrega sem obstáculos de ajuda humanitária”. Aliás, reiterou o apelo por um cessar-fogo e pela libertação de todos os reféns.
Desde que o Tropa ordenou aos civis que abandonassem a zona leste de Rafah, em 6 de maio, quase 450.000 pessoas foram deslocadas à força, informou a Sucursal das Nações Unidas Para os Refugiados Palestinos (UNRWA).
Em seguida o ataque de 7 de outubro, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu destruir o Hamas, que tomou o poder em Gaza em 2007 e que considera uma organização terrorista, mesma classificação atribuída ao grupo por Estados Unidos e União Europeia.
Netanayhu está determinado a iniciar uma grande operação em Rafah, onde, segundo ele, os últimos batalhões do Hamas estão entrincheirados, uma operação que preocupa a comunidade internacional, começando pelo governo dos Estados Unidos, principal coligado de Israel, por suas consequências para a população social.
– Ajuda militar americana –
Apesar da ameaço do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de limitar a ajuda militar americana a Israel devido à ofensiva em Rafah, o Executivo notificou o Congresso na terça-feira que vai enviar armas a Israel avaliadas em quase um bilhão de dólares, informaram fontes do governo à AFP.
O ataque de 7 de outubro executado por milicianos do Hamas, que entraram no sul de Israel a partir de Gaza, deixou mais de 1.170 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP fundamentado em dados oficiais israelenses.
Mais de 250 pessoas foram sequestradas durante o ataque e 128 permanecem em cativeiro em Gaza, das quais 36 estariam mortas, segundo o Tropa israelense.
Em resposta, Israel iniciou bombardeios, seguidos por uma ofensiva terrestre, que devastaram a Fita de Gaza.
No sul do território, um soldado israelense morreu na terça-feira, o que eleva a 621 o número de militares mortos desde o início da guerra.
Segundo o Procurar, os moradores de Gaza não recebem ajuda humanitária desde 9 de maio. Para facilitar a entrega de assistência, militares dos Estados Unidos estão construindo um porto sintético que deve entrar em operação nos próximos dias, segundo o Pentágono.
A guerra em Gaza também tem consequências na fronteira entre Israel e Líbano, cenário de trocas de tiros diárias entre as forças israelenses e o movimento libanês Hezbollah, que apoia o Hamas.
O Tropa israelense anunciou nesta quarta-feira que matou Hussein Makki, comandante do Hezbollah, em uma operação na terça-feira perto de Tiro, sul do Líbano.