Mercado de luxo sofre com China mais fraca e mudanças no comportamento dos consumidores
As marcas do setor de luxo sofrem com uma fraqueza na demanda dos seus itens com sinais de extenuação da economia na China e mudança de comportamento dos consumidores.
Os sinais deste movimento já foram vistos no início do ano, mas se tornaram mais fortes nas últimas semanas, depois publicações de resultados do terceiro trimestre.
“A recente queda na demanda por produtos de luxo pode, sim, impactar os próximos resultados da companhia do setor, e isso já está acontecendo”, indicou João Crapina, crítico CNPI da Suno Research.
Segundo Crapina, o mercado de cimo padrão enfrenta alguns desafios devido ao boom pós-pandemia e à recente crise imobiliária na China, pontuando o resultado da Louis Vuitton (LVMH), que marcou o primeiro recuo no faturamento desde a pandemia com uma queda de 3% nas vendas do terceiro trimestre.
Embora a empresa francesa tenha mostrado um prolongamento nos Estados Unidos e na Europa, a Ásia — uma de suas principais áreas de atuação — apresentou queda de 16%, impedindo a subida dos resultados, explicou o profissional da Suno.
A Gucci passou pela mesma situação no início do ano, quando o “efeito China” derrubou as vendas e afetou as ações da companhia.
Mas, existem outros fatores que influenciam na demanda, e consequentemente nos resultados das marcas do nicho de cimo padrão.
“Houve uma mudança no perfil do consumidor, a exemplo da Geração Z e Millenial, que consomem e redefinem o luxo. Eles se interessam em marcas que tenham propósitos e que suas causas se relacionem à sustentabilidade”, disse Mariana Cerone, professora de Estratégias do Varejo Omnichannel da ESPM.
Uma pesquisa da Bain & Company já estimava uma ligeiro desaceleração no setor, justificada por um sentimento de “vergonha do luxo” entre os consumidores, à medida que os mais jovens têm prorrogado gastos em bens de luxo devido a níveis crescentes de desemprego e perspectivas futuras enfraquecidas.
Ainda, segundo Cerone, esse tipo de empresa dependia das lojas físicas. Com a pandemia, as marcas precisaram se adequar e reinventar as vendas no meio online, mas ainda estão no processo de adaptação.
A profissional afirma que o setor pode continuar em desaceleração, devido a uma queda nos mercados-chave, porquê a China, além de pressão inflacionária e pressão cambial.
E esse cenário não só respinga nos balanços, mas também no patrimônio líquido de alguns bilionários donos de marcas de cimo padrão conhecidas, porquê LVMH, L’oreal e Kering, dona da Gucci.
De conformidade com o índice de bilionários da Bloomberg, o francesismo Bernand Arnault, proprietário do conglomerado de luxo LVMH — que engloba marcas porquê Louis Vuitton, Dior, Sephora e Moët & Chandon — perdeu US$ 5 bilhões, ou o equivalente a R$ 29,3 bilhões, do seu patrimônio no trimestre encerrado em outubro deste ano.
Mas, já no mês pretérito, o bilionário viu seu patrimônio diminuir R$ 34 bilhões em um único dia com crise na China.
