Castro critica Itamaraty por se desculpar com diplomatas com filhos abordados pela PM
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, criticou a postura do Itamaraty
depois três jovens negros, filhos de diplomatas, serem abordados pela Polícia Militar no Rio de Janeiro. A ação foi considerada racista por familiares dos adolescentes.
“Eles (Itamaraty) preferiram botar nota pública antes de saber o que aconteceu. Acho até que isso é uma coisa que a gente tem que tomar zelo, porque estrebuchar a polícia antes de saber o que aconteceu é muito fácil”, disse o governador na terça-feira (9).
“Espero por segmento do Itamaraty um pouco mais de saudação e consideração pela Polícia Militar. Quando os filhos deles estão cá quem vai proteger é a polícia”, declarou Cláudio Castro.
Na sexta-feira (5), o Itamaraty fez um pedido formal de desculpas aos embaixadores do Gabão e da Burkina Faso pela abordagem policial.
O caso aconteceu com um grupo com quatro adolescentes, no dia 4 de julho, que foi abordado de maneira truculenta por policiais militares. Dois desses jovens são filhos de diplomatas do Gabão e Burkina Faso, enquanto um terceiro é fruto de um diplomata da embaixada do Canadá e o quarto é neto do jornalista Ricardo Noblat.
De pacto com a família de Noblat, a abordagem focou nos três estrangeiros – todos eram negros. “O meu sobrinho, o branco, que estava com os 3 amigos negros, também foi revistado já que estava junto, mas a abordagem foi por conta dos 3 negros, as perguntas foram sobre eles. E depois ainda recomendaram não andarem mais por lá para não sofrerem novas revistas”, contou o também jornalista Guga Noblat.
Em nota, o Itamaraty confirmou que entregou o documento formal de desculpas aos embaixadores estrangeiros e disse que cobrou explicações do governo do Rio de Janeiro.
“Na reunião, foi entregue em mãos dos Embaixadores estrangeiros nota verbal com um pedido formal de desculpas pelo lado brasílico, e o pregão de que o Ministério de Relações Exteriores acionará o governo do estado do Rio de Janeiro, solicitando apuração rigorosa e responsabilização adequada dos policiais envolvidos na abordagem”, disse.
Já a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio de Janeiro avisou que está apurando o caso. “A Assessoria de Prelo da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que os policiais envolvidos na ação portavam câmeras corporais e as imagens serão analisadas para constatar se houve qualquer excesso por segmento dos agentes”, disse.
“Em todos os cursos de formação, a Secretaria de Estado de Polícia Militar insere nas grades curriculares porquê prioridade absoluta disciplinas porquê Direitos Humanos, Moral, Recta Constitucional e Leis Especiais para as praças e oficiais que integram o efetivo da Corporação”, finalizou.
O que disse Castro?
Durante um evento no CICC (Meio Integrado de Comando e Controle) sobre o 190 da Polícia Militar, Castro afirmou que é preciso “entender um pouco a complicação do trabalho policial”.
“Naquela região ali, o que os moradores mais reclamam é exatamente dos assaltos feitos por jovens. Aquele policial tá ali, porquê todos os outros que estão ali, procurando exatamente situações de jovens praticando delitos”, afirmou o governador.
“O pessoal ficou falando da questão de racismo, mas tinham jovens negros e brancos. Logo se houve qualquer erro, a corregedoria tá investigando. É muito complicado para o policial saber se é fruto de um diplomata ou se é alguém que tá cometendo um delito. Crucificar o policial é o mais fácil. Se teve erro, nós vamos emendar, mas a gente tem que entender a complicação da região”, acrescentou Castro.
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