Waack: O Supremo no centro do turbilhão da política
Dois episódios evidenciaram, mais uma vez, a centralidade do STF na política brasileira. Sim, a centralidade, por mais que os integrantes do Supremo discordem dessa descrição.
O primeiro é o uso que o ministro Alexandre de Moraes teria feito de recursos informais para tratar de seus assuntos.
O principal deles é a transporte do questionário das fake news, que existe desde 2019 e se transformou em um enorme poder de polícia para o STF.
Zero do que o ministro fez é proibido, afirma o STF. Mas o problema político não está exclusivamente na tecnicalidade jurídico-legal.
Está na legitimidade da atuação do STF em relação, por exemplo, aos atos de 8 de janeiro — conforme mencionado cá, em recente entrevista à CNN, por um ex-presidente da instituição, Nelson Jobim.
O segundo incidente evidenciando a centralidade do Supremo na política está na liminar de hoje, do ministro Flávio Dino, suspendendo a realização de emendas impositivas indicadas pelos parlamentares.
De novo — a falta de transparência de secção dessas emendas é um picardia. Elas são sentença de um enorme progresso do Legislativo sobre o Executivo, em secção, por culpa do próprio Executivo. Mas são também sentença de desequilíbrio e invasão de competências — a querela padrão feita hoje por um poder em relação ao outro.
Nesse sentido, parece inútil esperar por uma “normalidade”. O que acontece hoje é o nosso normal.
Vocês podem dar a isso o nome que quiserem: desarranjo, desequilíbrio, bagunça. Mas é com isso que vamos viver.
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