Oposição de esquerda se reunirá em uma ‘Frente Popular’ na França

Sebastien Salom-Gomis

Revelação contra o Reagrupamento Vernáculo em Nantes em 10 de junho de 2024

Sebastien Salom-Gomis

A oposição de esquerda na França apresentou, nesta sexta-feira (14), o “programa de governo” e de “ruptura” da Novidade Frente Popular, com a qual espera frustrar uma vitória da extrema direita em uma posição de força nas eleições legislativas antecipadas.

A esquerda francesa promete uma “ruptura totalidade com as políticas de Emmanuel Macron” se vencer as eleições, disse o deputado de esquerda Manuel Bompard nesta sexta-feira. “Será a extrema direita ou seremos nós”, acrescentou a ambientalista Marine Tondolier.

Socialistas, ambientalistas, comunistas e A França Insubmissa (LFI, esquerda radical) chegaram ao pacto final na noite de quinta-feira para concorrer juntos, com outros pequenos partidos porquê o Rossio Pública, liderado pela novidade estrela social-democrata Raphaël Glucksmann.

O novo programa de 100 medidas compromete-se a aumentar o salário mínimo, a revogar as controversas reformas previdenciária e migratória do presidente centrista, denuncia a “guerra de agressão” da Rússia na Ucrânia e os “massacres terroristas” do Hamas em Israel, entre outros.

Tecer um negócio não parecia fácil, principalmente quando a última coalizão nas eleições legislativas de 2022, chamada Nupes, acabou por se desfazer devido a divergências entre os social-democratas e a lado mais radical, liderada pelo líder esquerdista Jean-Luc Mélenchon.

Mas o pavor de ver o partido de extrema direita Reagrupamento Vernáculo (RN) chegar ao poder forçou-os a superar as suas diferenças, apesar da pressão do partido no poder, que criticou o negócio dos social-democratas com o LFI, um partido que Macron descreveu porquê “antissemita”.

“A única coisa que me importa é que o RN não ganhe as eleições legislativas e não governe levante país”, disse Glucksmann à rádio France Inter, para quem a “única forma” de consegui-lo é “uma união da esquerda” nas eleições de 30 de junho e 7 de julho.

A coalizão assume assim o nome de outra federação formada na França em 1936, cuja vitória nas eleições levou o socialista Léon Blum a liderar o governo gaulês em um contexto na Europa de subida da Alemanha nazista de Adolf Hitler.

Sobre quem poderá ser o porvir primeiro-ministro da coalizão, o social-democrata descartou Mélenchon – denominado de “Chávez gaulês” pelo ministro da Economia, Bruno Le Maire – já que deverá ser uma figura de “consenso” para todos.

O ex-presidente socialista François Hollande, uma das vozes mais críticas da última coalizão de esquerda, também se disse “favorável” à Novidade Frente Popular, e lamentou que a antecipação das eleições ocorra “no pior momento e nas piores circunstâncias”.

No que diz reverência à Nupes, o resultado das eleições europeias, em que os socialistas ultrapassaram a LFI nos votos, significou também um reequilíbrio de forças dentro da federação, pelo que a esquerda radical cedeu uma centena de círculos eleitorais aos seus aliados.

Macron, que continuará porquê presidente até 2027, desencadeou um terremoto político na França com a inesperada antecipação das eleições legislativas, portanto poderá ter que compartilhar o poder com um governo de outra ideologia política em uma “coabitação”.

Uma pesquisa recente da Elabe coloca o RN na liderança com 31% das intenções de voto, seguido pela frente de esquerdas com 28% e a federação centrista de Macron com 18%, confirmando um reequilíbrio dos três blocos que emergiram das eleições legislativas de 2022.

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